FESTIVAL DE COMPOSIÇÕES MUSICAIS
Theógenes E. Figueiredo (*)
O evento denominado RIO+20 E OS BATISTAS foi um importante acontecimento promovido pelo Departamento de Ação Social da Convenção Batista Brasileira, que ocorreu nos dias 22 e 23 de junho na Capela do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (Rio de Janeiro – RJ), encontro no qual foi trabalhado o tema DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PONTO DE VISTA CRISTÃO.
Na sexta-feira, dia 22 de junho, aconteceu o FESTIVAL DE COMPOSIÇÕES MUSICAIS, realizado em parceria com o Curso de Música da FABAT/STBSB – Faculdade Batista do Rio de Janeiro do Seminário do Teológico Batista do Sul do Brasil. Esse evento foi coordenado por Mark Greenwood e Luciene Fraga da Diretoria do Departamento de Ação Social e por Theógenes E. Figueiredo e Gustavo Germano do Curso de Música do Seminário do Sul.
O Festival buscou incentivar a produção de canções religiosas para o canto congregacional que, de maneira ampla, tratassem do tema desenvolvimento sustentável, tema que requer ações conscientes e urgentes por parte de toda a sociedade. Como objetivo específico, o Festival buscou a produção de canções religiosas, em estilos nacionais, cujas letras incentivassem a comunidade Batista brasileira a ações direcionadas ao desenvolvimento sustentável e à preservação do meio ambiente.
A comissão de avaliação foi formada pelo Pr. João Soares da Fonseca (PIB Rio), pela Profa. Stella Junia Ribeiro (IB Méier) e pelo MM Ramon Chrystian de Almeida Lima (IB Itacuruçá). Os itens avaliados foram: a coerência com o tema proposto, a comunicabilidade da letra, a musicalidade da canção e a adaptabilidade ao canto congregacional.
As músicas concorrentes foram: “Criação”, do compositor Hélio Júnior, da cidade de Cabo Frio (RJ); “O planeta é meu e seu”, do compositor Marcelo de Souza Zenícola, da cidade do Rio de Janeiro (RJ); “E viu Deus que tudo era bom”, da compositora Denise Cordeiro de Souza Frederico, da cidade de Brasília (DF); e, “Tudo era muito bom!”, da compositora Jozana J. Conceição Figueiredo, da cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Após a apresentação das músicas, a comissão de avaliação comunicou a todos os presentes o resultado e apresentou suas considerações sobre cada uma das músicas, classificando-as na ordem apresentada no parágrafo anterior. Os jurados conclamaram aos autores a continuar o desenvolvimento desse dom especial da composição musical, cujos frutos, suas composições, poderão ser de muito benefício aos batistas brasileiros.
Uma pergunta pode vir à mente: por que realizar um festival de composições musicais?
Em primeiro lugar, a realização do Festival tem tudo a ver com uma religião que é conhecida como a “religião que canta”. O cristianismo é uma religião que canta. Não o canto solo, mas o canto comunitário, o canto participativo. “Quando a própria pessoa canta, isso implica mais participação ativa do que quando ela ouve outra pessoa cantando, por mais superiores que sejam os méritos musicais da mesma”
1. Nesse contexto da religião que canta, os textos das canções ocorrentes nos cultos passam a fazer parte do repertório cotidiano dos crentes e têm o poder de alcançar o íntimo de cada um.
Esse repertório de hinos e cânticos produz um conhecimento religioso tal que os estudiosos afirmam que “o melhor material para um levantamento da teologia [...] é a hinódia [...]”
2 . Entende-se por hinódia o conjunto de hinos e canções utilizados por uma comunidade, sejam aqueles disponibilizados em hinários ou não.
Dessa hinódia surge o hinário que é tido como “o mais eficiente manual de teologia da comunidade cristã”, pois se considera que “a teologia que mais se imprime no coração do povo é a que se canta e não a que fica encerrada nos textos eruditos”
3 . A teologia que se canta nas canções religiosas são “muito mais importante que os discursos religioso, doutrinário, ou teológico”
Em segundo lugar, porque questões contemporâneas, que não foram pensadas ou abordadas pelas gerações anteriores, se apresentam às novas gerações e são, necessariamente, objeto de reflexão à luz da palavra de Deus. Exemplo disso é o tema sustentabilidade, isto é, um “modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais de modo a garantir seu atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais”
5 . Tal tema somente agora emerge como importante para a sociedade em geral e não foi alvo, até a presente data, de preocupação dos compositores musicais.
Em terceiro lugar, um festival de composições musicais fomenta o surgimento de canções em estilos da cultura musical brasileira. Uma constatação a respeito da origem das canções (hinos e cânticos) que estão presentes no repertório atual de nossas igrejas é a seguinte: em sua maioria – mais de noventa por cento –, são músicas de outra cultura, principalmente norte-americana (música alienígena, como afirma um de nossos escritores).
Será que as expressões (estilos) musicais presentes na cultura brasileira não têm “competência” para estar presente em nosso hinário? Não cabe aqui essa discussão, contudo, vale dizer que as canções que são cantadas em nossas igrejas são estilos musicais de outras culturas, culturas alienígenas.Um Festival de composições musicais, portanto, é necessário e é urgente. A hinódia brasileira, que não é somente aquela constante dos hinários, e é, sim, toda a produção de hinos (canções religiosas) existente em nosso país, encontra-se sendo enriquecida com novas canções produzidas a cada dia em todas as regiões do nosso Brasil. Entretanto, e infelizmente, essas canções carecem de divulgação. Um festival de composições musicais apresenta-se como uma boa oportunidade de mostrá-las, visualizá-las e compartilhar essas canções com os irmãos de outras localidades.
(*) Theógenes E. Figueiredo é ministro de música e professor. Possui doutorado em Ciências da Religião e mestrado em Etnomusicologia. É docente do Seminário do Sul/FABAT e exerce a função de assistente da coordenação geral acadêmica para o Curso de Música daquela Instituição de Ensino Superior.
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