sábado, 24 de maio de 2014

Lição 8 - Ansiedade (Parte 01)

Texto Bíblico: Salmo 71.1

O termo ansiedade se tornou comum, todas as pessoas certamente já ouviram falar nele. Mas o que isso significa de fato? Quando um termo cai no lugar comum de uso ele pode deixar de significar o que é realmente. Dessa maneira, nesta lição, quando nos referirmos à ansiedade estamos falando de algo muito importante, perigoso e que afeta todas as pessoas.
Vale ressaltar que a palavra ansiedade que aparece na Bíblia, tanto nos evangelhos como nas cartas dos apóstolos, se refere a um tipo de inquietação (preocupação) capaz de ser controlada por nós. Por isso Jesus orienta: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?” (Mt 6.25). Note que o Senhor está falando de algo que está ao nosso alcance decidir.
O apóstolo Paulo também fala nestes termos: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças” (Fp 4.6). Também aqui se trata de um tipo de ansiedade que está dentro de nosso controle. Nesses casos a decisão é: vou ou não andar ansioso?
Ainda temos o exemplo de Pedro, que fala de uma ansiedade que podemos administrar: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).
Dessa maneira, temos um tipo de ansiedade explicitada na Bíblia que depende de nós tê-la ou não: “não andeis cuidadosos”, “não estejais inquietos” e “lançando sobre ele”, são ações de quem pode decidir e fazer o que deseja.
Porém, o objeto deste estudo é a ansiedade num sentido mais amplo, a ansiedade involuntária e incontrolável: a doença.
De forma bem resumida podemos dizer que ansiedade é uma ânsia ou nervosismo que antecede momentos de perigo real ou imaginário, caracterizada por sintomas físicos desagradáveis, tais como: sensação de vazio, aceleração dos batimentos cardíacos, medo intenso, transpiração excessiva, e outros indícios.
Nem sempre todos estes sintomas ocorrem juntos em uma pessoa que passa por um momento de ansiedade, mas um ou outro sempre está presente. É muito comum pessoas ansiosas desenvolverem tiques nervosos como roer unha, ficar pigarreando a todo tempo, gaguejar, mexer no cabelo repetidas vezes sem perceber que está fazendo isso, piscar os olhos mais do que deve, balançar as pernas quando estiver sentada; a pessoa fica impaciente com horários, não consegue esperar, fica agitada andando de um lado para o outro, não consegue ficar parada, irrita-se com barulhos, com choro de crianças, com conversas de outras pessoas, etc.

Família em risco
“Estava, porém, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo. Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas” (Jo 11.1-3)
A história de Lázaro começa mostrando uma inquietação na família, quando suas irmãs enviam um mensageiro até Jesus para pedir ajuda por Lázaro. Veja que a doença de um membro da família mobilizou suas irmãs e até um provável amigo, que funcionou como mensageiro.
Este episódio serve para ilustrar o fato de que, quando alguém na família está doente, a família é mobilizada, muda sua rotina e sofre as interferências da enfermidade do seu membro. A mesma coisa acontece quando a doença é de fundo emocional, como a ansiedade, por exemplo.
Por se tratar de uma situação em que a pessoa perde, ainda que parcialmente, a capacidade de raciocinar com concentração e lucidez, a família termina por conviver com alguém agitado, ou triste, ou irritado, ou nervoso, ou tudo isso ao mesmo tempo. Às vezes, os sintomas físicos da ansiedade levam a família a procurar socorro médico, achando se tratar de uma crise mais perigosa. Há casos em que os sintomas físicos causados pela ansiedade se assemelham a um enfarte. A presença da ansiedade no seio da família interfere de forma bastante significativa na qualidade do convívio de seus membros.
Para que o convívio em família seja agradável e harmonioso é necessário que todos os familiares estejam em perfeito equilíbrio emocional. Quando uma crise de ansiedade alcança um membro da família, todos percebem e vivenciam o desequilíbrio no lar.
Geralmente a pessoa ansiosa não quer ouvir conselhos, principalmente dos que estão dentro da mesma casa, mas a insistência em aconselhar é natural e isso provoca discussões, agressões verbais (em alguns casos até físicas); bem como a preocupação dos demais membros da família com aquele que está ansioso, que faz recorrer a tentativas de compensar de outras maneiras a pessoa que sofre de ansiedade, como, por exemplo: passeios, presentes, dinheiro, fazer a vontade da pessoa, e até a defendê-la dos demais membros da família, mesmo quando ela estiver sem razão.
Por mais que todos se esforcem para amenizar os problemas causados pela ansiedade, com o passar do tempo um estado de tristeza pode vir sobre toda a família e um desânimo coletivo no lar, pois quando um está enfermo na família todos sofrem.
Dá para perceber que a ansiedade causa um grande estrago no convívio da família, além de, em casos mais extremos da doença, gastos com médicos e medicamentos.

