BENDITO É O LIVRO
Os pensamentos de superfície têm um imenso poder sobre nós. Seu poder vem da simplicidade, que os cunha em frases fáceis. Sua sedução nos fascina por causa do embrulho que os afaga, geralmente brilhantes porque saídos da última forja tecnológica. Sua força se desenvolve pela estratégia da repetição: qualquer coisa repetida à exaustão se torna verdadeira, mesmo que não o seja.
Imagine que um pai (ou mãe) queira estimular seu filho ou filha a ler. Qual o peso dos pensamentos de superfície na formação deste menino e menina? Talvez, diante de tantos recursos da indústria do entretenimento, o filho acabe achando que o livro esteja superado e o seu pai, ultrapassado.
É clara a confusão: uma coisa é o conteúdo e outra é o objeto. É provável que o objeto mude de material. O papel coexistirá e conviverá com outro tipo de matéria-prima. O conteúdo poderá vir em outra embalagem, que vai alterar a forma de conhecer, mas a heurística será a mesma. Por parte do autor, continuam valendo a imaginação, a ideia, a pesquisa e a exposição. Por parte do leitor, a curiosidade, a busca, a aventura, o diálogo e a memória lhe farão pulsar o desejo.
Mudará pouco na vida do filho, se o pai conseguir lhe mostrar, contra a superfície da corrente, que ler continua essencial.
E tudo isto demanda coragem.
Desejo-lhe um BOM DIA.
Israel Belo de Azevedo
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