Pr. Lourenço Stélio Regas
Nos últimos tempos, é cada vez mais comum notícias sobre a vida sexual de pastores e líderes ganharem destaque na mídia. Nas próprias igrejas que conhecemos ou freqüentamos, invariavelmente, existe algum caso de assédio sexual que envolve a liderança. A questão sexual, que tanto marca a sociedade ocidental contemporânea, tornou-se uma preocupação sempre mais constante também dentro das igrejas. Diferente do restante da sociedade, que banaliza o sexo e até incentiva o prazer sem compromisso, quando o assédio sexual acontece no pastorado, marca para sempre a vida do obreiro e até o incapacita para o exercício de sua função.
A pergunta que costumam me fazer é: por que um líder, consagrado, conhecedor da Palavra de Deus, acaba caindo em adultério ou se envolvendo sexualmente com outra pessoa fora de seu relacionamento matrimonial?
Há diversas razões para isso e, dentre elas, é possível destacar algumas. Tenho percebido que muitos líderes, que caem em sua vida sexual, mantêm um viver mais orientado pela atividade ministerial que orientado por princípios norteadores da comunhão com Deus e respeito ao próximo, às ovelhas. Em outras palavras, o líder está muito ocupado com a obra do Senhor e pouco com o Senhor da obra; não tendo tempo para ouvir diariamente a sua voz, perde o temor a Ele e acaba avançando o sinal.
Em outro tipo de situação, o líder passa também a não dar tempo para sua família, para seu relacionamento matrimonial e vai se desligando afetivamente dos filhos e esposa a ponto de perder o referencial de lealdade “ao primeiro amor” e deslocar sua afetividade ao trabalho. No fundo, se torna um carente afetivo e fica vulnerável a qualquer situação de envolvimento sexual. Pessoas que lidam com este assunto afirmam que um marido e uma esposa que se cuidam afetiva e sexualmente são menos vulneráveis ao adultério.
Tenho conhecimento de colegas no ministério, que pouca ou nenhuma atenção dão à sua esposa e à sua família, se dedicam exclusivamente ao ministério achando que a Deus cabe suprir a sua ausência doméstica. Neste caso, não somente eles são vulneráveis, como também colocam a esposa na mesma situação. Paulo fala que os bispos - pastores - que não cuidam de sua casa, não devem cuidar da casa de Deus. Isso é grave.
Mas também há a fragilidade na formação estrutural ética do líder. Isto é, a pessoa pode até ter uma forte formação teológica e exegética, mas não tem uma sólida formação nos princípios éticos. As emoções e sensações falam mais alto e o líder termina por cair.
O senso de poder, presente naturalmente numa função de liderança, tem sido apontado como outro fator que pode causar esse desvio. O líder se acha tão poderoso, acreditando que pode tudo, inclusive se envolver afetiva e sexualmente com outra pessoa e se tornar impune.
Ainda temos a fragilidade na formação na área psíquica dos impulsos. O líder pode não ter recebido adequada estruturação nesta área e acabar caindo no que é conhecido como “compulsão sexual”, que é um vício. Vê a outra pessoa como um objeto sexual.
Como é possível perceber, as causas que levam ao assédio sexual na vida do obreiro são muitas e se não forem tratadas com energia e decisão - ainda que o assunto seja tão difícil -, podem prejudicar não somente a vida e a família dele, mas destruir a congregação. Há muita coisa ainda a ser dita sobre o assunto, mas, primeiro, é preciso refletir e tratar do que já foi falado aqui.
Fonte: www.clickfamilia.org.br
Extraído de vigiai.net
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