Antes de entrar no tema proposto,
preciso situar o tempo no qual vivemos, chamado de pós-modernidade. Este é
identificado pelo abandono da própria cultura. O que vale é o aqui e agora.
Podemos alistar algumas características deste movimento. Encontramos marcas ou
falhas de caráter que muitos indivíduos que trazem consigo, para os meios de
convívio sociais e como elas nos afetam, em nosso testemunho acerca de Jesus
Cristo.
Quer seja a fé, quer seja o crer
na educação, quer seja o aceitar a cultura até então afirmada, há uma descrença
em tudo que se afirmou até então. Há desinteresse pela herança passada. Tudo é
visto como não funcional, como não resultável, não produtor de bons resultados.
Não há um conjunto de valores que se mantêm, o que se faz é desmantelar as
regras e as estruturas.
Normalmente as novidades são
contra o estabelecido. A mídia cria mitos, cria conceitos, projeta sempre o que
é contra o estabelecido. Enquanto tudo é permitido e permissível, os
“evangélicos” são ridicularizados.
As instituições sociais falharam
em seu propósito de prover um mundo melhor. Os governos, a família, a escola,
todos eles falharam. Também não se crê nas igrejas porque os escândalos são
muitos. A igreja dos anos noventas não produziu homens e mulheres santos, mas
pessoas preocupadas com dinheiro. O vulto mais importante que a igreja “evangélica”
dos anos sessenta legou à humanidade foi o pastor batista Martin Luther King
Jr, Prêmio Nobel da Paz. A igreja “evangélica” dos anos oitentas apresentou ao
mundo o bispo anglicano Desmond Tutu, que também recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
A igreja “evangélica” dos anos noventas é mais conhecida por Edir Macedo que
por qualquer outro personagem. Este não ganhará nenhum Nobel. Para o homem
deste tempo chamado pós-moderno, os governos não são honestos nem a classe
política é íntegra. A família, via de regra, é um inferno na sua vida doméstica
cotidiana. A autoridade nunca é bem vista. É sinônimo de opressão em todos os
casos.
As pessoas desejam ser livres.
Cada um vive como quer. As pessoas são senhoras de suas vidas, sem convenções,
sem compromissos e sem autoridade. As igrejas “evangélicas” são, hoje, mais
instituição do que comunhão. O aspecto institucional e uma maior importância à
ordem e à lei do que à vida nos colocam em desvantagem. Os regulamentos e o
"está errado" falam mais alto que a celebração da vida.
É uma maneira de agredir as
pessoas e de se defender delas. Escandalizam com a conduta, com a recusa às
regras, na indumentária e no visual. A própria maneira de se vestir mostra
desleixo e até falta de asseio. “Gasta-se muito dinheiro para se comprar uma
roupa rasgada. Vestir-se mal e como mendigo é sinal de estar na moda. O
pós-moderno rejeita padrões. Costumo dizer que adolescente não se veste, apenas
se cobre. É aquela bermuda que não se sabe se é uma calça comprida do irmão
menor, porque ficou no meio da canela, ou se é uma bermuda do irmão maior
porque ficou pouco acima do tornozelo. Todo mundo é igual: o boné virado para
trás, um tênis encardido no pé e uma blusa de frio amarrada na cintura. Isto
porque querem ser diferentes. Copiam-se uns aos outros na sua diferenciação. Um
piercing dá um toque a mais. Julgam-se diferentes, mas são clones uns dos
outros”.
Os jovens de hoje são
individualistas, embora vivendo em "tribos". Vivem sua existência.
Não se espere deles patriotismo ou rasgos de idealismo. São hedonistas, vivendo
em função do prazer, não necessariamente sexual, mas a busca do que lhes é
agradável. São narcisistas, no sentido de olharem mais para si que para o mundo
ou para próximo. Isto não é uma prerrogativa exclusiva deles, mas de toda a
cultura pós-moderna. O social e o outro são irrelevantes. O que vale é o eu, a
individualidade. O egoísmo está em alta. Assim, entendo eu que o amor de Deus
não pode se manifestar. Logo, não pode haver integridade.
