Lição 13
– Adoração e Missão
Texto
Bíblico: Mateus 17.1-8, 14-20
Introdução
Chegamos ao fim de uma
série de estudos sobre princípios bíblicos para o culto cristão.
Há muito que se falar sobre o assunto, mas, durante o trimestre, pudemos pelo
menos oferecer lampejos, “pontapés iniciais” para reflexões mais profundas e
extensas.
Hoje, veremos que a
adoração da igreja está intimamente relacionada com a missão. Um tema chama o
outro. Adoração e missão andam de mãos dadas, até porque adoração sem consciência de missão pode ser alienante, e missão sem
consciência de adoração pode ser apenas uma militância ideológica.
Como família de Deus,
temos de fugir das águas correntes do extremismo. Adotar um extremo como estilo
de vida é mais fácil que buscar o equilíbrio. As circusntâncias, até mesmo
eclesiásticas, podem nos empurrar para os extremos, assim como as águas do mar
fazem com um bainhista, que, para sobreviver, fugirá da correnteza.
Faz parte da mensagem
cristã a vida futura. O céu é um tema bíblico e deve ser cantado e pregado nas
celebrações litúrgicas e fora delas. Mas a
esperança do céu deve nos levar à missão e não à acomodação.
O reino de Deus é
futuro, mas também é presente. O “venha o teu Reino” (Mateus 6.10), da oração
conhecida como Pai-Nosso, continua e sempre continuará sendo verdade absoluta
de Deus. O problema não é a vinda do reino
de Deus, e sim o comprometimento parcial dos cristãos com ele. Temos
falhado por nos doarmos tão pouco à causa do Reino, talvez pela ilusão da
ocupação com causas menores.
1.
Adoração na Tranfiguração
Lemos o belíssimo
relato da Transfiguração. É um dos textos que mais me encantam na Bíblia.
Julgo-o essencial para entender o significado da adoração e da missão. Passar
de lado diante desse registro sagrado é perder um elo precioso entre os
Testamentos.
Seis dias depois da
confissão de Pedro em Cesareia de Filipe (Mateus 16.13-16), aconteceu o
episódia da Transfiguração. Ele não é um acaso na história da igreja, porque
Jesus trabalhou por aproximados três anos para que os discípulos entendessem
que Ele era o Messias, o enviado da parte de Deus, e para que chegassem à
profundidade da adoração que leva à missão.
Com a confissão, Jesus
passa a orientar os seus discípulos para outro momento em sua trajetória
terrena: a morte de cruz (a paixão). Antes da crucificação, era de suma
importância que os discípulos entendessem que Jesus é o Emanuel, o Eterno, O
Deus-Homem. A Transfiguração é o ponto central desse entendimento, porque
naquele monte os três discípulos da linha de frente (Pedro, João e Tiago) viram
o Pai transfigurar o Filho: “o seu rosto resplandeceu como o Sol e suas roupas
tornaram-se brancas como a luz” (v.2).
Estava sendo anunciado
o que Paulo registrou em Colossenses 2.9: “[Em Jesus] habita corporalmente toda
a plenitude da divindade”. Jesus não é um homem comum; Ele é especial, é
divino, é o próprio Deus morando entre a humanidade.
Ainda aparecem Moisés e
Elias conversando com Jesus. Lucas informa o assunto da conversa deles:
“apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em
Jerusalém” (Lucas 9.31). Moisés tipifica a lei, e Elias, os profetas. Diante dos discípulos, portanto, estão a
lei, os profetas e a nova revelação: Jesus.
Na Transfiguração, os
discípulos aprenderam a centralidade cristológica da adoração. Moisés e Elias
foram muito importantes, mas passaram. Seus ministérios foram circunstanciais.
Jesus é diferente, pois o seu ministério é perfeito, pleno, suficiente e cabal.
A igreja é de Cristo e
qualquer voz que tente competir com a dele, deve ser refutada. Só Deus é digno
de adoração!
2.
Missão na Transfiguração
Estava tudo tão bom lá
em cima, que Pedro sugeriu que ficassem por lá mesmo: “Senhor, é bom estarmos
aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e
outra para Elias” (v.4). Essa proposta excluía a missão e foi reprovada pelo
Pai.
Pedro e os outros
discípulos ficaram maravilhados com tudo o que estavam vendo. Era um presente
ver Moisés, Elias e Jesus conversando, especialmente no imaginário de um judeu.
Imaginem a emoção de contemplar a lei, os profetas e o Messias! Mas essa
contemplação não era o propósito de Deus para eles. A Transfiguração tinha um
sentido muito mais profundo para o reino de Deus.
