Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 8 de janeiro de 2012
Um colunista escreveu um artigo intitulado “A cracolândia somos nós” (Folha, 6.1.12), focando os viciados em crack, em S. Paulo. Não declarou que somos culpados pela existência deles, e sim que eles são responsabilidade de todos. Mas o título é pouco lúcido. Um chamariz, mas infeliz. Eu não sou a cracolândia.
Por ser pastor, chamar-me-ão de reacionário, direitista (até porque não recito chavões esquerdistas que eu adorava quando adolescente). Mas alguns comentários de leitores, mesmo atribuindo ao jornalista o que ele não disse, são úteis. Um deles, Calango Doido (pitoresco!), disse: “Cracolândia somos nós uma pinóia. Inclua-me fora desta. Nunca colaborei com o tráfico e meus filhos foram muito bem criados para que eu também leve esta alcunha. Se você se sente culpado em algo, então diga que a Cracolândia é você, eu não tenho nada a ver com aquela tranqueira”. Outro escreveu: “Eu pago 40% do PIB em impostos para ter saúde, educação, segurança e NÃO TENHO NADA DISSO. Agora segundo o pensamento do Sr. ******, sempre temos responsabilidade em todas as mazelas espalhadas por ai . Outro dia veio dizer que motoboy psicopata é CULPA de todos”. Um terceiro disse: “Esse papo de novo que todo cidadão é culpado pelas mazelas da sociedade já é demais. Drogados não foram obrigados a entrar nessa vida. Se existem culpados nessa história, é certamente o poder público que deixou a situação chegar nessa proporção, e os próprios viciados que alimentam o tráfico”. Não sou o único reacionário deste país. Ou o único a não ceder ao sociologismo bocó…
A Bíblia diz que somos responsáveis por nossas opções. “Escolhei hoje…” (Js 24.15). Somos chamados a tomar decisões e administrar nossa vida. Você é responsável pelo que faz. Hoje ninguém assume culpa de nada. Culpam os pais, a sociedade, os políticos (e quem os elege, não tem culpa?). Ninguém diz: “Errei!”.
A graça de Deus nos capacita a acertar na vida. Paulo não se via digno de ser apóstolo, “mas pela graça de Deus sou o que sou” (1Co 15.9-10). Se você acertar, tem mérito, mas deve reconhecer que a bondade e a graça de Deus lhe ajudaram. Se der errado, o culpado não são seus pais nem a sociedade, ente fictício que é todo mundo e não é ninguém. É você. Você faz a sua vida. Pare com o “tadinho de mim!”. O coitadismo é uma desgraça!
Inclua-me fora dessa, cara pálida! Estou a 4.000 km da cracolândia paulista. Basta-me a daqui. Viciados merecem compaixão e ajuda. No entanto, não cedo ao politicamente correto: são pessoas que fizeram opões erradas em sua vida, cuidaram-na mal, e cederam ao pecado. Merecem compaixão. E são uma advertência: quem faz escolhas erradas deve arcar com as conseqüências. Por isso, cuide bem de sua vida.
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