terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Agora


Um cristão foi ao túmulo de um parente falecido ornamentar com flores. Encontrou outro religioso que deixava ali um prato com alimentação pronta. 

O cristão perguntou: “Você acredita que ele comerá este alimento?”.

O religioso respondeu: “E você acredita que ele sentirá o perfume dessas flores?”.

Os dois ficaram sem resposta.

Sem desrespeitar a cultura e crença diferentes, lembrei-me do poema “Agora”, de Mirtes Mathias. 


Se queres dar-me uma flor;

Dá-me antes que eu morra...


Se podes hoje fazer o milagre

De um sorriso num rosto que chora,

Não coloques flores sobre tumbas;

Se queres dar-me uma flor, faze-o agora.


Se podes dar um lar ao órfãozinho,

Abrigo ao pobre que geme lá fora,

Não encolhas a mão - Deus está vendo;

Se podes dar-me uma flor, faze-o agora.


Se conheces o Eterno Caminho

Que leva ao templo onde a alegria mora,

Não guardes, egoísta, o teu segredo;

Se podes dar-me uma flor, faze-o agora.


Se podes dizer uma frase linda

Algo que faça a tristeza ir embora,

Dize-a enquanto posso agradecer sorrindo;

Se podes dar-me uma flor, faze-o agora.


O que farei das orações, das flores

Quando do mundo eu já não mais for?

Aos pés de Deus eu as terei tão lindas

Que não precisarei do teu amor.


Não esperes o instante da partida:

Se podes me fazer feliz, faze-me agora.

Para que chorar de remorso e saudade?

Custa tão pouco a felicidade:

Dá-me uma flor antes que eu vá embora.


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