quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Pr. Carlos Novaes: "A Reforma abriu as portas para a modernidade e deixou bem claro que uma coisa é a igreja institucional e outra é o evangelho".

DIA DA REFORMA PROSTESTANTE

De modo geral, podemos afirmar que são duas as principais contribuições da Reforma Protestante para a civilização ocidental.
Em primeiro lugar, a Reforma abriu as portas para a modernidade.
Os três princípios reformados — da autoridade das Escrituras (em contraste com o dogmatismo confessional), da salvação pela graça (em oposição ao sacramentalismo eclesiástico) e do sacerdócio universal dos crentes (contra a mediação da hierarquia clerical) — transpuseram as fronteiras da tutela da igreja e reforçaram a dimensão do relacionamento pessoal com Deus.
Além disso, o reformador Martinho Lutero defendia o livre exame das Escrituras. E quando perguntavam a ele se não era perigoso permitir que as pessoas lessem livremente as Escrituras, se o livre acesso do povo aos textos bíblicos não implicava no grave risco do surgimento de heresias e da multiplicação de interpretações errôneas, Lutero respondia: “Sim, há esse risco. Mas é melhor o risco de muitas interpretações diferentes, e de algumas até equivocadas, do que todos serem submetidos a uma única interpretação oficial.” Essa postura franqueou a trilha para todos os outros desdobramentos da modernidade, desde o Iluminismo até o conceito de liberdade religiosa.
Convém notar também que a mesma resposta de Lutero, com referência ao livre exame das Escrituras, pode ser aplicada à política e ao sistema democrático. Sempre é melhor a liberdade de pensamento, bem como o livre debate ou a livre expressão de ideias, do que submeter o povo a um estilo autoritário de governo e poder, ainda que se apresente com discursos de combate pela moralidade e defesa da religiosidade.

A segunda contribuição da Reforma foi deixar bem claro que uma coisa é a igreja institucional e outra é o evangelho. Lembremos que Jesus Cristo nunca fundou uma igreja institucional. Tanto que, pela informação dos evangelhos, Ele nem mesmo batizava seus seguidores. Os apóstolos é que batizavam. Então, Jesus Cristo nunca fundou uma igreja institucional. O que Ele fundou foi um conceito de igreja.
As igrejas institucionais que se aproximam desse conceito, e reproduzem os ensinos do evangelho, são igrejas de Jesus. As que se afastam desse conceito, e abandonam os ensinos do evangelho, não o são.
Em outras palavras, é possível encontrar dentro da igreja institucional pessoas que não tenham a menor ideia do que seja o evangelho, como acontecia na igreja medieval. Na cabeça dos reformadores se estabelecia essa nítida separação entre a fé institucionalizada e a autêntica fé na graça divina anunciada pelo evangelho.
Foi por isso que a Reforma aconteceu.

* Carlos César Peff Novaes é pastor da Igreja Batista de Barão da Taquara, no Rio de Janeiro, é Mestre em Teologia e Professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil.

Reforma Protestante

 Hoje é o dia em que a Reforma Protestante completa 501 anos. O mais lembrado do evento é a figura de Lutero afixando as noventa e cinco teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, e os cinco “solas” (palavra latina que significa somente).

Destaco hoje o “Somente a Escritura”. A Bíblia é destacada como fonte de autoridade para todos os assuntos. O mundo é lido a partir da leitura da Bíblia e não a Escritura é lida a partir do cenário apresentado pelo mundo. Nela, temos o ensino necessário para a salvação do pecado e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

O acesso à Palavra de Deus, privilégio apenas para um seleto grupo, é popularizado e todos terão oportunidade de examiná-la. Um equívoco que não se pode negar é que a liberdade de exame foi acompanhada pela liberdade de interpretação, o que não era intenção.

Passados 501 anos, ainda há cristão com a seguinte atitude em relação à Palavra do Senhor: “tô contigo e não abro”. Outros, “tô contigo, abro, mas não leio”. E ainda, “tô contigo, abro, leio, mas não pratico”.

Somente a Escritura não deve ser apenas uma declaração histórica, mas uma profissão de fé, pois a Palavra de Deus é viva e eficaz.

