sábado, 4 de abril de 2015

Deus existe? - Lição da Escola Bíblica Dominical

Texto que será estudado nas classes da Escola Bíblica Dominical no dia 05 de abril de 2015 nas Igrejas Batistas da Convenção Batista Fluminense.

Pr. Dr. Vanderlei Batista Marins*

Texto Bíblico: Atos 17.16-34

Introdução: 

A Bíblia não está preocupada em provar a existência do Senhor e sustentador do universo, mas em afirmar a sua gloriosa e inconfundível existência (Gn 1.1). Deus é um ser perfeito, que se mostrou à raça humana através de suas obras naturais, o universo físico (Sl 19.1; Rm 1.19,20), e da Pessoa bendita de seu Filho, Jesus Cristo (Jo 1.14). Tudo o que Deus criou dá testemunho de seu majestoso poder e existência, que não é criada, pois Ele é eterno, é autoexistente.
O apóstolo Paulo, ao pregar em Atenas, grande centro da intelectualidade, desenvolveu o seu ministério entre os judeus na Sinagoga e entre os gentios na praça. Nos embates diários, conheceu alguns filósofos que, após indagação, levaram-no ao Areópago com o seguinte pedido: “Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso” (At 17.18-20).
Diante de tamanha oportunidade, o apóstolo fala da postura deles com a divindade, afirmando que quem eles honram como desconhecido é o que ele conhecia e anunciava: um Deus que é Espírito, que fez o mundo e todas as coisas nele existentes, que não se limita às ações humanas, que faz as gerações dos homens, que não está longe, podendo ser encontrado por todos que O buscam, que é a razão da nossa existência, que não leva em conta o tempo da ignorância, que deseja o nosso arrependimento e que é justo juiz (At 17.24-31). Um Deus que além de ser transcendente (Ser infinitamente acima de todo o ser criado) é imanente (não se encontra à parte de sua criação, acha-se presente).

I – Seu nome provoca inquietações e faz diferença

Independente das pessoas serem cultas ou indoutas, o nome de Deus mexe, provoca reações e faz diferença (At 17.6; Lc 8.35-37; Jo 6.68,69). Isso por ser Ele um ser vivo, atuante, perto do homem e que tem o governo de tudo nas dimensões física e espiritual.
Os atenienses estavam mergulhados na idolatria, evidenciando uma religiosidade ignorante, conquanto fossem da terra da educação, da cultura e da filosofia. Essa situação incomodou e comoveu o apóstolo Paulo, levando-o a pregar aos filósofos epicureus, aqueles que viam o prazer como a mais destacada finalidade da vida e, aos estóicos, que lecionavam que tudo é Deus. Afirmou, ainda, que eles eram religiosos em extremo, mas que não conheciam o verdadeiro Deus (At 17.24-31). Quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, logo vieram as reações: uns escarneceram, outros postergaram e outros creram (At 17.32-34). Esta é a grande maravilha da presença e atuação de Deus!
Por ser um assunto inquietante, deparamos com vários pensadores usando argumentos diversos para afirmar a existência de Deus a partir do universo, da história universal, das percepções humanas, da experiência cristã e da fé. É claro, que se negarmos a existência de um criador, resta-nos afirmar que os átomos são a causa de tudo. Sobre a grandeza de Deus e o seu nome fazendo diferença é encantador saber de um Ser Superior, que está acima e que pode mais. Nem os mais resistentes e descrentes ficam impassíveis diante da beleza da criação. As coisas que estão à nossa volta, as que estão em nós e aquelas que por séculos falam de Deus, testemunham de sua existência, assim como a nossa experiência pessoal e a fé, dádiva do Senhor, que é a prova daquilo que se não vê (Hb 11.1).
Também não se deve deixar de mencionar os argumentos: Cosmológico – onde o evento causado deve ter uma causa, fornecendo a ideia de um poder causativo; Teleológico – leciona sobre a presença de uma inteligência voluntária que dá causa a um resultado, promovendo a ideia de uma inteligência criativa; Antropológico – trabalha a realidade de um Ser pessoal, que comanda tudo com propriedade e justiça. Patrocina a ideia de pessoalidade e impecável senhorio; Ontológico – admite a existência de Deus a partir de ideias abstratas e necessárias da mente humana, evidenciando a possibilidade de um Ser notável, grandioso, criador, legislador e pleno de infinitude e perfeição.

II – Seu poder e autoridade são mostrados sobre a criação

Deus é o autor de tudo que existe (At 7.50), seu poder é inigualável e seu nome é santo e poderoso (Dt 10.17), o Deus pessoal da revelação, o Senhor soberano dos céus e da terra (1Tm 6.15), que mostra-se (Rm 1.20), fala (Gn 8.15), atua e manifesta sua vontade.
Seu poder e autoridade estão intimamente ligados à sua Pessoa, pois é através dela que eles são evidenciados. Nós somos reflexo desta Pessoa divina, fomos criados à Sua imagem e semelhança (Gn 1.27) para sermos responsáveis, mediante o Seu chamado, com o fim de promovermos o Seu reino, glorificando o Seu nome.
Paulo descreve para os atenienses, a Pessoa de Deus e os seus feitos maravilhosos. Afirmando ser Ele diferente dos deuses da religiosidade daquele povo, pois não habita em templos feitos por mãos humanas (At 17.24) e que somos sua geração, seu povo exclusivo (Sl 100.3), razão porque é impossível identificá-lo com as imagens de madeira, de prata ou de ouro lapidadas por mãos humanas (At 17.29). Diz ainda que o Senhor não leva em conta esse tempo de ignorância, desde que haja arrependimento (At 17.30), pois Deus não é resultado daquilo que Ele faz e nem pode ser visto como sendo a expressão da sua criação. Ele é maior do que os seus feitos, embora em todos eles percebamos o seu poder e a sua autoridade (Sl 8.3;19.1), que se revelou completa e cabalmente em Jesus (Jo 14.9), para que com justiça pudesse julgar o mundo (At 17.31).

