Carlos Alberto de Oliveira*
Ainda que a corrupção enquanto desvio moral não esteja relacionada à religião ou credo, o presente ensaio visa mostrar que tal prática não se coaduna com os princípios adotados pelos cristãos e com os ensinamentos contidos no Código Sacro.
Vale também dizer que a corrupção enquanto câncer social é um complexo fenômeno social, político e econômico que afeta todos os países do mundo. Pode atingir pessoas que se declaram cristãs, como as não cristãs, sendo certo que todas devem estar sujeitas à correção prevista o Ordenamento Jurídico.
A palavra Cristão significa pequenos Cristos, ou seja, pessoas que imitam os passos do mestre dos mestres: Jesus Cristo. Ainda que na história Jesus fosse acusado de sentar-se à mesa com bandidos, prostitutas, líderes corruptos, nunca houve sequer uma acusação ligando Jesus a qualquer dessas práticas.
Por assim ser, o cristão deve lembrar-se dos mandamentos de Jesus, sendo que apenas um seria o suficiente para que se afastasse a corrupção: “ame o seu próximo como a ti mesmo”. Se considerar que a corrupção sempre causa prejuízo a outrem, em detrimento da vantagem ilícita recebida pelo corrupto, o prejudicado é o próximo que foi desconsiderado como tal, que não foi amado, que foi lesado direta ou indiretamente.
Quando o servidor público ganha vantagens indevidas, diretamente está lesando os cofres públicos e indiretamente a todos aqueles que deixam de usufruir dos serviços públicos, como hospitais que faltam materiais, escolas que faltam mobiliários, merendas, professores qualificados e bem remunerados, ausência de segurança pública aparelhada, entre outros.
O cristão não pode se conformar com a corrupção das grandes instituições públicas e privadas, do alto escalão dos Poderes Constituídos e ignorar que atos pequenos também são ilegais, como é o caso de furto de energia, de água, uso de televisão e internet através de grupos ou empresas paralelas. Isso também soma aos atos não condizentes com os princípios neotestamentários.
Estamos na época de declaração do Imposto de Renda. Quantas pessoas arrumam o malfadado “jeitinho brasileiro” para sonegar imposto? Estas mesmas pessoas se justificam que o governo rouba e portanto merece ser roubado! “Dai a Cesar o que é de César; dai ao Leão o que lhe pertence!.
No domingo houve a maior manifestação que esse país já viu. Adianta cristão ir às ruas protestar? Como parte da democracia, vale a pena sim. Entretanto, como conhecedor da Palavra de Deus, não pode deixar de cumprir a ordem bíblica e orar pelas autoridades. Diria até um pouco mais: orar e agir! Caso fique comprovado que exercentes de cargos eletivos praticaram corrupção, a ação tem de ser nas urnas e não reeleger políticos e não compactuar com filosofia viciada, mesquinha e equivocada de partidos ou grupo de pessoas.
Vale seguir a orientação do Código Maior: “Não pervertam a justiça nem mostrem parcialidade. Não aceitem suborno, pois o suborno cega até os sábios e prejudica a causa dos justos”.
(Deuteronômio 16:19).
*Carlos Alberto de Oliveira é advogado, funcionário público do Ministério do Trabalho, membro da Primeira Igreja Batista de Pilar, Duque de Caxias, RJ e escritor.
** Texto originalmente publicado no Blog do Carlos Alberto Betinho. Veja no link: http://carlos-betinho.blogspot.com.br/2016/03/ocristao-e-corrupcao-ainda-que.html
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