Aceitação na membresia de pessoas homoafetivas**
Dr. Carlos Alberto de Oliveira*
Demorou, mas acabou de acontecer o que todos sabiam que não tardaria: uma Igreja Batista ligada à CBB – Convenção Batista Brasileira - passará a aceitar no rol de membros pessoas homoafetivas, quer seja por batismo, carta de transferência e aclamação.
Digo que não tardaria, por ser uma questão pós-contemporânea como o assunto de pastoras assumirem o púlpito. Na modernidade, outros assuntos também tiveram de ser enfrentados como o uso de calça comprida pelas mulheres, o uso da bateria como elemento do louvor, a coreografia como expressão de adoração, dentre outras.
Alguns consideram tal decisão uma verdadeira rebeldia, mas daqui a pouco choverão ações acusando as igrejas de discriminação. Talvez um dos argumentos que os advogados dos que sentirem prejudicados vai usar é que o homo afetivo foi convidado através de um hino que diz: EU VENHO COMO ESTOU e ele foi (ou veio) ou que o pastor pregou que Deus não faz ACEPÇÃO DE PESSOAS e nem seus seguidores... e aí o que a igreja vai argumentar? Nem adianta mudar os Estatutos, diante de norma de caráter público.
A legislação está mudando. Os posicionamentos dos Tribunais já é o de acolher (ou reconhecer) diversos direitos em nome do Princípio da Igualdade, princípio basilar de nossa Constituição e que influenciou a humanidade, antes mesmo da Revolução Francesa, quando se somaram a outros princípios constituindo a tríade: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Vale lembrar o caso dos planos de saúde que foram obrigados a reconhecer companheiro(a) homossexual como dependente preferencial da mesma classe dos companheiros heterossexuais para fins de dependência, com base na aplicação do princípio da igualdade, desde que comprovada a união estável entre pessoas do mesmo sexo, sendo capaz tal situação de gerar direitos, deveres e produzir efeitos no mundo jurídico.
Saliento a tese majoritária de que a relação homoafetiva produz reflexo no mundo jurídico, ou seja, sua desconsideração ou limitação ou exclusão poderá ser avaliada pelo judiciário que vai decidir, ainda que contrário à igreja ou suas associações.
A CBB está sendo requisitada a tomar uma posição a respeito. Dura tarefa!
Se não se posicionar, será acusada de omissa.
Se se posicionar, poderá haver um racha.
Se se posicionar de forma negativa, poderá haver diversas desfiliações espontâneas e uma enxurrada de questionamentos legais, inclusive sobre a autonomia das igrejas para gerirem os assuntos locais.
Se desfiliar a Igreja, será acusada de agir de forma discriminadora.
Se mudar a Declaração Doutrinária e alguma igreja já tiver efetivado à membresia o homoafetivo, a decisão poderá ter efeito retroativo a fim de alcançar a igreja?
São vários os questionamentos. São várias as consequências para cada resposta encontrada. Entretanto uma coisa é certa: jamais a denominação será a mesma com qualquer decisão que venha a ser tomada. Mais certo ainda é que Deus conduz a história e esse é o momento de clamarmos pelas suas misericórdias, auxílio e sabedoria, afinal, se carece sabedoria, Deus a dá e de forma liberal.
O fato é que há pessoas cantando o hino supra (Resolução – 270 CC), chorando e amargurado, com voz rouca se expressam:
“O teu favor estende a mim; Aceita um pecador!”. Aceita-se este clamor? De que forma, sem perder a identidade, sem ferir a tradição, sem que se desconsiderem os temas e desafios atuais, sem reconhecer direitos e obrigações, sem ir de encontro às escrituras?
A voz continua cantando: “Porque Jesus por mim morreu, Eu venho como estou”. Não é preciso continuar como está, mas o convite é para vim do jeito que se encontra.
Que o Espírito Santo conduza as decisões, converta os corações e ilumine nossos passos.
*Carlos Alberto de Oliveira é advogado, funcionário público do Ministério do Trabalho, membro da Primeira Igreja Batista de Pilar, Duque de Caxias, RJ e escritor.
** O texto reflete a opinião do autor e não das instituições citadas acima.
Divisor de águas, haverá antes e depois dessas Decisões na CBB.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDifícil questão legal. Porém, continua sendo pecado. Jesus disse: "vinde como estás", porém após isso, tudo deve se "fazer novo". Se fecharmos nossos olhos para o pecado, não estaremos sendo "luz para o mundo". Um dia o mundo precisará daqueles que não se dobraram a tudo isso. E a pergunta: "encontrarão fé na Terra?"
ResponderExcluirComo advogado que sou, conquanto entenda os argumentos expendidos pelo colega, penso que a garantia da liberdade religiosa, alçada a garantia constitucional, sonados aos documentos batistas, nos servirá de defesa uma vez que ninguém é obrigado a se filiar a uma assoçiaçao civil, como sao as igrejas à luz do CC,Porém, se o fazem hão de respeitar os estatutos de tal associação. Mas sem dúvidas, os tempos exigirão firmeza bíblica e doutrina.
ResponderExcluirComo advogado que sou, conquanto entenda os argumentos expendidos pelo colega, penso que a garantia da liberdade religiosa, alçada a garantia constitucional, sonados aos documentos batistas, nos servirá de defesa uma vez que ninguém é obrigado a se filiar a uma assoçiaçao civil, como sao as igrejas à luz do CC,Porém, se o fazem hão de respeitar os estatutos de tal associação. Mas sem dúvidas, os tempos exigirão firmeza bíblica e doutrina.
ResponderExcluirDifícil e delicada questão, precisamos buscar discernimento. Tememos aceitar em nossa comunidade as pessoas que se declaram homoafetivas, mas convivemos bem com os adúlteros, com os fornicários, com racistas, mentirosos, hipócritas, com líderes que manipulam os fieis...etc.Deus nos converta dos nosso maus caminhos, todos nós.
ResponderExcluirOs dias são maus. Precisamos ser guiados pelo Espírito de Deus que convence, orienta, ensina, dirige, esclarece e oferta a melhor opção!
ResponderExcluirOs dias são maus. Precisamos ser guiados pelo Espírito de Deus que convence, orienta, ensina, dirige, esclarece e oferta a melhor opção!
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