Pedro ainda estava
falando e veio uma nuvem, que os cobriu, e Deus falou do meio dela: “Este é o
meu Filho amado, em quem me agrado; a ele ouvi” (v.5). Pedro queria a contemplação e Deus os estava preparando para a missão.
Ficar no monte é muito
bom, é ótimo até, mas a vida cristã real acontece no vale. O monte dá uma ideia
de estabilidade, mas a adoração que ganha sentido prático acontece no vale.
Os discípulos
precisavam entender que não seriam Moisés e Elias aqueles que dariam suporte
para a missão no vale, mas Jesus Cristo, o Senhor da igreja. Foi Jesus quem
disse: “e indo, pregai, dizendo: o reino do céu chegou” (Mateus 10.7). E
também: “ide, fazei discípulos de todas as nações (...) e eu estou convosco
todos os dias” (Mateus 28.19,20).
Interessante que os
discípulos ficaram com medo quando ouviram a voz de Deus (v.6). Eles foram
confrontados diante de uma postura equivocada, por mais que possa ter sido bem
intencionada.
Jesus os consolou,
reanimando-os, e eles perceberam que não havia mais ninguém a não ser Jesus (v.
7,8). Vale a pena aproveitar e lembrar que todos podem nos abandonar, mas Jesus
nunca nos abandona. Ele tratou os discípulos e tem nos tratado constantemente.
Glória a Jesus!
Pensando em missão, o
episódio seguinte ao da Transfiguração é muito apropriado. Os discípulos
queriam continuar na contemplação, mas, ao descerem do monte, a vida real já se
apresentou duramente. Um homem procura a Jesus e diz: “Senhor, tem compaixão de
meu filho, porque ele tem convulções e sofre muito; pois muitas vezes cai no
fogo, e muitas vezes, na água. Eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não
conseguiram curá-lo” (v.15,16). Jesus reprovou os discípulos, chamando-os de
geração incrédula e perversa (v.17). É claro que Jesus também expulsou o
demônio, contemplando, assim, o pedido daquele pai (v.18).
No monte Jesus é
glorificado, no vale os demônios agem ferozmente. Volto a dizer que adoração e missão têm de andar de mãos
dadas porque é no mundo, ou seja, no meio das pessoas que Jesus nos quer como
sinalizadores do seu Reino. É no vale que acontece o nosso ministério.
Temas como esperança,
paz e justiça também precisam fazer parte dos repertórios das músicas e dos
sermões nas celebrações litúrgicas. Os cultos devem abordar a adoração, sem
falhar com a missão. Noutras palavras, cumprir
a missão é expressão de adoração.
Devemos entrar no
templo com mente e coração voltados para a adoração, mas devemos sair dele
inflamados com a missão. A igreja se reúne e se espalha. Tão importante quanto
a sinceridade da adoração para a reunião, é o compromisso com a missão para o
envio. Sair do templo é sair para o
nosso campo missionário.
Um dos momentos que
mais me comovem no culto (são tantos, na verdade) é quando dispeço os meus
irmãos em nossa igreja com a bênção pastoral em nome de Jesus. Mexe comigo
saber que aquele povo, espalhado pela cidade, está em missão, na autoridade do
Supremo Comissionador.
Para
pensar e agir
Jesus é o nosso modelo
perfeito de adoração e missão. Temos de aprender com Ele e enraizar o ideal
maior de querer ser iguais a Jesus.
No fim do século 19, o
pastor americano Charles Sheldon escreveu um livro que marcou muitas gerações:
“Em seus passos, o que faria Jesus?”. A obra de ficção, mas cheia de realismo,
fala de uma igreja em que o pastor Maxwell ia muito bem até que lá chegasse um
bêbado. Durante décadas, esse livro foi o mais lido depois da Bíblia. Ele
inspirou, no passado, muitos cristãos a se despojarem de bens para colocarem em
primeiro lugar o reino de Deus, principalmente vendo no próximo a figura de
Jesus.
Tomando emprestada a
questão levantada por Charles Sheldon, concluindo a lição – e também o
trimestre – sugiro que, em todas as circunstâncias da vida, nos perguntemos: em
meus passos (ou em meu lugar) o que faria Jesus, aqui e agora?
Leituras
Diárias
Segunda: Salmo 143
Terça: Salmo 144
Quarta: Salmo 145
Quinta: Salmo 146
Sexta: Salmo 147
Sábado: Salmos 148 e 149
Domingo: Salmo 150*Lições da Escola Bíblica Dominical das Igrejas Batistas da Convenção Batista Fluminense, da Revista Palavra&Vida, escritas pelo Pr. Elildes Júnio Marcharete Fonseca.
*Esta Revista é enviada gratuitamente às Igrejas Batistas da Convenção Estadual.
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