Minha Esperança - Final

Charles de Gaulle, o francês que, injustamente, é acusado da autoria da frase “o Brasil não é um país sério, declarou: “O fim da esperança é o começo da morte”. Ele está certo. Quando se vai a esperança se aproxima a estrada da morte.
Embora nossa esperança esteja no Senhor, sendo Ele a fonte, há estradas que pavimentamos com atitudes que nos conduzirão para nos alimentarmos dela.
A estrada do trabalho árduo. Esperar sem empreender esforço para alcançar o alvo é insanidade.
A estrada da perseverança. Esperar e desistir dos ideais e do servir ao próximo é imaturidade.
A estrada da avaliação permanente. Esperar algo absurdo, tudo bem, mas impossível, é infantilidade. Albert Einstein acreditava que “se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela”.
Um pensamento judaico intrigante: “É bom ter esperança, mas é ruim depender dela”.
Uma palavra inspirada confortante: “Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” - Lamentações 3.26.
Lute pelo Brasil. Ore pelo presidente, pelos governadores, senadores e deputados eleitos, mas assente sua esperança em Deus.


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Minha Esperança - I

Passado o frisson das eleições no Brasil, cada um dos brasileiros vai experimentar dia a dia a leitura da realidade que, espera-se, não tenha sido perdida nos ânimos acirrados e na empolgação da defesa de seu candidato. Independentemente de ter votado em “A” ou “B”, o pão para chegar à sua mesa, mercê da bondade de Deus, dependerá de trabalho e suor.

É fato que governos mais justos que combatam a corrupção pavimentarão essa realidade. Mas não se deve assentar a esperança em homens, por mais bem-intencionados que sejam.

A poesia “Minha Esperança”, interpretada em canção pelo Projeto Vida Nova de Irajá, é muito oportuna para este momento:

Minha esperança está no Senhor
Desde agora e para sempre
Minha esperança está no Senhor
Só no Senhor

Eu me entrego na presença do Senhor
O que conhece o começo e o fim
O vendaval diante d’Ele se acalmou
Ele morreu por nós
Por você e por mim

Sua misericórdia vem no amanhecer
Para encontrar aquele que se arrependeu
Traz o perdão, liberta o coração
E quem nele confiar, a paz encontrará

A minha esperança está no Senhor.

Lute pelo Brasil. Ore pelo presidente, pelos governadores, senadores e deputados eleitos, mas assente sua esperança em Deus.

domingo, 28 de outubro de 2018

Três motivações


            Votaremos hoje para presidente e, em vários estados, para governador.
            O voto do cristão tem o mesmo peso/valor do voto do não cristão. Como representante de Cristo, o cristão tem maior responsabilidade. I Coríntios 10.31, “quer comam, quer bebam, ou façam qualquer outra coisa (votar está incluído), façam tudo para a glória de Deus”.
Três motivações devem orientar a ação:

1ª - Gratidão por morar num país democrático. Agradeça a Deus o fato de poder escolher livremente os governantes de nosso país.

2ª - Confiança na vontade soberana do Senhor. Descanse no comando absoluto do Senhor. Nossa atitude de “quietude diante d’Ele é por sabermos que Ele é o Senhor” - Salmo 46.10.

3ª - Consciência livre para exercer o direito/dever. O voto da pessoa mais pobre tem o mesmo peso do voto da pessoa mais rica, o da mais culta e da menos culta. Vote livremente.

            A partir de amanhã, tudo voltará ao normal. Tensões e brigas entre familiares e amigos, espera-se, serão esquecidas. Triste saber que amizades foram arranhadas, relacionamentos rompidos e testemunhos desonrosos tornados públicos.
É hora de arrependimento e súplica ao Senhor para que o nosso país encontre os caminhos de submissão ao Senhor e de prática de justiça social.

sábado, 27 de outubro de 2018

Ponte de ferro


Ainda na pré-adolescência vendia cocadas pelas ruas empoeiradas da amada Cardoso Moreira. Segundo minha mãe, eu sugeri a atividade para ajudar no orçamento da casa, em tempos difíceis. Nas lembranças dela, disse: “Mãe, a senhora faz cocada tão gostosa, faça para eu vender para as pessoas”.

