Minha irmã mais velha, Nelma, era
criança, bem criança. Nossa família morava na roça, num sítio, e fazia divisa
com outros. A vizinhança na roça significa morar a alguns minutos e até hora de
distância de uma casa para outra. Na cidade, às vezes, a vizinhança significa a
mesma parede dividindo as casas.
Uma das famílias vizinhas era muito amiga. Um
dia, minha irmã foi à casa dessa família para fazer alguma coisa. Na volta, viu
uma lata velha jogada no chão (parece-me que é daquelas de gordura de coco,
lembra-se!?) e, para alguma satisfação como brinquedo, trouxe para nossa casa.
Chegando cá, minha mãe perguntou-lhe: “Onde você encontrou essa lata?”. “No
quintal de dona... (não me lembro o nome da vizinha)”, respondeu Nelma. “Ela te
deu?”, voltou a perguntar. Recebendo “não” como resposta, minha mãe sentenciou:
“Vá até à casa dela e devolva a lata. Nada se pega de ninguém”. O mesmo
percurso foi feito num causticante sol para devolver uma lata velha.
Pode parecer exagero. Afinal, uma lata velha
jogada no quintal sem qualquer valor, nem monetário nem emocional. Mas não é.
Atitude como essa é que ajuda a formar o caráter de crianças. Criança sem um
presente para festejar fica triste. Criança sem impressão no caráter fica sem
vida. Criança sem um presente para festejar sofre por alguns dias. Criança sem
impressão no caráter sofre a vida toda.
Estamos nas comemorações do Dia da Criança.
Que tipo de investimento temos feito na vida delas? Que tipo de gente teremos
daqui a alguns anos? Com certeza, teremos adultos que receberam as impressões
que deixamos em seu caráter.
Diz a Bíblia: “Ensina a criança no caminho em
que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele” - Provérbios 22.6.
Que nossas crianças recebam o melhor presente
de nós: a formação de um bom caráter.
Pr.
Neemias Lima
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