“O Hospital é o maior campo missionário do mundo,
passa mais pessoas pelos hospitais do que pelas igrejas”.
Ele foi consagrado ao ministério da palavra em janeiro de 1976, na Segunda Igreja Batista de Macaé, onde sua família fazia parte da relação dos membros fundadores. Seu primeiro ministério foi como auxiliar na Primeira Igreja Batista de Londrina, no Paraná. Foi aqui que seu chamado e a paixão ministerial de sua vida se consolidaram ao se dedicar à capelania hospitalar. Em Londrina, foi capelão do Hospital Evangélico e no Hospital do Câncer.
Em 1978, assumiu a Capelania do SASE de Macaé, ministério compartilhado com a liderança da Igreja Batista de Rocha Leão. Em 1987, foi enviado pela Junta de Missões Mundiais para o Paraguai e foi o primeiro capelão missionário com atuação no Centro Médico Batista. Em 1991, foi a Jacksonville, Estados Unidos da América do Norte, enviado pelo hospital para fazer uma residência em Educação Clinica Pastoral no Baptist Medical Center.
Volta ao Paraguai em 1993 e atua no Hospital Bautista no Paraguai e pastor da Iglesia Bautista Emaus. Em 2001, volta a Jacksonville, para fazer uma residência como supervisor em Educação Clínica Pastoral no Baptist Medical Center. Cursa o Mestrado em Divindade e foi pastor e organizador da Primeira Igreja Batista Brasileira de Jacksonville. Em 2006, retorna ao Brasil e seu plano é retomar o ministério de Capelania no Paraguai, mas este não é prioridade da Junta de Missões Mundiais. Em 2007, a convite do Centro Médico Bautista de Assunção, assume a capelania, com a tarefa de fazer parte da organização da Universidade Centro Médico Bautista, onde atua até a presente data.
É casado com Eliana desde 1974, tem três filhos e oito netos, formando uma linda família.
Estamos falando do pastor batista brasileiro Odenir Figueiredo Júnior que acredita: “Creio que o Hospital é o maior campo missionário do mundo, passa mais pessoas pelos hospitais do que pelas igrejas”.
Como o pastor avalia a pandemia em todo o mundo?
Creio sinceramente que estamos vivendo as dores de parto, um prenúncio da vinda de Cristo, de outro lado, essa pandemia deixa bem claro que vivemos em um mundo global sem fronteiras. Essa pandemia mostrou a vulnerabilidade da humanidade, esse vírus rompeu as barreiras daquilo que chamava o primeiro mundo. Nações gastaram bilhões de dólares em segurança e armamentos, mas ficaram totalmente impotentes diante deste vírus. Creio que esta pandemia deve levar-nos a uma reflexão e avaliação de nossos valores e prioridades. A igreja está sendo desafiada a romper paradigmas ritualistas e reinventar-se dentro de um mundo virtual. Creio que Deus tem pressa que seu evangelho seja pregado mais rapidamente e globalmente. A Igreja tem de mundanizar-se, ou seja, sair das quatro paredes e ir onde as pessoas estão. A igreja não pode ficar indiferente as necessidades de sua comunidade. Necessidades sociais e espirituais.
Pela mídia se tem notícia que a situação no Paraguai é muito tranquila. Como vocês agiram?
Interessante que os primeiros pacientes infectados entraram em nosso Hospital, um paciente que veio do exterior, chegou no Paraguai e estava com sintomas de gripe e veio consultar, logo depois o médico que o atendeu e outro que usava o mesmo consultório, apresentaram os sintomas e foram internados. Foram feitos os primeiros testes do Corona Vírus e deram positivo, um médico foi para terapia intensiva e veio a falecer e o outro já está curado. Ao saber destes dois casos, o ministério de saúde de Paraguai, no dia 10 de marco, colocou toda população em quarentena total, fechando todas empresas e escolas. Somente os serviços essenciais ficaram aberto com um protocolo rígido de atendimento e uso obrigatório de mascaras para todos. Durante este processo o ministério fez um controle de todas pessoas que tiveram contatos com estes pacientes, realizando os testes em todos e deixando em quarentena controlada. Foi imediatamente fechada as fronteiras, e todos paraguaios que chegam do exterior, são obrigados a fazer uma quarentena de 14 dias em um abrigo ou lugar definido pelo governo. Os mesmos têm seus testes feitos na entrada e na saída. Caso depois de 14 dias estejam negativos, são permitidos ir para casa. Assim funciona até o momento. Todos casos de infecção estão controlados pelo ministério de Saúde. Temos 30 pessoas internadas, 2260 casos de infectados, 1102 recuperados e 19 falecidos em todo período de marco até agora.
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Capelão Odenir Figueiredo com a equipe do Hospital
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Em algum momento, o pastor temeu por algo mais grave em sua área de atuação?
Na verdade, os protocolos dentro dos hospitais são muito rígidos, os capelães em sua atuação de contenção ao paciente infectado, passam pelos mesmo protocolos dos médicos e enfermeiras. Nosso trabalho maior tem sido na contenção dos familiares, que em alguns casos estavam sendo discriminados pela comunidade. Na Universidade, tivemos que fazer uma reengenharia total em todos cursos, passando de presencial para virtual, um desafio para alunos e professores. Hoje já estamos mais estruturados, temos treinado nossos professores e de alguma forma está sendo uma oportunidade de crescimento através das ofertas de cursos de “pros grado online”.
No Paraguai, como estarão os cristãos, em termos institucionais, quando terminar a Pandemia: mais fortalecidos ou enfraquecidos?
Creio que mais fortalecidos, muitos pastores de igrejas pequenas, passaram usar as plataformas virtuais para seus cultos, conseguindo um público duas a três vezes maior que sua membresia, assim como de pessoas não crentes que estão tomando suas decisões. Agora estamos na fase de volta aos cultos, mas a verdade é que existem muitas limitações, e muitas igrejas decidiram continuar fazendo seus cultos online e na igreja PG.
Como desenvolver o ministério no Pós-Pandemia?
Creio que esta pandemia abriu a visão da igreja para usar as redes sociais como instrumentos poderosos para discipulado e evangelização. Vamos ter que mudar nossas estratégias, reinventar nossa maneira de ministrar em um mundo global. O mundo e a igreja não serão os mesmos depois desta pandemia.
Que lições pode-se aprender para a vida com a pandemia?
A maior lição é conscientizar-nos de nossa vulnerabilidade diante da vida, aprender a ressignificar estes momentos difíceis, transformando-os em oportunidades. Entender nossa completa dependência de Deus e fazer uma reflexão profunda de nossas prioridades.
Considerações finais.
Creio que este tempo é um tempo de reflexão e de rever nossas prioridades e valores. Como digo a meus pacientes terminais, o importante é viver um dia por vez. Hoje é o dia que o Senhor nos presenteou, vivamos intensamente cada oportunidade que o Senhor nos der, usando todos os dons e habilidades dadas pelo Senhor. Sobretudo viver na dependência total de sua graça.