quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um ex-paquito me deixou envergonhado*


Pr. Neemias Lima
Domingo passado, no culto noturno, pedi oração pelo missionário brasileiro Alexandre Canhoni, que teve sua casa totalmente destruída no Níger. Mas não sabia que se tratava do ex-paquito da Xuxa chamado Xand. Na terça-feira, dia 20, uma matéria na RECORD sobre a destruição de sua casa e ele participou ao vivo. Vi a matéria. Fiquei envergonhado.
Na década de 90, Xand era um dos famosos paquitos e o glamour da televisão não lhe trouxe paz. Em entrevista anterior afirmou: "Era muita competitividade. Muita inimizade. Não me dava bem com ninguém. Um queria ser melhor do que o outro. Se disser que era uma família, tudo uma maravilha, estaria mentindo. Até peço perdão aos fãs porque só queria dinheiro e fama. Tinha 17 anos, sem conhecimento nenhum da vida, filhinho de papai deslumbrado com a fama, com mulher, com carro do ano. Tinha de tudo [em relação a bens materiais], me envolvia com mulheres, usei drogas, experimentei de tudo. Era uma loucura".
Na matéria, Xand destaca: “Assim que me converti, senti grande necessidade de ajudar as pessoas. Pensei em ir a um lugar que ninguém gostaria de ir. Descobri o Níger, não é a Nigéria. É o país mais pobre do mundo, o último em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Viemos pra cá e começamos a ajudar essas pessoas”.
Em matéria do jornal O Globo, lê-se: “Mais conhecido no passado como paquito Xand do ‘Xou da Xuxa’, Alexandre desenvolve trabalhos humanitários com crianças na organização evangélica Guerreiros de Deus, com a mulher e quatro brasileiros. Um dos projetos da organização, que oferece refeições a crianças da capital Niamey, tem base no quintal da casa. Por isso, a destruição afetou, também, o seu trabalho. O casal oferece, diariamente, 250 pratos de comida para as crianças atendidas. Em todo o Níger são 1.200 refeições. O trabalho é voluntário e conta com a ajuda de cerca de 90 pessoas”.
Destaca O Globo: “Xand se preparava para o almoço, por volta de 13h do último sábado, quando ouviu gritos e, do segundo andar, viu fumaça saindo de outras casas e templos queimados, além de manifestantes com pedaços de pau se aproximando... ouviu gritarem ‘casa do Alex’ e se dirigiam a ela. Ele diz que é conhecido em Niamey por seu trabalho humanitário”.
Afirmou Xand: “Estamos aqui há muitos anos. Todo mundo me conhece, sabe que somos cristãos. Aqui eles me conhecem não por ser ex-paquito da Xuxa, pelos filmes, de cantar e dançar. Aqui eles nos conhecem como um casal de brancos que chegou em 2001 e começou a ajudar as pessoas”.
Xand e esposa conseguiram fugir antes que os manifestantes atingissem sua casa e, ao voltarem, viram o estrago: “Foi afetado tudo. Desde panela e prato, levaram tudo. Saquearam, quebraram, queimaram, roubaram. Foi bem difícil para a gente voltar e dar uma olhada. Foi bem triste, a casa está sem luz e sem água e as janelas e o portão estão quebrados, graças a Deus ninguém ficou ferido”. O momento é de emergência, pois terão que começar do zero.
Na TV RECORD, chorando, disse: “Não sairemos daqui, conversamos eu e minha esposa, só sairemos se Deus nos der uma ordem muita clara ou o governo nos expulsar dizendo que só ficarão os muçulmanos”.
Sinceramente, fiquei envergonhado com minha participação em missões. E, sem presunção, tentamos fazer alguma coisa. Mas vi que, diante de uma decisão como a de Xand, tenho feito muito pouco. Ainda este mês, nossa Igreja começará a ajudar o projeto.
Não esperava, mas um ex-paquito me deixou envergonhado.

*Pastoral do boletim dominical da Igreja Batista do Braga de 25 de janeiro de 2015.

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