O conceituado jornalista Stênio Andrade enviou um texto com o título “Lista de Natal” do Frei Beto. Belo por sinal.
No texto, dentre outras riquezas, se lê: “Neste Natal, não quero o Papai Noel das promoções comerciais, das ceias pantagruélicas, dos presentes caros embrulhados em afetos raros... o Papai Noel das lojas enfeitadas, do celofane brilhante das cestas de produtos importados, das garrafas em que os néscios afogam tristezas rotuladas de alegrias... dispenso abraços protocolares e sorrisos sob medida, sentimentos retóricos e emoções que encobrem a aridez do coração... Não quero presentes dos ausentes, a litúrgica reverência às mercadorias, a romaria pagã aos templos consumistas dos shopping-centers, as amarguras familiares que se guardam como poeira nas dobras da alma, as invejas que me alienam de mim mesmo, as ambições que me tornam tristes como as galinhas, que têm asas e não voam, essa pavorosa troca de produtos entre mãos que não se abrem em solidariedade, compaixão e carinho despudorado”.
Diz ainda o escritor: “Quero o Menino Jesus nascido no coração da manjedoura, esperança acesa num pasto de Belém, o amor sem dor, a oração só louvor, a fé comungada no sabor de justiça, o pão na boca da criança faminta, a paz que se alarga dos espíritos atribulados aos campos de batalha, o gozo de contemplar o Invisível, o Menino solto no mais íntimo de mim mesmo, semeando ternura em todos os canteiros em que as pedras sufocam as flores. Farei de minhas gravatas uma imensa corda para enforcar o cinismo das convenções sociais e descerei um por um os degraus dos podres poderes, até ingressar nos subterrâneos repletos de luz dos servos da esperança. Não sonegarei sentimentos e encantos. E eu estarei com os olhos fixos no Menino para que seu verbo se faça carne em meu coração de pedra, cuidando para que ele cresça despregado da cruz, exaltado pela vitória inelutável da Ressurreição!”.
Refletindo no texto, o Natal que devemos querer é o que apresenta o Jesus que veio, o Jesus que está e o Jesus que voltará. É um Natal completo. Ele veio (como menino, era uma esperança); Ele está (como amigo, é um companheiro); Ele voltará (como senhor, julgará os povos com eqüidade).
Natal não é apenas comemoração. É sacrifício, entrega, compromisso! Não existe Natal se não houver sacrifício, entrega e compromisso! Sacrifício e entrega d’Ele na cruz para nos salvar. Compromisso nosso em “renunciar-nos a nós mesmos, tomarmos cada dia a nossa cruz e segui-lo”.
Que Natal você quer?
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