Não sei como veio parar aqui em casa um pequeno vaso retangular, com um tipo de terra que mais parece ter sido trazida do deserto. Plantei várias sementes ali, mas nenhuma brotou. Um dia, resolvi adubar naturalmente a terra; peguei as "vísceras" de uma abóbora, retirei uma quantidade equivalente da terra ruim, e, no lugar, enterrei o que restou da abóbora. Como nada esperasse daquela terra, foi enorme a surpresa, certo dia, ao ver um broto de abóbora rebentando do solo. E cresceu rápido, com folhas enormes, verdes e promissoras. E como eram muitas as sementes, a aboboreira praticamente encheu o espaço do vaso. Sendo regada e cuidada, a aboboreira da varanda do apartamento era vida pura.
Eis, porém, que poucas semanas depois, as folhas começaram a amarelar, de um amarelo cor de morte, murchando a olhos vistos. Foi uma tristeza previsível, já que a terra no vaso não chegava a um palmo de altura. Esta semana tivemos que arrancar o que restou da aboboreira morta.
Ao contar a parábola do semeador, Jesus disse que parte da semente "caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz" (Mt 13.5,6). Logo depois, ao explicar a parábola para os discípulos, o Mestre afirmou que a morte daquela planta se deveu ao fato de não ter raiz profunda. Por isso, disse ele, "é de pouca duração" (Mt 13.21). Com a parábola, Jesus nos previne que sempre haverá, na igreja, as adesões "de pouca duração", de raiz rasa. Depois de uma chegada triunfante e espetacular, já que recebem a palavra "com alegria" (v. 20), tais seguidores serão como aboboreira de apartamento: em poucas semanas desaparecerão, perderão o viço, o vigor, a vida. É a espiritualidade fogo de palha, que não aguenta a "angústia e a perseguição, por causa da palavra" (v. 21). O ideal é que "deis fruto, e o vosso fruto permaneça" (Jo 15.16).
Pr. João Soares da Fonseca
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