Certo dia, depois de andar aproximadamente dez quilômetros, estava do outro lado do Rio Muriaé, praticamente em frente à nossa casa. Três eram as possibilidades: fazer todo o caminho de volta, atravessar a nado ou caminhar uns quinhentos metros e atravessar uma ponte de ferro e em poucos minutos chegaria à casa. Optei por esta.

Ao chegar à ponte e dar os primeiros passos, o espaço entre os vãos me causou temor e descobri o medo de altura. Mais tarde, aprendi que é acrofobia.

Tive vontade de me arrastar, mas não tive coragem. A saída foi retornar e fazer todo o percurso de volta, que fora aumentado com a ida até à ponte.

Há poucos dias, parei o carro, atravessei de um lado para o outro e ainda fiz um filme para marcar.

Não desista de seu desafio, mesmo que o vença quarenta anos depois.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Caindo em si - X

Cair em si é reconhecer que erramos ao tomar algumas decisões.
Cair em si é arrepender-nos dos erros e fracassos sem tentativa de rodeios.
Cair em si é esperar que as consequências da desobediência se tornem realidade e não tentarmos negociar com Deus.
Cair em si é praticar quando tudo estiver bem o que decidimos quando tudo estava mal. 
Cair em si é assumir que a culpa de nosso fracasso é tão somente nossa e que em nada o outro contribuiu.
Cair em si é estar disposto a fazer o caminho de volta com outra atitude.
Cair em si é se humilhar diante daqueles que ferimos com nossa presunção e ter a humildade de encará-los com o nosso arrependimento.
Cair em si é reconhecer que precisamos de reorientação e que o outro é decisivo para esta nova fase.
Cair em si é estar preparado para receber frieza dos que não entenderam ainda o nosso arrependimento, pois a decepção que causamos foi grande.
Cair em si é se dispor a pagar o alto preço de nosso retorno às práticas antigas que revelam nosso relacionamento com o pai.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Caindo em si - IX


O irmão mais velho da parábola, o que ficou em casa, é o tipo certinho. Cumpre os deveres estabelecidos pela cultura e torna-se exemplo para os demais.

No entanto, seu verdadeiro caráter só se revela quando vê graça sendo derramada sobre os outros. Ao receber a notícia que a festa surpresa era motivada pela volta do irmão, fecha-se em si, no seu orgulho, na sua presunção, no seu egoísmo e decide não entrar para participar da comemoração.

É injusto com o pai, que vai ao seu encontro para demovê-lo da decisão, mente ao informar que nada recebera em toda a vida - a herança fora repartida com ele também, e vomita sua hipócrita santidade, afirmando nunca ter transgredido um mandamento do pai.

O pai, o mesmo pai amoroso com o filho que saiu de casa e voltou, expressa também seu amor a ele: “Tu sempre estás comigo e tudo o que é meu, é teu”.

Como foi o final do irmão mais velho? Ninguém sabe. A parábola é encerrada com ele do lado de fora da festa. Quem não se dispõe a cair em si, além de ficar fora da festa, tem um final que só Deus sabe.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Caindo em si - VIII


Ao cair em si e voltar para casa, o filho arrependido conhece verdadeiramente o caráter do pai. Sua decisão era para se tornar um trabalhador comum da casa. O pai o coroa com as prerrogativas de filho: o protege com vestido novo, o eleva com sandálias nos pés e o dignifica com anel no dedo.

Vestido novo é símbolo da proteção e da aparência, distinguindo-o dos pobres e escravos que usavam roupa velha.

Sandálias nos pés simboliza sua filiação, os escravos andavam descalço, ele era filho. O anel no dedo é símbolo de autoridade, os monarcas usavam anel para oficializar documentos.

O caráter do Pai não muda por causa da desobediência do filho. A teologia que apresenta o Pai como um ser vingador não me é muito bem-vinda. Ele tem sempre as mãos estendidas. Ao sofrer e morrer na cruz, seus braços estavam abertos, simbolizando que deseja abraçar a todos.

O filho é surpreendido com a misericórdia e graça do pai. Ele não merecia, mas o pai oferece gratuitamente.

Ao cair em si, arrependendo-se do erro, reorientando-se com o pai e pagando o preço, o filho experimentou o amor do pai que nunca percebera.

Caindo em si - VIII



Ao cair em si e voltar para casa, o filho arrependido conhece verdadeiramente o caráter do pai. Sua decisão era para se tornar um trabalhador comum da casa. O pai o coroa com as prerrogativas de filho: o protege com vestido novo, o eleva com sandálias nos pés e o dignifica com anel no dedo.

Vestido novo é símbolo da proteção e da aparência, distinguindo-o dos pobres e escravos que usavam roupa velha.

Sandálias nos pés simboliza sua filiação, os escravos andavam descalço, ele era filho. O anel no dedo é símbolo de autoridade, os monarcas usavam anel para oficializar documentos.

O caráter do Pai não muda por causa da desobediência do filho. A teologia que apresenta o Pai como um ser vingador não me é muito bem-vinda. Ele tem sempre as mãos estendidas. Ao sofrer e morrer na cruz, seus braços estavam abertos, simbolizando que deseja abraçar a todos.

O filho é surpreendido com a misericórdia e graça do pai. Ele não merecia, mas o pai oferece gratuitamente.

Ao cair em si, arrependendo-se do erro, reorientando-se com o pai e pagando o preço, o filho experimentou o amor do pai que nunca percebera.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Caindo em si - VII

Durante muito tempo li a parábola com a informação de dois filhos presentes, o mais novo e o mais velho, o que saiu e o que ficou em casa. Recentemente, um pregador ensinou que são três filhos: o mais novo, o mais velho e o que conta a história, o Filho de Deus.

A partir de então, desenvolvi a ideia que são quatro filhos: o mais novo, o mais velho, o Filho de Deus e eu. Também estou na parábola. Você também está. E temos um pouco do filho mais novo e u, pouco do filho mais velho. Só que surgiu outro filho. Numa célula nos lares, foi lembrado que o filho mais novo ao voltar para casa não era o mesmo filho, era uma nova criatura. Faz sentido. Assim temos: o filho mais novo quando sai de casa, o filho mais velho, o Filho que conta a história, eu e o filho mais novo quando volta para casa.

Pouco ou nenhum valor tem se as experiências dolorosas da desobediência não produzirem em nós uma pessoa melhor. Não é a dor que muda a pessoa, mas sua atitude diante da dor. Precisamos voltar diferentes, uma nova pessoa.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Caindo em si - VI


Assumir a rejeição do mecanismo chamado projeção e experimentar nova orientação para a vida podem parecer romântico demais para quem se afundou no lamaçal da desobediência. Então, eis a terceira sinalização: “Pagar o preço”. E preço alto.

O preço pago para o retorno à casa do pai foi muito grande. Imagine-o tendo que voltar e, diante do pai, assumir: “Pai, eu pequei contra ti”. Como encarar o irmão mais velho que continuava firme no seu lugar de filho? E os amigos que o viram sair pomposo, rico, e, agora, volta humilhado e pobre, sujo e rasgado? E ele se dispõe a isso. Entre o desejo apresentado longe de casa e a chegada ao lar nada mudou, ele, literalmente, verbaliza para o pai o conteúdo imaginado.

Alguns experimentam a dor da desobediência, até rejeitam a projeção e experimentam reorientação para a vida, mas não assumem pagar o preço. O arrependimento não anula as consequências da desobediência. É possível que elas permaneçam por muito tempo, ainda que perdoado pelo pai. 

Cair em si é estar disposto a pagar o preço da volta, do arrependimento.

Caindo em si - V


A primeira sinalização de seu arrependimento verdadeiro foi rejeitar o mecanismo de defesa chamado projeção. A segunda é uma nítida reorientação para a vida.

No meio da crise, arrependido, ele diz: “Vou me levantar e irei ter com meu Pai”. Aqui, não é o Pai que está em destaque, mas o filho que se lembra do Pai como referência de vida. Sua desobediência o levou a ficar desnorteado, quer dizer, sem norte. Agora, ele tem norte. O norte é a casa do Pai.

