Noemy
Ferreira Lima, 83 anos, Doutora em Educação
Nasceu em 10 de novembro de 1928, no
interiorzão do estado do Rio de Janeiro, lá onde o vento faz a curva, nas
bandas entre Campos e São Fidélis. Filha de família muito pobre, mas, também,
muito temente a Deus.
Em 1942, com 14 anos, recebeu seu
primeiro diploma. De lá pra cá, nunca mais deixou de lecionar. Os alunos que
passaram e passam pelas suas mãos não deixam de exaltar sua capacidade de
harmonizar teoria e prática. Seu primeiro canudo marcou-lhe a vida e marcará a
eternidade. Em 1947, com 19 anos, cola mais um grau na sua extraordinária
escalada e, ininterruptamente, até 1969 alcança mais 12 títulos importantes.
1985 é o ano de mais uma colação de grau.
Para alcançar todos esses títulos,
muitas vezes teve que suportar uma quiçamba de milho nas costas, uma enxada
afiada nas mãos, uma foice pendurada na roupa, um varal branquinho estendido e
instrumentos que a vida camponesa muito bem conhece. Mesmo assim, não se
entregou. Os desafios eram sempre encarados com a mesma tenacidade e coragem.
Muitas experiências de sua vida de
educadora poderiam ser alistadas, mas o espaço não possibilita tal empreitada.
Arrisco contar uma delas. E foi comigo (falar de acontecido com os outros pode
cheirar fofoca e não quero isso, pelo menos registrado!). Dela não me esqueço
até hoje. Era adolescente e estudava no Colégio Comercial Cardosense, escola
dirigida pelo idealista e saudoso Pr. Henrique de Queiroz Vieira. Nunca fui
muito peralta e nem desobediente. Mas armei uma que ninguém esperava, inclusive
a douta educadora. Dei-me bem, até que fui denunciado pela secretária da
escola, que era membro da mesma igreja e colegas na classe de EBD. Era um
domingo e, após o culto da manhã, fui confrontado com uma sábia pedagogia. Ela bem
que podia me dar uns catiripapos, mas o que ouvi ecoa mais forte do que
qualquer chibatada. O “nunca esperava isso de você e você me deu o pior
presente” foi uma espada afiada de dois gumes que penetrou até o mais recôndito
de meu ser. Mas valeu a lição.
Noemy é minha mãe. E, também, de
Nelma, Neucy, Neuza, Nélia, Nilcéia, Alair e Nilma. Outros quatro não estão
entre nós. É muito agradável falar dela. Quem a conhece sabe que não estou
exagerando, talvez sendo incapaz de reproduzir tudo que ela foi, e que é, e que
será. Falar dela é agradável porque agradável é até no nome, seu significado.
Antes de arrematar, não posso me
esquecer de algumas preciosas informações. 1942 é o ano de sua conversão, seu
primeiro título. 1947, seu casamento com Alício dos Santos Lima (saudades), seu
segundo título. Os doze títulos até 1969 são os doze filhos. 1985 é o ano de
sua consagração ao Ministério Diaconal. Suas salas de aula eram a cozinha de
humildes casas e as classes de EBD. Ali, ministrou as maiores lições de sua vida,
tanto que todos os filhos são crentes, dois deles pastores e as outras, exceto
uma, com liderança nas igrejas locais. Nem a quarta-série primária tem, mas
muito doutor e doutora precisam aprender com ela.
Mamãe, desculpe-me fazer assim! Não
é seu feitio. Mas, como diz a poetisa, “quero dar-lhe uma rosa enquanto pode
desfrutar de seu perfume.”
Pr.
Neemias Lima
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