Descobrindo as razões...
“Em ti, Senhor, confio; nunca seja eu confundido" (Sl 71.1).
As grandes complicações que os transtornos emocionais causam são por falta de esclarecimento.
O salmista faz uma oração e pede para nunca ficar confuso, sem esclarecimento. Para lidar com a ansiedade precisamos de esclarecimentos. Então vamos considerar uma pequena informação sobre causas da ansiedade:
A mente humana é extremamente complexa. Não é possível saber as causas de todas as alterações emocionais, pois muitas delas foram sementes plantadas em acontecimentos num passado, às vezes distante, como na infância, por exemplo. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jr 17.9). Sabemos que nos tempos bíblicos o coração era visto como o centro de todas as emoções, o lugar de comando. Hoje sabemos que isto é feito pelo cérebro. Assim, quando a Bíblia diz que o coração é enganoso, ela está se referindo ao centro de processamento dos pensamentos e sentimentos humanos e dizendo que somos facilmente enganados por nós mesmos, ou seja, se apenas considerarmos o que achamos de uma ou outra situação, então corremos o risco de ficar enganados.
Diante dessas verdades, precisamos analisar nosso comportamento e o que acontece em nosso lar para então termos um discernimento verdadeiro, e não ficarmos confiando apenas no que achamos, pois como já vimos “Enganoso é o coração...”.

Conclusão
O tratamento da ansiedade começa com a consciência de que ela existe, de que não é culpa de quem a sente, e que tem cura. Adquirir esta consciência já provoca uma mudança no comportamento da família, que melhora o convívio no lar.
A primeira coisa a fazer é saber que a ansiedade é um transtorno emocional, pode ser leve ou profunda, pode ser aguda (passageira) ou crônica (que perdura muito tempo), mas é uma enfermidade. A pessoa ansiosa não deve levar broncas, mas sim ser acolhida.
É preciso também entender que a ansiedade não é uma escolha voluntária, ou seja, a pessoa ansiosa está enferma, portanto, precisa de tratamento. Ficar culpando uma pessoa porque ela sofre de ansiedade só piora as coisas.
É necessário ainda que os demais membros da família fiquem tranquilos porque a ansiedade tem tratamento e cura. Se não tratar pode ter terríveis complicações. Há pessoas que morrem por causa de complicações da ansiedade não tratada.
No âmbito familiar a ansiedade de uma pessoa pode ter resultados bem satisfatórios de cura quando há manifestação de carinho, gentileza no convívio, diálogos respeitosos e não de cobranças, atenção, companheirismo, respeito à individualidade e liberdade do outro, etc.

Para Pensar e Agir:
1. Como a ansiedade interfere no bom convívio da família?
2.     Como reconhecer as causas da ansiedade?

*A Revista Palavra e Vida é da Convenção Batista Fluminense.

** O autor das lições deste trimestre é Pr. Nataniel Sabino. Formado em Teologia e 
Psicanálise Clínica e pastoreia a PIB da Fundação.

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