Primeiro, eu me entristeço diante de atletas que vão para as quadras e pistas ajudados por guias, já que são cegos, ou transportados por cadeiras de rodas, já que seus movimentos são limitados. Às vezes, tenho que segurar as lágrimas e mesmo desviar o olhar, para minorar a minha angústia.
Enquanto os atletas seguem em suas disputas por um pódio, sigo-os com atenção, de modo a ir absorvendo suas qualidades enquanto imagino suas histórias, com todos os esforços envolvidos: os seus, os de seus familiares e os de seus países. Muitos tentaram chegar aos jogos, e eles conseguiram. Eles decidiram se expor, quando muitos se escondem. Nas pistas, eles sofrem como todos os atletas sofrem, porque toda vitória é filha do sofrimento. Não preciso sofrer por eles. Podem não enxergar mas aceitam o apoio de um guia. Podem não andar, mas se arrastam ou viajam numa cadeira de rodas. Podem não escutar, mas se comunicam por sinais. Podem-lhe faltar os braços, mas lhe sobram movimentos.
Meus confusos sentimentos se esclarecem diante da vibração dos medalhistas. Os que podem sorrir gritam. Os que não podem pular rolam no chão. Os que não podem ver abrem largos sorrisos e mandam beijos. Quando seus hinos tocam, eles se derramam.
Praticar um esporte é superar-se. Praticar um esporte paraolímpico é vencer seu próprio corpo. Vencer uma competição paraolimpica é escrever um capítulo de uma saga.
Precisamos olhar para nós mesmos olhando para eles, que tinham tudo para se achar perdedores, mas são outra coisa: são campeões.
Desejo-lhe um BOM DIA.
Israel Belo de Azevedo
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