Meu amigo e ovelha Olímpio, comandante de aeronave, me disse que, ao estar no espaço com falha nos instrumentos de vôo, a saída é ver os pontos devidamente orientados para um pouso, quase sempre exigindo que se eleve mais para ter melhor visão.

O caminho da desobediência, a estrada do afastamento do Pai traz como consequência a desorientação. A experiência sincera de cair em si abre uma via expressa de reorientação. E esta está no Pai. “Vou me levantar e irei ter com meu Pai” foi a decisão do jovem.

Caso a desorientação insista em bater à porta de sua vida, caia em si e volte-se para o Pai.

Caindo em si - IV


O cair em si é muito mais do que uma decepção com a situação enfrentada. É uma atitude de arrependimento verdadeiro. Quando o cair em si é apenas uma tristeza superficial pelas motivações do sofrimento dura pouco. Decisão tomada no meio do temporal tende a ser esquecida hora da bonança.

Com este jovem não foi assim. E três sinalizações confirmam isso. A primeira é sua rejeição ao mecanismo de defesa chamado projeção. Os estudos sobre mecanismos remontam ao final do século XIX e início do século XX, mas sua companhia com o ser humano é desde o Éden.

O jovem rejeita e assume: “Pai, eu pequei contra o céu e perante ti e eu não sou digno de ser chamado teu filho”.

Sua atitude não sugere lançar a culpa sobre os outros. Ele poderia argumentar com o pai: eu saí de casa porque o Senhor sempre deu mais atenção ao meu irmão, fui influenciado por um professor na escola, fui enganado pelos meus amigos e perdi tudo e coisas desse tipo. Não, nada disso. Ele assume: eu pequei.

Cair em si é trilhar a estrada da culpa assumida, sem lançá-la sobre os outros.

Caindo em si - III


Na casa do pai há proteção. Mas não é na casa de qualquer pai, é na casa de meu Pai.

Aquele moço, com motivações erradas, desejou abandonar a companhia do pai. E seu desejo foi concretizado com a decisão de sair de casa. Mas ele não conseguiu desfazer os laços da paternidade. Nenhuma decisão, nenhuma rebeldia, nenhuma desobediência, nenhuma atitude é capaz de anular a paternidade.

Ao ser lançado nas profundezas do sofrimento, o filho se lembra da casa de seu pai. Ele tem referência.

Aquele pai estava em sua casa esperando. Aguardava ansiosamente pela volta do filho. Um pormenor na Parábola é muito sugestivo: seu pai o viu de longe. Não foi o filho que viu o pai de longe, mas este viu àquele. Isso tem um nome: AMOR.

De Bertrand Russell, temos: “Os nossos pais nos amam porque somos seus filhos, é um fato inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar”.

O nosso Pai - Deus - nos ama porque ele é AMOR.

Caindo em si - II


No meio daquele turbilhão de problemas, aquele temporal violento, furacão destruidor, tsunami devastador, o jovem toma uma decisão: “Vou me levantar e irei para a casa de meu pai”.

Uma luta, um problema, uma aflição tende a prostrar a pessoa. Ainda que ela tenha recursos financeiros em reserva, seu organismo apresente todas as taxas boas e sua casa esteja em ordem, lá dentro, bem no íntimo, no mais recôndito do ser, há um vazio, uma angústia, uma dor que só a pessoa experimenta. Mesmo silenciosa, sua alma grita, seu coração sangra e pensamentos passeiam e se cruzam em sua mente na velocidade da luz. Sua primeira defesa é se prostrar, se contorcer, procurar uma posição em que a dor seja menor.

Ficar prostrado não resolve o problema. Mas como levantar, se não se tem forças? É verdade, é muito difícil. Mas não impossível!

Em nosso Pequeno Grupo, o irmão Edilson indagou: “Pode-se dizer que este cair em si dele era provocado pelo Espírito Santo atuando sem sua vida?”. Respondi que sim.

Tá aí a saída. Sozinho, você não consegue. Peça poder ao Espírito Santo e levante-se para ir ter com o Pai.

Caindo em si - I


Depois de ferir o pai com o pedido antecipado da herança, sair pelo mundo e, desordenadamente, gastar todos os recursos, o filho mais novo da parábola, tradicionalmente, chamada de Filho Pródigo, experimenta necessidades e o sofrimento invade sua vida sem pedir licença.

Além de não ter recursos para as despesas pessoais, sem companhia de amigos, humilhado no serviço de cuidar de porcos que, para o judeu, era uma ofensa, a ausência da casa paterna, com seu aconchego e proteção, toma conta de suas lembranças e ele experimenta arrependimento. É marcante o registro de Lucas 15.17: “Então, caindo em si...”. No texto da Bíblia A Mensagem registra desta forma: “Isso o fez cair na realidade”.

As aflições trazem em si um resultado pedagógico: a pessoa experimenta claramente a sua realidade. Realidade da limitação, da insignificância, da impotência. Vida tranquila tende a projetar a pessoa, tornando-a presunçosa, enquanto problemas oportunizam cair em si.

Por que esperar uma luta para experimentar a verdadeira realidade?  Você precisa agora “cair em si?”.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Um pós 1º turno negativo


Passado o primeiro turno das eleições, os evangélicos saem com mais perda do que ganho. É possível que sinalizarão a votação expressiva de vários evangélicos e, quem sabe, até do aumento da famosa e achincalhada “bancada evangélica” na Câmara e no Senado. Mas não falo nessa perspectiva.

Falo da proliferação e compartilhamento em massa de fake news de todos os lados. É triste receber mensagens falsas de cristãos com grande experiência cristã. Fake News é um nome pomposo, politicamente correto, para mentira. E mentira é do diabo.

Falo de exageros para defender o candidato de sua preferência. Ver cristãos com o polegar e o indicador apontados para frente, sinalizando o desejo de matar, ainda que de brincadeira, nesse contexto, é deplorável. Foi divulgado que em determinado culto dezenas de fiéis posaram para uma foto com tal postura.

Falo de cristãos que assumiram o dom da profecia como no Velho Testamento e anunciaram com entusiasmo o candidato e partido de Deus, como se Deus tivesse candidato e partido preferidos, num discurso que ouço desde minha juventude.

Falo de cristãos que ofenderam sem piedade pessoas, proclamaram a mensagem da honestidade contra políticos corruptos em nível nacional, mas sempre andaram de mãos dadas com os corruptos de sua cidade e, alguns, se beneficiando disso.

Que teria a dizer os não cristãos que presenciaram isso tudo? Que avaliação faria Deus de seus filhos amados?

“Quer comam, quer bebam, ou façam qualquer outra coisa - inclui eleições no Brasil - façam tudo para a glória de Deus” - I Coríntios 10.31.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Vencendo as batalhas da vida - I



“No mundo, terão aflições, mas tenham bom ânimo, eu venci o mundo” - parte final de João 16.33.

Estas são palavras de Jesus que fazem parte de seus últimos momentos com os discípulos. Didaticamente falando, estava encerrando seu último sermão a eles e o conteúdo, em síntese, é: vocês não ficarão sozinhos, enviarei o Espírito Santo, que estará em vocês para sempre.

A parte inicial do verso registra assim: “Tenho lhes dito estas coisas para que em mim tenham paz”.

É possível ter paz em Jesus no meio da tempestade. É possível ter equilíbrio em Jesus ao enfrentar uma turbulência. É possível ter direção em Jesus na experiência de um mundo desgovernado. É possível descansar em Jesus num mundo agitado e impiedoso. É possível ter segurança em Jesus no epicentro do terremoto da insegurança.

Em todas as quartas-feiras de outubro, acontecerá em nossa Igreja, às 19h 29min, a série Vencendo as batalhas da Vida. O endereço é: Rua Omar Fontoura, 117 - Braga - em frente ao Centro de Marcação de Consultas. O primeiro foco será “Vencendo a batalha da Ansiedade”, com a Psicóloga Raquel Lima.