sábado, 4 de agosto de 2012
AS PEDRAS NÃO CLAMARÃO*
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Vez por outra, querendo desafiar a igreja à evangelização e missões, alguém diz: “Se não pregarmos, as pedras clamarão”. A pessoa se vale de Lucas 19.40: “‘Eu lhes digo’, respondeu ele, ‘se eles se calarem, as pedras clamarão’”. Mas a exegese é equivocada. Jesus não disse que se não se evangelizássemos as pedras o fariam.
A multidão se empolgou com a entrada de Jesus em Jerusalém, montado num jumento, cumprindo a profecia de Zacarias 9.9. Considerando seus milagres e esta entrada apoteótica, começou a gritar: “Bendito é o rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” (v. 38). Os fariseus pediram a Jesus que calasse seus adeptos. Era um absurdo o que eles faziam! Aclamavam Jesus como o rei esperado, apregoando sua messianidade! Jesus diz que isto é tão óbvio que “se eles se calarem, as pedras clamarão” (v. 40). Era tão evidente que ele era o Esperado, o Prometido, que se “eles” (aqueles) se calassem as pedras clamariam. Evangelização e missões não estão em foco.
Se nos calarmos e não falarmos de Jesus, ninguém o fará. Pedras não pregam o evangelho. Só os salvos por Jesus podem fazê-lo. Se pedras clamassem seria mais cômodo despejar caminhões de brita nos campos missionários que enviar pessoas e sustentá-las. A omissão dos cristãos em seu testemunho não é suprida de maneira alguma. Deus escolheu a loucura da pregação (1Co 1.21), não o envio de pedras.
Missões é cumprimento da responsabilidade que o Senhor nos outorgou. O “Ide” e a “Grande Comissão” deixam claro que falar de Jesus é atribuição nossa. Por isso que evangelização e missões devem ser uma constante na vida da igreja, e não algo episódico, festas anuais. Deve ser um estilo de vida. Missões estaduais é a oportunidade de mostrar nosso amor pelo Amapá, um estado pouquíssimo evangelizado. Poucas igrejas, igrejas pequenas, gente sem visão do todo e pensando apenas em seu quintalzinho, seu nome, sua glória. Precisamos de compromisso. Comovi-me ao ver a entrada da bandeira do Amapá e a igreja cantando o hino do estado. Comove andar pelo interior e ver congregações pequenas, templos de madeira (alguns mal conservados), obreiros sérios, por vezes desassistidos. Enquanto isso, muitos se omitem de testemunhar, orar, contribuir e ir lá. Não basta orar e contribuir. É preciso ir. O Amapá é campo missionário. Macapá é campo missionário. Um crente que não comparte sua fé peca contra o reino de Deus. Pedras não pregarão.
Pedras não oram, não contribuem nem testemunham. Só nós. Se nos calarmos, as pedras não clamarão e as pessoas não ouvirão o evangelho. Deixemos as pedras de lado e testemunhemos de Jesus.
*Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 5 de agosto de 2012
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