domingo, 5 de dezembro de 2010

Chega de gritaria


Nunca me esquecerei de uma visita ao mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro.
Garoto, eu fazia uma pesquisa sobre a teologia do silêncio e buscava um livro do mistico espanho Juan de La Cruz (1542--1591). A biblioteca tinha toda a sua obra. Como não havia fichário, os livros eram retirados das estantes e me eram entregues por um monge, que tinha o fichário na cabeça.
Marcante, no entanto, foi o diálogo inicial.
Perguntado à entrada porque fora ao mosteiro, respondi que estava fazendo uma pesquisa sobre o silêncio. O abade que me recebeu disparou-me, então, a segunte pergunta:
-- E por que fala tão alto?
Gaguejei.
A pergunta ainda ecoa dentro de mim e me leva a indagar.
Se o Evangelho é graça, por que temos que gritá-lo?
Não consigo imaginar Jesus bradando, para dizer:
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mateus 11.28-30)
A graça não precisa ser berrada.

Desejo-lhe um BOM DIA.
Israel Belo de Azevedo

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