Pr. Roberto Carvalho
Quando um pai, arrependido por atitudes equivocadas, reconhece a incapacidade de se relacionar com seu filho; quando o rompimento dessa relação se dá pela ausência do respeito mútuo e do diálogo; quando o sublime amor do pai não tem mais a correspondência pela admiração e reconhecimento de seu filho; quando toda uma criação parece ter sido em vão, resta a esse pai submeter-se ao agir de Deus para o resgate de seu filho, na dependência da encorajadora e infalível promessa que vale para todas e quaisquer situações registrada em Jeremias 33.3: "Clamaa mim e responder-te-ei, anunciar-te-ei coisas grandes e firmesque não sabes".
Essa história real, contada a seguir, lamentavelmente, se repete em muitas famílias (só muda de endereço). Filhos que provocam nos pais a dor e as lágrimas que parecem não ter fim. O problema se torna tão grande a ponto de minar a essência do amor e a relação, outrora tão agradável, se torna imperfeita. Quantos sonhos destruídos! Quanta gente sem esperança! Quantos há que vêem desabar seus castelos de ilusões por terem se equivocado na educado seus filhos, enquanto acreditavam estar acertando.
Há poucos dias, em frente à sede da igreja onde tenho a honra de servir a Deus, Antonio (nome fictício) estacionou seu automóvel e me chamou: pastor!
Respondi com um jovial: tudo bem? Não, disse-me ele, não está nada bem! Convidei para ir à sala pastoral onde pude ouvir sua história, aconselhá-lo e orar com ele.
Antonio, tomado por indescritível tristeza, disse que seu filho Antonio Junior (nome fictício), com 19 anos de idade, “saiu de casa no dia anterior”, após discutirem. Contou-me que era separado da esposa há uns 10 anos e que ficara com a guarda do filho. Pai e filho vieram de longe para Cabo Frio, onde, há uns 05 anos, Antonio começara um novo relacionamento conjugal.
Antonio não entendia o que havia acontecido, mas, enquanto conversávamos, foi “tirando suas conclusões”. Na tentativa de suprir a ausência materna, compensou Antonio Junior com excessiva liberdade. Já aos 13 anos, este fazia o que queria quanto à escolha dos amigos e dos locais que freqüentava, além de desfrutar de total autonomia quanto aos horários para sair e chegar.
Antonio chorava copiosamente quando concluiu: Pastor, eu errei. Dei excessiva liberdade para meu filho. Ele se envolveu com drogas (já até fez uma composição no Juizado Especial Criminal “pagando” serviço comunitário) e não quer mais estudar. "Montei um negócio" para ele, mas ele se desinteressou. Decepcionado com a “falta de responsabilidade e de respeito ” dele para comigo, nada fiz para impedir sua saída de casa. Pior, ainda, pastor, foi eu ter dito que ele deveria ir embora mesmo. Não sei o que fazer!
Orei com Antonio (por ele e por seu filho) e aconselhei: Antonio, peça a Deus sabedoria para fazer de modo certo e força para caminhar por essa nova estrada. Entregue sua vida a Deus para que a paz de Cristo esteja em seu coração. Hoje, ainda, vai buscar o seu moço, chore com ele e lhe diga que você o ama e que errou tentando acertar. Diga que você quer caminhar com ele e que ele pode contar com sua ajuda. Conquiste a amizade e a confiança de seu filho. Não permita que o “mundo” o aprisione ainda mais. Insista com seu moço e dele não desista para que ele não desista de você e de si mesmo. Você é o instrumento que Deus tem por excelência para resgatar o seu filho. Confie em Deus e não perca tempo.
Minhas últimas palavras para o Antonio naquele dia foram: Pai,
vai buscar o seu moço!
Pai, por onde ( e com quem anda) anda o seu filho?
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