sábado, 31 de março de 2018

Silêncio

Depois de três horas de trevas, declarações amorosas como “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”, dramática interrogação como “Por que me abandonaste?” e o comovente “Tetelestai - Tudo está consumado”, silêncio total.

Silêncio na terra, silêncio no céu e o único lugar de agitação e celebração é o inferno, pensando ter destruído o plano tão propagado pelos profetas e anunciado pelo próprio.

Era o silêncio da dúvida que também alcançou os discípulos. Um suicidou-se. Outro carrega culpa. Querem voltar a pescar. O “tudo está consumado” tornou-se para eles “tudo está acabado”.

Era o silêncio da perda da esperança. Não há futuro promissor, “nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora...”. A esperança foi embora. Com sua partida, veio a tristeza.

Era o silêncio da perda de paz interior. Aquela que prostra, oprime, martiriza, petrifica.

No silêncio, o céu está agindo. Os espíritos em prisão são alcançados. O Salvador não estava derrotado no túmulo. Estava em silêncio. Como esteve no Getsêmane. Como esteve em outros momentos no monte.

Não despreze o silêncio, valorize-o. É porta para encontros e reencontros. Depois dele, sempre surge algo novo. Chegará o domingo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário