Ética
na família - III
Cavaco não voa longe do
toco assegura o ditado popular. A figura está relacionada ao corte de árvore ou
de madeira com o machado. À medida que a machadada feria a madeira, uma lasca
era arrancada e ficava sempre próxima do pau ou tronco.
Há filhos desobedientes que trilham
caminhos totalmente diferentes dos pais, que são pessoas íntegras a toda prova.
São exceções. Sempre há uma semeadura. E a colheita é sempre muito maior do que
as poucas sementes lançadas na terra. Daí, a necessidade de se investir no
exemplo e cultivar o caminho do bem para que as gerações futuras repliquem o
que aprendeu.
Pais que apresentam atestado médico
falso, fazem gato para ter uma conta mais barata, pagam propina a alguma
autoridade e procuram dar um jeitinho em situação embaraçosa estão pavimentando
estrada para grandes crimes praticados pelos filhos ou netos.
Filipenses 4.8-9: “Encham a mente de
vocês com tudo o que é bom e merece elogios, tudo o que é verdadeiro, digno,
correto, puro, agradável e decente. Pratiquem o que vocês receberam e
aprenderam de mim, tanto com as minhas palavras como com as minhas ações”.
Ética
na família - IV
A ética na família não é um
cumprimento de regras estabelecidas, um manual do que se pode e não pode fazer.
É um discipulado em que os princípios são passados de geração em geração, tendo
a marca do exemplo impressa na mente e no coração.
A experiência tem mostrado em
profusão situações de filhos que, debaixo da orientação dos pais, agem como
santos, mas basta experimentar a liberdade para revelar seu lado profano e diametralmente
oposto ao que teoricamente aprendeu.
Proibir por proibir pouco ou nenhum
valor tem. Aliás, há quem defenda que proibir é o maior incentivo para se
fazer, haja vista a tendência do ser humano pela curiosidade, sem falar em sua
tendência de desobediência.
O ensino de Paulo contempla essa
total liberdade que se tem ao tempo em que se apela para a observação de
princípios que devem nortear quem deseja obedecer a Deus. Ele ensinou: “Alguém
vai dizer: “Eu posso fazer tudo o que quero”. Pode, sim, mas nem tudo é bom
para você. Eu poderia dizer: “Posso fazer qualquer coisa”. Mas não vou deixar
que nada me escravize” - I Coríntios 6.12.
Não proíba, ensine!
Ética
na família - Final
Ninguém tem dúvidas que
o resultado de conviver bem ou mau dependerá das atitudes e das escolhas.
Muitas atitudes poderiam ser evitadas e escolhas deveriam ser muito bem
pensadas.
Mário Sérgio Cortella apresenta três
questões éticas: Quero? Devo? Posso? E argumenta: “Tem coisa que eu devo, mas
não quero, tem coisa que eu quero, mas não posso, tem coisa que eu posso, mas
não devo. Aqui, nestas questões, vivem aquilo que a gente chama de dilemas
éticos; todas e todos sem exceção temos dilemas éticos, sempre, o tempo todo:
devo, posso e quero?”.
A maturidade na vida acontece quando
se tem a capacidade de renunciar a algo desejável para não escandalizar o
semelhante que não alcançou a mesma maturidade. Jesus foi enfático ao dizer: “Façam
aos outros o que querem que eles façam a vocês; pois isso é o que querem dizer
a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas” - Mateus 7.12.
Ética isolada não existe, ética é
relacionamento. A ética jamais autoriza você a ferir o próximo, ainda que o
conteúdo de sua crença seja correto e do semelhante incorreto.
A família
e os vizinhos - I
“Não
abandone o seu amigo, nem o amigo do seu pai. Se você estiver em dificuldades,
não peça ajuda ao seu irmão. Vale mais um vizinho perto do que um irmão longe”
- Provérbios 27.10.
Sou
do tempo em que vizinhos eram como familiares, mesmo que não tivessem esses
laços. As trocas de guloseimas, socorro em momentos de necessidade e visitas
periódicas eram muito comuns. Hoje, mesmo o vizinho residindo a 1,5 m de
distância, em contraste com antigamente, praticamente não se falam e, muitas
vezes, nem se conhecem.
O
povo judeu recebeu orientações bem claras e práticas sobre o relacionamento com
a vizinhança. Em Êxodo 22.26, “Se você receber a capa do seu vizinho como
garantia de uma dívida, devolva-a antes que anoiteça”.
Em
Provérbios 3.29, lemos: “Não planeje nenhum mal contra o seu vizinho; ele mora
ao seu lado e confia em você”.