O indivíduo intitulado
pós-moderno não tem uma cosmovisão nem mesmo posturas coerentes. É a pessoa que
nega a existência de Deus, mas que crê em energia vinda de um cristal. Que nega
a historicidade de Jesus, mas acredita em duendes. Agem assim porque as
cosmovisões são explicações totalizantes do mundo, trazem respostas cabais e
últimas. "Nenhuma certeza pode ser imposta a ninguém", diz o
pós-moderno. Recusando uma cosmovisão, uma visão integrada, as pessoas fazem
uma crença tipo picadinho. Tudo está bom, tudo está certo. Ao mesmo tempo, isto
não faz diferença. Cada um faz sua crença e sua religião. O valor último ou
padrão aferidor é a própria pessoa. Foi isto que o roqueiro brasileiro, Raul
Seixas cantou: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter
aquela velha opinião formada sobre tudo...tudo". As pessoas não têm mais
uma visão determinada do mundo.
Não existe uma história
unificada, produto da visão cristã que impregnou o Ocidente e lhe deu direção.
Existem acontecimentos isolados, histórias de pessoas que se cruzam entre si,
sem nexo, sem ligação. Uma visão global da vida não existe. Existe uma visão
fragmentária.
Pensa-se no hoje, no fato de
agora. Perdeu-se a visão de um passado, um presente e um futuro integrados. O
pós-moderno opta pelo efêmero, pelo modismo, pelo fragmentário, pelo
descontínuo. Com isto, a vida não tem sentido histórico nem dimensão linear. É
para ser vivida agora, numa dimensão pontilear.
O dever cede lugar ao querer. As
escolhas são privadas e não mais ligadas à sociedade. A capacidade de viver e
de desfrutar o belo substituiu a responsabilidade. O negócio é experimentar
sensações, cada vez mais fortes, cada vez mais dinâmicas. Nada de sentimento de
culpa ou de valores. Viver é fazer o que me agrada. Em outras palavras: ninguém
tem nada com a minha vida. Ninguém se prende afetivamente a alguém.
A maldição sobre Caim foi
tirar-lhe a pertença. Ele seria sem raízes, geográficas ou sociais, um nômade,
um errante, um peregrino, andante. O homem necessita pertencer a alguma coisa.
É uma profunda carência existencial. Precisa pertencer a uma igreja, um clube,
uma associação, etc. Como a crise de pertença surgiu logo, vieram os
relacionamentos "lights", imediatistas, sem ligações profundas,
manifestadas no sexo efêmero e casual. O instinto substitui o afeto. Cada semana,
uma pessoa. Pertence-se a uma "tribo", mas se refugia no anonimato de
relações via Internet.
A característica mais forte do nosso tempo, em
termos de trabalho é pluralidade ideológica e cultural. Nossa época é uma época
de síntese. As pessoas querem ter posições, mas querem concordar com tudo. A
pessoa tem uma cultura tecnológica, de informática avançada, mas crê em
florais, astrologia e numerologia. Não tem convicções, mas conveniências. Seu
credo é mais produto de ajustes de convivência do que de convicção pessoal.
Pode-se ter grande zelo pela ecologia e desprezo pelo humano. As crenças e
posturas são casuais e produto de circunstâncias.
É nesse tempo e ambiente esquisito que somos convidados a tratar de
tema tão desafiador – SOB A PRÁTICA DA PALAVRA PARA SER PADRÃO DE INTEGRIDADE.
Quero usar para a nossa conversa
afinada, o texto a seguir:
TEMA: DESAFIADOS A SER PADRÃO DE INTEGRIDADE.