III – Seus atributos apontam a existência de um Ser incomparável

Deus é incomparável por ser isento de contradições, justo em suas ações (Êx 9.27) e amoroso em suas relações (Rm 5.8). Ele é perfeito e espera que este ideal seja o nosso alvo nesta peregrinação (Mt 5.48). Tudo isso e infinitamente mais pode ser visto em seus atributos, características atribuídas a um ser, a essência da perfeição divina. É impossível descrever com precisão a pessoa de Deus, por ser Ele infinito e nós finitos; eterno e nós criados; perfeito e nós imperfeitos. O que sabemos a seu respeito é pela Palavra por Ele mesmo revelada sob inspiração divina e, então, podermos construir alguns conceitos a seu respeito, mas nunca defini-lo.
Os atributos de Deus podem ser divididos, para melhor compreensão, em:
1. Naturais ou incomunicáveis – Aqueles que somente encontramos em Deus, não são comunicados ou transmitidos a ninguém: Onisciência é o seu pleno conhecimento (Jó 38.18-37; Rm 11.33-36). Onipotência é poder perfeito, amplo e total (Gn 17.1-7; 18.14; Is 40.26-29). Onipresença é porque não se limita ao tempo ou espaço (Sl 139.7-12). Imutabilidade, n’Ele não existem dúvidas ou variações (Tg 1.17), sua essência é inalterável (Hb 1.12). A Eternidade se refere à natureza de Deus, que não tem começo, fim e nem sucessão de tempo (Dt 32.40; Sl 90.2; Is 41.4), e que não há surpresa para Ele, pois tudo é patente aos seus olhos (2Pe 3.8; Ap 1.8). A Imensidade mostra que a natureza de Deus não é sujeita à extensão e nem à limitação de espaço (1Rs 8.27; Rm 8.38-39). A Unidade comprova que a natureza divina é indivisível (Dt 6.4; Is 44.6; 1Co 8.4; Ef 4.5,6), ou seja, seus atributos são inerentes à sua essência, não havendo existências separadas.
2. Morais ou comunicáveis – Aqueles que Deus compartilha com os homens: Santidade é ser separado e purificado (Êx 15.11; 1Pe 1.16; Hb 12.14), é dádiva de Deus em Cristo (Ef 4.24). Bondade é expressão de oportunidade, amparo e investimento (Is 63.7; Rm 15.14) e refere-se a Deus compartilhando com os que foram criados à sua semelhança, a sua própria vida e dádivas (2Pe 1.3; Rm 8.32). A Justiça diz respeito à maneira plena de Deus ser, de agir e ao tratamento impecável quanto à forma, essência e aplicabilidade de todas as coisas (Dt 32.4). O amor é a sua essência (1Jo 4.8), é doação, é ofertar-se para abençoar (Sl 145.9; Jo 3.16).

Para pensar e agir

Há pessoas que passam a vida toda tentando provar a inexistência de Deus. Muitas vezes isso acontece porque há um sentimento de grandeza por parte do homem e este passa a temer a ideia de ser destronado por alguém maior do que ele.
Também há aqueles que, embora creiam que pertençam a Deus, vivem como se Ele não existisse – uma grande contradição. Cabe àqueles que foram alcançados por Deus em Sua misericórdia, fazê-Lo conhecido, principalmente por meio do testemunho de verdade e de vida.
Independente do ser humano acreditar ou não na existência de Deus, todas as coisas criadas apontam para esta realidade, além da Palavra que, sem sombra de dúvida, mostra a sua existência criadora e preservadora de todas as coisas.

Leitura diária:
Segunda-feira: Gênesis 1.1,2
Terça-feira: Salmos 66.8,9; 145.13-21
Quarta-feira: 2Crônicas 7.14-16
Quinta-feira: Deuteronômio 10.17,18
Sexta-feira: João 3.16; 13.35; 15.9,10
Sábado: Salmos 119.137-142; 1Pedro 3.18; Apocalipse 15.3
Domingo: Judas 24,25

* Quem escreveu:
Vanderlei Batista Marins é natural de São João da Barra, hoje, São Francisco do Itabapoana – RJ. É pastor titular da Primeira Igreja Batista em Alcântara desde 05/05/2001. Doutor em Teologia, pela Cohen University & Theological Seminary (Califórnia – EUA), onde também obteve o grau de Mestre em Divindade. É Mestre e Bacharel em Teologia, pelo Seminário Teológico Batista Fluminense e Bacharel em Ciências Jurídicas, pela Universidade Salgado de Oliveira. É licenciado em Filosofia e Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior, pela Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil. Autor de Excelência no Ministério Pastoral (Niterói, editora Epígrafe, 2009) e do Capítulo 17 – Família – Comentários à Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. É presidente da Convenção Batista Brasileira e da Convenção Batista Fluminense, professor de Teologia e Diretor do Seminário Teológico Batista Gonçalense.
Casado com a Professora Rita de Cassia Miranda Marins, pai de Mikhael Wander, de Eber Jonathas, casado com Larissa e, de Fátima, casada com Adriano.

Servo de Jesus, agradecido por ter sido chamado para o Ministério Pastoral, que ama e respeita a Igreja de Deus, que gosta de gente e deseja que todos sejam alcançados pela salvação e edificação em Cristo Jesus.

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