E
Provérbios 3.28 orienta sobre socorro ao que está bem próximo: “Não diga ao seu
vizinho que espere até amanhã, se você pode ajudá-lo hoje”.
Como
é o relacionamento seu com os seus vizinhos? Pense nisso!
A
família e os vizinhos - II
Após o café de ontem,
recebi uma mensagem de Nilcea Lima, minha irmã, confirmando o valor inestimável
do vizinho.
“Quando morei em São
Gonçalo, tive verdadeiros anjos, mais de um. Meu filho Pedro era bebê e chorava
com refluxo. Minha vizinha do andar de cima, ouvia e descia, percebia que eu
estava sozinha. Ela me acalmava e a Pedro. Interrogou-me sobre o tratamento e
eu disse que o médico informara que era assim mesmo. Com muito carinho, me
disse: ‘Então peça a Deus paciência’. O casal da frente, quando via Pedro
engatinhando e a porta estava aberta, eles abriam a porta do apartamento deles
para ele entrar. Deixavam uma estante baixa cheia de brinquedos para se
divertir, ele pulava no sofá deles e eles morriam de rir. Mudei-me para outro
bloco, Pedro já maior. Ele chegava antes de mim, a porta era difícil de abrir.
A vizinha de baixo todos os dias abria para ele. Conversei com ela sobre o
incômodo, e ela falou pelo ‘amor de Deus, isso é um prazer’. Ah, o nome dela é
Fátima. Pedro terminou o nono ano - Ensino Fundamental - e aconteceria uma
festa. Ele pegou um dos convites e falou: ‘esse é da tia Fátima! Ela faz parte
dessa história’. Ele desceu e falou exatamente isso para ela. Ela chorou de
emoção!”.
“Vale mais um vizinho
perto do que um irmão longe” - Provérbios 27.10.
A
família e os vizinhos - III
Recebi outra mensagem
sobre a relação entre vizinhos. Omito os nomes por preservação.
Num condomínio, havia um grupo de
oito jovens muito espontâneos, gostavam de brincar e zoavam bem alto uns aos
outros. Eles se reuniam na pracinha e era uma algazarra só.
Bem próximo da pracinha, havia um
casal de idosos que não gostava de jovens e do barulho que provocavam. O casal
não fazia questão de esconder, sempre revelava sua insatisfação.
Certo dia, no apartamento do casal
começou um incêndio que se alastrava. Foi um desespero só. A mulher, num surto,
não queria sair do apartamento. Enquanto isso, o fogo se alastrava. Ligaram
para o Corpo de Bombeiros, que se atrasou.
Os vizinhos pegaram extintores, mas
quem entraria para executar a tarefa? Foi aí que os jovens, com o rosto e
cabeça cobertos por um pano, entraram no apartamento, arrancaram a mulher à
força e acionaram os extintores. Logo depois, o fogo cessou. Houve bastante
estrago, mas salvaram-se todos. O Corpo de Bombeiros chegou, justificou o
atraso por um engarrafamento, e afirmou que se não fossem os jovens, tudo
estaria perdido.
Que lição: os jovens indesejados
foram a salvação da tragédia.
“Vale mais um vizinho perto do que
um irmão longe” - Provérbios 27.10.
A
família e os vizinhos - Final
A relação com vizinhos é sempre
muito dinâmica e é possível passar por algumas turbulências. Algumas mensagens
recebidas revelavam situações de conflitos e dores que machucaram.
Qual o segredo para ter uma relação
abençoadora com aqueles e aquelas que estão bem próximos de nós?
Primeiro,
é preciso muita sabedoria. Provérbios 25.17 ensina algo muito prático: “Não vá
a toda hora à casa do vizinho, pois ele pode se cansar e acabar ficando com raiva
de você”.
Também
é preciso repensar o paradigma. Em vez de perguntar “eu tenho bons vizinhos?”,
refletir “eu tenho sido um bom vizinho?”. É possível que não damos conta de
atitudes ou falta de atitudes que podem atrapalhar o bom relacionamento.
Responda
com sinceridade: qual a última vez que você orou a Deus pelo seu vizinho? E
quando levou um mimo, quem sabe aquele bolo especial, para tomar um café com
ele ou oferecê-lo para o lanche?
Preste atenção: os
vizinhos serão bons na medida em que formos bons! Mesmo que a relação seja
ruim, construa pontes e não muros, pois “vale mais um vizinho perto do que um
irmão longe!”.