segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Briga de família na Prefeitura de Campos


Nahim diz que perdoa Garotinho, mas confirma ruptura

“Não foi a primeira vez que ele fez isso comigo, mas com certeza foi a última”. Falando sobre seu irmão, deputado Anthony Garotinho (PR), foi isso que garantiu ao blogueiro, agora há pouco, por telefone, o presidente da Câmara Nelson Nahim, também do PR, mas só por enquanto. Sem ainda ter definido qual será seu destino partidário, ele só garantiu que será um partido de oposição ao atual governo municipal. Nahim voltou a falar no desequilíbrio do irmão, que estaria por trás das versões de que tem sido alvo, como a de que saberia previamente da cassação de Rosinha, ou que teria passado a Prefeitura a Rogério Matoso, após tomar posse, na confusão generalizada na Câmara, fotografada, filmada e agora contada por ele em detalhes.   
Ainda fruto do tumulto de ontem, Nahim também falou sobre boatos de que os vereadores de Rosinha tentariam, no correr da próxima semana, entrar com requerimentos para afastar ele da presidência e Matoso da vice. Para ele, quem deveria perder o cargo por falta de decoro deveria ser o líder governista Jorge Magal (PMDB), que arrancou e quebrou o microfone de Rogério. De qualquer maneira, garantiu que os aliados de Garotinho na Câmara não têm base legal, nem moral para lograrem êxito, caso realmente tentem destituí-lo.
Ainda prefeito de Campos, Nahim informou já que pediu ao procurador do Legislativo, Helson Oliveira, para entrar em contato com seu par no Executivo, Francisco de Assis Pessanha Filho, para que Rosinha seja formalmente reempossada dos 30 dias no cargo concedidos por decisão monocrática do desembargador federal Sérgio Schwaitzer, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). E, bem diferente do clima de guerra que foi obrigado a enfrentar para cumprir a decisão judicial da 100ª ZE de Campos, que cassou Rosinha, Nahim fez questão de assegurar as condições para que a nova posse da cunhada se dê no clima mais tranquilo possível, até de maneira reservada, se ela assim preferir. Quanto a Garotinho, disse perdoar o irmão pelo que considera traições passadas e presentes, mas desabafou: “Não dá para aguentar mais!”
Abaixo, em detalhes, o que Nahim revelou ao blog:

Nahim reafirmou e deu mais detalhes do que já havia dito na coletiva de ontem, ao lado de Matoso (foto de Mariana Ricci)
Nahim reafirmou e deu mais detalhes do que já havia dito na coletiva de ontem, ao lado de Matoso (foto de Mariana Ricci)

Necessidade da posse de Rosinha —  Ela precisa ser empossada novamente, até para que seus atos administrativos tenham efeito. É o que a Lei Orgânica do município determina. E dei todas as instruções à procuradoria da Câmara para que tudo seja feito da maneira mais serena possível, da maneira que Rosinha desejar.
Passagem da Prefeitura a Matoso — Essa estória é de uma infantilidade a toda prova, é até risível. Isso foi claramente criado por Garotinho para tentar se colocar no papel de vítima. Conheço o Luis Filipe Melo, moderador do blog dele. É uma pessoa e um profissional sério. Ele não seria capaz de uma leviandade, de uma maldade dessas. Isso foi obra do próprio Garotinho, ou a mando dele. Por que eu passaria a Prefeitura a Matoso, se foi justamente para não deixá-la com ele e, por conseguinte, com a oposição, que eu assumi, cumprindo uma decisão judicial, e assim mesmo só depois de oficiar formalmente a 100ª ZE para sanar qualquer dúvida? É uma grosseira e deslavada mentira!
Confusão na Câmara — Depois que Rogério já havia assumido como presidente da Câmara, antes que eu prestasse juramento como prefeito, o vereador Vieira Reis (PRB) pediu a palavra e a ele foi explicado que não poderia ser, pois não se tratava de uma sessão legislativa, mas de um ato de posse para cumprir uma determinação judicial. Magal (PMDB) então avançou sobre a bancada, tentando gerar um bate-boca, sendo ecoado da galeria pela claque comandada por Thiago Ferrugem. Não satisfeito, Magal ainda arrancou e quebrou o microfone de Matoso, iniciando um empurra-empurra. Ciente de que o circo tinha sido armado para me envolver, como não sou palhaço, nem animal amestrado, sai da confusão e só voltei quando ela tinha acabado, sendo necessária inclusive a intervençao da PM, para finalmente poder cumprir o que determinou a juíza e tomar posse.
Destituição da presidência por quebra de decoro — Soube que esses boatos andam circulando, que teriam como alvo não só a mim, mas também a Rogério Matoso. E, como a versão de que eu teria passado a Prefeitura para Matoso, só posso classificar como risível. Se alguém tem que perder o mandato por falta de decoro é Magal, que arrancou e quebrou o microfone de Rogério, já efetivado como presidente da Casa, se prestando ao lamentável papel de iniciar toda aquela confusão encomendada. Eles não tem nenhuma base legal e, depois de ontem, muito menos moral, para propor um requerimento para afastar a mim e a Rogério. Mas se quiserem, que tentem. Terão que encaminhar isso à Comissão de Justiça, que é presidida por Kelinho (PR). E que condição moral terá Kellinho para apreciar um pedido desses, depois de ter registrado em cartório uma mentira, uma fofoca, de que eu saberia da cassação de Rosinha antes da decisão da juíza (aqui e aqui)? 
Saída do PR — Independente do que a Justiça decidir sobre quem ocupará a Prefeitura, após os 30 dias concedidos a Rosinha pelo TRE, disse ontem em coletiva, após toda aquela lamentável confusão, e repito agora, já com a cabeça mais fria: não há a menor condição para que eu permaneça no PR; não há mais clima. Não posso ainda adiantar qual será meu destino, que tem até 7 de outubro para ser definido, mas uma coisa é certa: qualquer que seja minha nova legenda, não será da base aliada do governo municipal. Depois de ontem, não posso compactuar com o que vem fazendo Garotinho. Eu agi em respeito à lei, enquanto ele excedeu o respeito a qualquer limite.
Traição — Soube que Garotinho falou em seu programa de rádio, que hoje execedeu em mais de uma hora, como sempre faz o que quer na rádio O Diário, gerando inclusive as duas cassações de Rosinha, que ele me perdoaria. Essa total inversão da realidade só comprova seu atual estado de desequilíbrio, ao qual me referi ontem na coletiva (aqui). E falo isso com muito pesar, pois sou seu irmão e, apesar de tudo, tenho amor por ele. Agora, não é por ser seu irmão, que serei seu capacho, seu pau-mandado, triste papel relegado a todos os aliados que lhe restaram. Nunca abaixei minha cabeça, sempre disse a ele o que pensava ser verdade e isso muitas vezes não era aquilo que ele queria ouvir. Ele disse que eu falei contra ele quando primeiro eles tentaram fazer Paulo Hirano e depois Chicão como vice de Rosinha. Se eu achava, como me acho, capacitado, digno de confiança e com serviços prestados a um grupo político para galgar determinada posição, tenho que ficar calado depois de ser preterido não uma, mas duas vezes? Aliás, nesta estória, quem traiu quem? A diferença talvez esteja no nível das discordâncias. Alguns, como eu penso sempre ter feito em minha vida pública, são capazes de divergir apenas no campo das idéias, sem ódio, sem gosto de sangue na boca. Outros têm a necessidade, algumas vezes até patológica, de fazer de seus opositores inimigos pessoais. Garotinho não é meu inimigo, é meu irmão em sangue e em Deus, e eu o perdôo. Só que depois de ontem, não dá para aguentar mais. Não posso estar ao lado de quem pratica o mal. Não foi a primeira vez que ele me traiu, mas com certeza foi a última.

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