Verdade ou mito, da Roma antiga nos vem esta história encantadora.
Androclo era um escravo que fugiu do seu senhor. Capturado, foi levado à arena do Coliseu para ser devorado por um leão. Era um espetáculo que em geral atraía as multidões e as conduzia ao delírio. Aconteceu, porém, que o leão veio com muita fúria, mas parou diante de Androclo, cheirou-o de um lado ao outro, esfregou a cabeça em sua perna carinhosamente, como se fora um gatinho de estimação, deitou-se aos seus pés e ali ficou. Para decepção e irritação da plateia sanguissedenta. As autoridades quiseram saber que mistério era aquele. Havia alguma fórmula de se paralisar um leão? O escravo explicou que não havia fórmula alguma.
Explicou que um dia, fugindo à perseguição de seu senhor, não viu outra alternativa senão refugiar-se no que parecia ser uma toca. Veio depois um leão, urrando de dor, ferido e sangrando. Primeiro, teve medo. Mas depois, viu que a fera parecia querer mostrar uma das patas. Ali estava a razão de tanta dor: havia uma estaca enfiada na pata. Passado o medo, Androclo notou que podia ajudá-lo a curar-se. Retirou a estaca, e ele então se acalmou, deitando-se aos seus pés. E só agora se reencontravam.
Como é que um animal irracional pôde ser grato, quando tantos ditos racionais são ingratos?
A Humberto de Campos se atribui a frase: "A ingratidão é o pior de todos os pecados". Ainda que teologicamente deficitária, esta sentença porta uma verdade inegável. Basta ver o episódio de Lucas 17.12-19. Dez leprosos, longe do calor familiar, ilhados pela lepra, vivem vidas miseráveis. Se se aproximassem de alguma aldeia, poderiam ser apedrejados. Jesus os cura pelo poder de sua palavra. Mas apenas um volta para agradecer. Em dez, apenas um se lembra de agradecer.
Ao encerrar as celebrações dos 127 anos de nossa igreja, não paremos de agradecer.
Pr. João Soares da Fonseca
jsfonseca@pibrj.org.br
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