TEXTO: I CORÍNTIOS 4:6-21
Quando somos desafiados a buscar
ou realizar alguma coisa, é porque esta “alguma coisa” está em falta. Neste
caso, o que está em falta é o desejo de cada um de nós sermos imitadores de
Cristo como encontramos o apóstolo Paulo pedindo aos crentes de Corinto, no
verso 16, do texto lido – “Portanto, rogo-vos que sejais meus imitadores”. Se
este é o pedido do apóstolo, é porque não era um fato concreto e, sim, uma
hipótese.
Este
é um desafio pertinente a todos nós porque o Senhor procura “adoradores” que o
adorem em espírito e em verdade. Ele procura aquilo que não havia e o texto nos
mostra a urgência em que isso precisa acontecer; “agora é”. O tempo é hoje!
Existe uma urgência!
Paulo,
entre outras coisas, afirma deixar para trás todas as coisas que ficam e
prosseguir para alvo, em busca do prêmio da soberana vocação de Deus, em Cristo
Jesus, perseguindo o alvo supremo que é o Próprio Cristo Jesus. Ele, também, é
convicto da sua condição de pecador (o pior deles), de fraco e, totalmente,
dependente da graça de Deus.
Meus
queridos e amados ouvintes, quando estamos diante deste tema tão propício para o
tempo em que vivemos, que muitos denominam: pós-modernidade (termo este que não
consigo conceber pelas suas implicações e desdobramentos) quero abordar, a
começar por uma análise do tema, alguns pressupostos necessários para que o
desafio de ser padrão de integridade seja alcançado.
Nós,
líderes, crentes, servos, discípulos do Mestre, somos desafiados a viver de
modo a imitar a Jesus Cristo, conforme a convocação paulina. O que ocorre
afinal em nossos dias é que tem gente que quer ser mais santo do que Cristo,
fazendo coisas que Cristo não faria e muito menos tenha ensinado. Isso me trásà
lembrança um livro editado pela JUERP,
na sua era de ouro, intitulado: “Em seus passos que faria Jesus?” há muito este
livro deixou de ser editado, mas o encontramos em vídeo, lançado pela BV
Filmes. O apóstolo São Pedro em sua Primeira Epístola, quando aborda o assunto
santidade, nos versos de 13-25, o faz de uma maneira muito particular,
convidando-nos a: “Como filhos obedientes, não nos conformar com as
concupiscências que antes havia em nossa ignorância, mas exorta-nos, de forma
imperativa, a sermos santos assim como aquele que nos tem convocado é santo e
conclui a ideia dizendo que é em todo o vosso procedimento”. Também diz que é
necessário “andar em temor”, durante o tempo da nossa peregrinação neste mundo.
Talvez, seja uma boa oportunidade para que de uma forma concisa, mas
desafiadora, possamos avaliar esta questão de forma prática, com um amor não
fingido, pois fomos gerados de novo através de uma semente incorruptível, que é
a própria Palavra de Deus, que é viva e permanece para sempre. Porque nós somos
comparados a erva do campo que é perecível, passageira, efêmera. Mas a palavra
de Deus que foi enxertada em nós, ou através da qual fomos evangelizados,
permanece eternamente.
Seguindo
o propósito da nossa temática, o termo “SER PADRÃO DE INTEGRIDADE”, precisa nos
levar de volta a figura emblemática de Cristo como nosso modelo de integridade.
É isso que tem se perdido nos arraiais da cristandade. Procura-se fazer de tudo
um pouco a fim de agradar aos homens, obter reconhecimento, satisfazer o
próprio ego e etc., esquecendo-se que, aquilo que cada um de nós precisa, é
obedecer à voz do Mestre e agradar ao Senhor. O que a Bíblia orienta-nos, em
relação aos homens é: “no que depender de nós tenhamos paz com todos”, mas não
viver para si e em torno de si mesmo.
É
sempre importante termos em mente que o objetivo para o qual Deus nos criou,
chamou e enviou. Se perdermos este enfoque da nossa tarefa, também nunca
chegaremos ao padrão de integridade que nos aproxima da santidade de Deus.
Desta forma, quero pensar em
alguns pressupostos avaliativos e exortativos a fim de retornarmos àquilo que
Deus projetou para nós, enquanto novas criaturas, criadas segundo a justiça e
santidade de Deus.
I – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM NÃO SER SOBERBO, ARROGANTE,
ORGULHOSO. (v.6-8).
O
apóstolo Paulo começa este bloco dizendo que, antes demais nada, ele aplicou às
referidas coisas em sua vida e, também, Apolo. E isso, ele havia feito por amor
do povo, para que através deles pudessem aprender e não ir além do que está
escrito. Parece-nos, hoje, não existir amor pelas almas que carecem de conhecer
a Cristo. Isso só torna-se possível quando Cristo viver por meio de nós,
conforme Gálatas 2: 20. “Já estou crucificado com Cristo e vivo não mais eu,
mas Cristo vive em mim. A vida que, antes, vivia na carne, agora vivo-a na fé
do filho de Deus que me amou e se entregou a si mesmo por amor de mim”.
Parece,
pelo texto em questão, que os membros da Igreja de Corinto se tornaram
soberbos, orgulhosos. Paulo chega a exortá-los afim de que aprendessem a não
irem além do que estava escrito e não se ensoberbecerem a favor de um contra o
outro. Por essa razão, para ser padrão de integridade, precisamos aplicar em
nós o ensino de Cristo, para sabermos como agir uns para com os outros de
acordo com os parâmetros bíblicos.
II – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM COMPREENDER A POSIÇÃO QUE
VOCÊ OCUPA NA OBRA DE DEUS, NO SEU REINO. (I Cor. 4:9-13)
Talvez,
essa parte do texto seja a mais delicada para nosso entendimento, tendo em
vista a limitação para compreender as coisas de Senhor. Neste recorte do texto,
o Apóstolo Paulo explicita que nós fomos colocados no mundo como condenados à
morte, ou seja, mesmo diante de tantas dificuldades, perseguições e outros
entraves, não podemos levá-los em conta. Precisamos seguir em frente mesmo
correndo os mais sérios riscos. Como, permita-me dizer, as ameaças recentes por
conta das escolhas nocivas dos homens, da liberdade de expressão e outras
questões menores, mas não menos importantes. Paulo diz que somos feitos espetáculos
ao mundo, aos anjos se aos homens. Ouvindo há tempos atrás uma mensagem acerca
deste texto, o preletor discorreu acerca do mesmo dizendo: “Deus nos pôs no
mundo como artistas que tem que apresentar uma grande peça teatral, onde o
palco é o mundo, os espectadores são os homens, mas ninguém quer pagar
ingresso, e nós não podemos recuar. Por fim, ele diz que somos comparados como
lixo deste mundo, a escória de todos.
III – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM SABER QUE VOCÊ FOI GERADO DE
NOVO, EM CRISTO JESUS. (I Cor. 4: 14-15)
O
Apóstolo Paulo sempre demonstrou um grande amor para com os irmãos de Corinto,
admoestando-os como filhos amados, trazendo-lhes à memória o fato de que ele os
havia gerado por meio do evangelho em Cristo Jesus. Ou seja, Cristo Jesus
sempre foi e continuará sendo o exemplo para crentes fiéis e sinceros.
IV – SER PADRÃO DE INTEGRIDADE IMPLICA EM SER IMITADOR DE PAULO COMO
ELE FOI DE CRISTO. (I Cor. 4:16)
Por
fim, Paulo convoca os irmãos do passado como os do presente e projeta para o
futuro o mesmo padrão. Precisamos ser imitadores de Cristo como Paulo o foi. É
a única forma de alcançarmos o PADRÃO DE INTEGRIDADE ESPERADO POR DEUS.
CONCLUSÃO:
Para ser padrão de integridade é
necessário submeter-se a Cristo, para experimentar a graça de Deus não sendo
arrogante, não sendo soberbo, nascendo outra vez (de novo) e seguir os passos
de Cristo; os seus mandamentos, pois eles não são pesados.
*Pastor da Primeira Igreja Batista de Jaconé, Saquarema.
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