Em 2003, escrevi o texto “Noemy Ferreira Lima, 75 anos, Doutora em Educação”. Em homenagem à sua memória, hoje completaria 87 anos, republico:
Em 1942, com 14 anos, recebeu seu primeiro diploma. De lá pra cá, nunca mais deixou de lecionar. Os alunos que passaram e passam pelas suas mãos não deixam de exaltar sua capacidade de harmonizar teoria e prática. Seu primeiro canudo marcou-lhe a vida e marcará a eternidade. Em 1947, com 19 anos, cola mais um grau na sua extraordinária escalada e, ininterruptamente, até 1969 alcança mais 12 títulos importantes. 1985 é o ano de mais uma colação de grau.
Para alcançar todos esses títulos, muitas vezes teve que suportar uma quiçamba de milho nas costas, uma enxada afiada nas mãos, uma foice pendurada na roupa, um varal branquinho estendido e instrumentos que a vida camponesa muito bem conhece. Mesmo assim, não se entregou. Os desafios eram sempre encarados com a mesma tenacidade e coragem.
Muitas experiências de sua vida de educadora poderiam ser alistadas, mas o espaço não possibilita tal empreitada. Arrisco contar uma delas. E foi comigo (falar de acontecido com os outros pode cheirar fofoca e não quero isso, pelo menos registrado!). Dela não me esqueço até hoje. Era adolescente e estudava no Colégio Comercial Cardosense, escola dirigida pelo idealista e saudoso Pr. Henrique de Queiroz Vieira. Nunca fui muito peralta e nem desobediente. Mas armei uma que ninguém esperava, inclusive a douta educadora. Dei-me bem, até que fui denunciado pela secretária da escola, que era membro da mesma igreja e colegas na classe de EBD. Era um domingo e, após o culto da manhã, fui confrontado com uma sábia pedagogia. Ela bem que podia me dar uns catiripapos, mas o que ouvi ecoa mais forte do que qualquer chibatada. O “nunca esperava isso de você e você me deu o pior presente” foi uma espada afiada de dois gumes que penetrou até o mais recôndito de meu ser. Mas valeu a lição.
Noemy é minha mãe. E, também, de Nelma, Neucy, Neuza, Nélia, Nilcéia, Alair e Nilma. Outros quatro não estão entre nós. É muito agradável falar dela. Quem a conhece sabe que não estou exagerando, talvez sendo incapaz de reproduzir tudo que ela foi, e que é, e que será. Falar dela é agradável porque agradável é até no nome, seu significado.
Antes de arrematar, não posso me esquecer de algumas preciosas informações. 1942 é o ano de sua conversão, seu primeiro título. 1947, seu casamento com Alício dos Santos Lima (saudades), seu segundo título. Os doze títulos até 1969 são os doze filhos. 1985 é o ano de sua consagração ao Ministério Diaconal. Suas salas de aula eram a cozinha de humildes casas e as classes de EBD. Ali, ministrou as maiores lições de sua vida, tanto que todos os filhos são crentes, dois deles pastores e as outras, exceto uma, com liderança nas igrejas locais. Nem a quarta-série primária tem, mas muito doutor e doutora precisam aprender com ela.
Mamãe, desculpe-me fazer assim! Não é seu feitio. Mas, como diz a poetisa, “quero dar-lhe uma rosa enquanto pode desfrutar de seu perfume".
...Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto...lemos na Bíblia.
ResponderExcluirPara ter deixado filhos tão íntegros,zelosos,comprometidos com o próximo e com a Obra de Deus, só pode ter sido um exemplo de CARÁTER.Parabéns à família!