quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Por que o estoque não diminuía?

Pr. João Soares da Fonseca
Eram dois irmãos; um solteiro e um casado. O casado tinha muitos filhos. Os dois compraram uma fazenda e resolveram administrá-la em regime de sociedade. Concordaram que plantariam e colheriam, dividindo a colheita: metade para cada um.
Os negócios iam bem. Mas um dia o solteiro pensou: "Não é justo que meu irmão e eu dividamos igualmente os frutos, porque sua família é numerosa; é muita gente para ser alimentada, ao passo que eu só tenho a mim mesmo para alimentar. Farei o seguinte: Todas as noites, irei ao meu celeiro, apanharei um saco de grãos e o levarei em sigilo ao celeiro do meu irmão. E, de fato, começou a fazer exatamente assim: Tarde da noite, o irmão solteiro punha às costas um saco de grãos e cuidadosamente o transportava até o celeiro de seu irmão casado.
Por sua vez, o irmão casado também pensou: Não é justo que meu irmão solteiro e eu dividamos igualmente os frutos de nossas colheitas; eu tenho muitos filhos, de modo que, no futuro, quando eu for bem idoso e as forças me faltarem, eles irão certamente me sustentar. Mas meu irmão não tem ninguém por ele. E quando ele for velho, quem o sustentará? Farei o seguinte: Todas as noites, irei ao meu celeiro, apanharei um saco de grãos e o levarei em sigilo ao celeiro do meu irmão.
Assim pensou, assim começou a fazer.
Todos os dias, pela manhã, porém, os dois irmãos ficavam admirados com o fato de que, mesmo levando secretamente um saco de grãos para o celeiro de seu irmão, o estoque de cada um não diminuía.
Uma noite, porém, os dois irmãos se encontraram bem no meio do caminho entre os dois celeiros, cada um com um saco nas costas. Compreenderam finalmente porque o estoque de cada um não diminuía. Surpresos, felizes, de pronto jogaram ao chão os sacos e abraçaram-se demoradamente.
Esta história nos vem do riquíssimo folclore judaico. Contam os judeus que Deus olhou lá do céu e flagrou aqueles dois irmãos assim abraçados; e Deus teria dito: "Este é um lugar santo porque flagrei aí um amor extraordinário". Acrescentam ainda os judeus que foi nesse mesmo lugar que, mais tarde, Salomão viria a construir o templo.

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