sábado, 19 de maio de 2012

Assembleia dos Batistas - Mensagem Oficial


Antes de entrar no tema proposto, preciso situar o tempo no qual vivemos, chamado de pós-modernidade. Este é identificado pelo abandono da própria cultura. O que vale é o aqui e agora. Podemos alistar algumas características deste movimento. Encontramos marcas ou falhas de caráter que muitos indivíduos que trazem consigo, para os meios de convívio sociais e como elas nos afetam, em nosso testemunho acerca de Jesus Cristo.
Quer seja a fé, quer seja o crer na educação, quer seja o aceitar a cultura até então afirmada, há uma descrença em tudo que se afirmou até então. Há desinteresse pela herança passada. Tudo é visto como não funcional, como não resultável, não produtor de bons resultados. Não há um conjunto de valores que se mantêm, o que se faz é desmantelar as regras e as estruturas.
Normalmente as novidades são contra o estabelecido. A mídia cria mitos, cria conceitos, projeta sempre o que é contra o estabelecido. Enquanto tudo é permitido e permissível, os “evangélicos” são ridicularizados.
As instituições sociais falharam em seu propósito de prover um mundo melhor. Os governos, a família, a escola, todos eles falharam. Também não se crê nas igrejas porque os escândalos são muitos. A igreja dos anos noventas não produziu homens e mulheres santos, mas pessoas preocupadas com dinheiro. O vulto mais importante que a igreja “evangélica” dos anos sessenta legou à humanidade foi o pastor batista Martin Luther King Jr, Prêmio Nobel da Paz. A igreja “evangélica” dos anos oitentas apresentou ao mundo o bispo anglicano Desmond Tutu, que também recebeu o Prêmio Nobel da Paz. A igreja “evangélica” dos anos noventas é mais conhecida por Edir Macedo que por qualquer outro personagem. Este não ganhará nenhum Nobel. Para o homem deste tempo chamado pós-moderno, os governos não são honestos nem a classe política é íntegra. A família, via de regra, é um inferno na sua vida doméstica cotidiana. A autoridade nunca é bem vista. É sinônimo de opressão em todos os casos.
As pessoas desejam ser livres. Cada um vive como quer. As pessoas são senhoras de suas vidas, sem convenções, sem compromissos e sem autoridade. As igrejas “evangélicas” são, hoje, mais instituição do que comunhão. O aspecto institucional e uma maior importância à ordem e à lei do que à vida nos colocam em desvantagem. Os regulamentos e o "está errado" falam mais alto que a celebração da vida.
É uma maneira de agredir as pessoas e de se defender delas. Escandalizam com a conduta, com a recusa às regras, na indumentária e no visual. A própria maneira de se vestir mostra desleixo e até falta de asseio. “Gasta-se muito dinheiro para se comprar uma roupa rasgada. Vestir-se mal e como mendigo é sinal de estar na moda. O pós-moderno rejeita padrões. Costumo dizer que adolescente não se veste, apenas se cobre. É aquela bermuda que não se sabe se é uma calça comprida do irmão menor, porque ficou no meio da canela, ou se é uma bermuda do irmão maior porque ficou pouco acima do tornozelo. Todo mundo é igual: o boné virado para trás, um tênis encardido no pé e uma blusa de frio amarrada na cintura. Isto porque querem ser diferentes. Copiam-se uns aos outros na sua diferenciação. Um piercing dá um toque a mais. Julgam-se diferentes, mas são clones uns dos outros”.
Os jovens de hoje são individualistas, embora vivendo em "tribos". Vivem sua existência. Não se espere deles patriotismo ou rasgos de idealismo. São hedonistas, vivendo em função do prazer, não necessariamente sexual, mas a busca do que lhes é agradável. São narcisistas, no sentido de olharem mais para si que para o mundo ou para próximo. Isto não é uma prerrogativa exclusiva deles, mas de toda a cultura pós-moderna. O social e o outro são irrelevantes. O que vale é o eu, a individualidade. O egoísmo está em alta. Assim, entendo eu que o amor de Deus não pode se manifestar. Logo, não pode haver integridade.
O indivíduo intitulado pós-moderno não tem uma cosmovisão nem mesmo posturas coerentes. É a pessoa que nega a existência de Deus, mas que crê em energia vinda de um cristal. Que nega a historicidade de Jesus, mas acredita em duendes. Agem assim porque as cosmovisões são explicações totalizantes do mundo, trazem respostas cabais e últimas. "Nenhuma certeza pode ser imposta a ninguém", diz o pós-moderno. Recusando uma cosmovisão, uma visão integrada, as pessoas fazem uma crença tipo picadinho. Tudo está bom, tudo está certo. Ao mesmo tempo, isto não faz diferença. Cada um faz sua crença e sua religião. O valor último ou padrão aferidor é a própria pessoa. Foi isto que o roqueiro brasileiro, Raul Seixas cantou: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...tudo". As pessoas não têm mais uma visão determinada do mundo.
Não existe uma história unificada, produto da visão cristã que impregnou o Ocidente e lhe deu direção. Existem acontecimentos isolados, histórias de pessoas que se cruzam entre si, sem nexo, sem ligação. Uma visão global da vida não existe. Existe uma visão fragmentária.
Pensa-se no hoje, no fato de agora. Perdeu-se a visão de um passado, um presente e um futuro integrados. O pós-moderno opta pelo efêmero, pelo modismo, pelo fragmentário, pelo descontínuo. Com isto, a vida não tem sentido histórico nem dimensão linear. É para ser vivida agora, numa dimensão pontilear.
O dever cede lugar ao querer. As escolhas são privadas e não mais ligadas à sociedade. A capacidade de viver e de desfrutar o belo substituiu a responsabilidade. O negócio é experimentar sensações, cada vez mais fortes, cada vez mais dinâmicas. Nada de sentimento de culpa ou de valores. Viver é fazer o que me agrada. Em outras palavras: ninguém tem nada com a minha vida. Ninguém se prende afetivamente a alguém.
A maldição sobre Caim foi tirar-lhe a pertença. Ele seria sem raízes, geográficas ou sociais, um nômade, um errante, um peregrino, andante. O homem necessita pertencer a alguma coisa. É uma profunda carência existencial. Precisa pertencer a uma igreja, um clube, uma associação, etc. Como a crise de pertença surgiu logo, vieram os relacionamentos "lights", imediatistas, sem ligações profundas, manifestadas no sexo efêmero e casual. O instinto substitui o afeto. Cada semana, uma pessoa. Pertence-se a uma "tribo", mas se refugia no anonimato de relações via Internet.
 A característica mais forte do nosso tempo, em termos de trabalho é pluralidade ideológica e cultural. Nossa época é uma época de síntese. As pessoas querem ter posições, mas querem concordar com tudo. A pessoa tem uma cultura tecnológica, de informática avançada, mas crê em florais, astrologia e numerologia. Não tem convicções, mas conveniências. Seu credo é mais produto de ajustes de convivência do que de convicção pessoal. Pode-se ter grande zelo pela ecologia e desprezo pelo humano. As crenças e posturas são casuais e produto de circunstâncias.

É nesse tempo e ambiente esquisito que somos convidados a tratar de tema tão desafiador – SOB A PRÁTICA DA PALAVRA PARA SER PADRÃO DE INTEGRIDADE.
Quero usar para a nossa conversa afinada, o texto a seguir:

TEMA: DESAFIADOS A SER PADRÃO DE INTEGRIDADE.
TEXTO: I CORÍNTIOS 4:6-21
Quando somos desafiados a buscar ou realizar alguma coisa, é porque esta “alguma coisa” está em falta. Neste caso, o que está em falta é o desejo de cada um de nós sermos imitadores de Cristo como encontramos o apóstolo Paulo pedindo aos crentes de Corinto, no verso 16, do texto lido – “Portanto, rogo-vos que sejais meus imitadores”. Se este é o pedido do apóstolo, é porque não era um fato concreto e, sim, uma hipótese.
                Este é um desafio pertinente a todos nós porque o Senhor procura “adoradores” que o adorem em espírito e em verdade. Ele procura aquilo que não havia e o texto nos mostra a urgência em que isso precisa acontecer; “agora é”. O tempo é hoje! Existe uma urgência!
                Paulo, entre outras coisas, afirma deixar para trás todas as coisas que ficam e prosseguir para alvo, em busca do prêmio da soberana vocação de Deus, em Cristo Jesus, perseguindo o alvo supremo que é o Próprio Cristo Jesus. Ele, também, é convicto da sua condição de pecador (o pior deles), de fraco e, totalmente, dependente da graça de Deus.
                Meus queridos e amados ouvintes, quando estamos diante deste tema tão propício para o tempo em que vivemos, que muitos denominam: pós-modernidade (termo este que não consigo conceber pelas suas implicações e desdobramentos) quero abordar, a começar por uma análise do tema, alguns pressupostos necessários para que o desafio de ser padrão de integridade seja alcançado.
                Nós, líderes, crentes, servos, discípulos do Mestre, somos desafiados a viver de modo a imitar a Jesus Cristo, conforme a convocação paulina. O que ocorre afinal em nossos dias é que tem gente que quer ser mais santo do que Cristo, fazendo coisas que Cristo não faria e muito menos tenha ensinado. Isso me trásà lembrança  um livro editado pela JUERP, na sua era de ouro, intitulado: “Em seus passos que faria Jesus?” há muito este livro deixou de ser editado, mas o encontramos em vídeo, lançado pela BV Filmes. O apóstolo São Pedro em sua Primeira Epístola, quando aborda o assunto santidade, nos versos de 13-25, o faz de uma maneira muito particular, convidando-nos a: “Como filhos obedientes, não nos conformar com as concupiscências que antes havia em nossa ignorância, mas exorta-nos, de forma imperativa, a sermos santos assim como aquele que nos tem convocado é santo e conclui a ideia dizendo que é em todo o vosso procedimento”. Também diz que é necessário “andar em temor”, durante o tempo da nossa peregrinação neste mundo. Talvez, seja uma boa oportunidade para que de uma forma concisa, mas desafiadora, possamos avaliar esta questão de forma prática, com um amor não fingido, pois fomos gerados de novo através de uma semente incorruptível, que é a própria Palavra de Deus, que é viva e permanece para sempre. Porque nós somos comparados a erva do campo que é perecível, passageira, efêmera. Mas a palavra de Deus que foi enxertada em nós, ou através da qual fomos evangelizados, permanece eternamente.
                Seguindo o propósito da nossa temática, o termo “SER PADRÃO DE INTEGRIDADE”, precisa nos levar de volta a figura emblemática de Cristo como nosso modelo de integridade. É isso que tem se perdido nos arraiais da cristandade. Procura-se fazer de tudo um pouco a fim de agradar aos homens, obter reconhecimento, satisfazer o próprio ego e etc., esquecendo-se que, aquilo que cada um de nós precisa, é obedecer à voz do Mestre e agradar ao Senhor. O que a Bíblia orienta-nos, em relação aos homens é: “no que depender de nós tenhamos paz com todos”, mas não viver para si e em torno de si mesmo.
                É sempre importante termos em mente que o objetivo para o qual Deus nos criou, chamou e enviou. Se perdermos este enfoque da nossa tarefa, também nunca chegaremos ao padrão de integridade que nos aproxima da santidade de Deus.
Desta forma, quero pensar em alguns pressupostos avaliativos e exortativos a fim de retornarmos àquilo que Deus projetou para nós, enquanto novas criaturas, criadas segundo a justiça e santidade de Deus.

I – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM NÃO SER SOBERBO, ARROGANTE, ORGULHOSO. (v.6-8).
                O apóstolo Paulo começa este bloco dizendo que, antes demais nada, ele aplicou às referidas coisas em sua vida e, também, Apolo. E isso, ele havia feito por amor do povo, para que através deles pudessem aprender e não ir além do que está escrito. Parece-nos, hoje, não existir amor pelas almas que carecem de conhecer a Cristo. Isso só torna-se possível quando Cristo viver por meio de nós, conforme Gálatas 2: 20. “Já estou crucificado com Cristo e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim. A vida que, antes, vivia na carne, agora vivo-a na fé do filho de Deus que me amou e se entregou a si mesmo por amor de mim”.
                Parece, pelo texto em questão, que os membros da Igreja de Corinto se tornaram soberbos, orgulhosos. Paulo chega a exortá-los afim de que aprendessem a não irem além do que estava escrito e não se ensoberbecerem a favor de um contra o outro. Por essa razão, para ser padrão de integridade, precisamos aplicar em nós o ensino de Cristo, para sabermos como agir uns para com os outros de acordo com os parâmetros bíblicos.

II – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM COMPREENDER A POSIÇÃO QUE VOCÊ OCUPA NA OBRA DE DEUS, NO SEU REINO. (I Cor. 4:9-13)
                Talvez, essa parte do texto seja a mais delicada para nosso entendimento, tendo em vista a limitação para compreender as coisas de Senhor. Neste recorte do texto, o Apóstolo Paulo explicita que nós fomos colocados no mundo como condenados à morte, ou seja, mesmo diante de tantas dificuldades, perseguições e outros entraves, não podemos levá-los em conta. Precisamos seguir em frente mesmo correndo os mais sérios riscos. Como, permita-me dizer, as ameaças recentes por conta das escolhas nocivas dos homens, da liberdade de expressão e outras questões menores, mas não menos importantes. Paulo diz que somos feitos espetáculos ao mundo, aos anjos se aos homens. Ouvindo há tempos atrás uma mensagem acerca deste texto, o preletor discorreu acerca do mesmo dizendo: “Deus nos pôs no mundo como artistas que tem que apresentar uma grande peça teatral, onde o palco é o mundo, os espectadores são os homens, mas ninguém quer pagar ingresso, e nós não podemos recuar. Por fim, ele diz que somos comparados como lixo deste mundo, a escória de todos.
III – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM SABER QUE VOCÊ FOI GERADO DE NOVO, EM CRISTO JESUS. (I Cor. 4: 14-15)
                O Apóstolo Paulo sempre demonstrou um grande amor para com os irmãos de Corinto, admoestando-os como filhos amados, trazendo-lhes à memória o fato de que ele os havia gerado por meio do evangelho em Cristo Jesus. Ou seja, Cristo Jesus sempre foi e continuará sendo o exemplo para crentes fiéis e sinceros.

IV – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM SER IMITADOR DE PAULO COMO ELE FOI DE CRISTO. (I Cor. 4:16)
                Por fim, Paulo convoca os irmãos do passado como os do presente e projeta para o futuro o mesmo padrão. Precisamos ser imitadores de Cristo como Paulo o foi. É a única forma de alcançarmos o PADRÃO DE INTEGRIDADE ESPERADO POR DEUS.

CONCLUSÃO:
Para ser padrão de integridade é necessário submeter-se a Cristo, para experimentar a graça de Deus não sendo arrogante, não sendo soberbo, nascendo outra vez (de novo) e seguir os passos de Cristo; os seus mandamentos, pois eles não são pesados.

*Pastor da Primeira Igreja Batista de Jaconé, Saquarema.

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