Lição 10 - A liberdade em Cristo
Texto bíblico: Gálatas 4.1-11; 5.1-15
Entre outros significados, a liberdade em Cristo está relacionada com as seguintes ações:
O resgate da cruz
Resgatar, remir são ações que pertencem às mais belas imagens do Antigo Testamento (Jó 19.25; Sl 19.14; Is 47.4). Literalmente, o redentor é alguém que compra de volta a liberdade de outrem, que fora colocado em estado de escravidão, seja por causa de uma dívida ou qualquer outro motivo.
Tendo essa imagem em mente, entendemos por que, na plenitude dos tempos, Jesus veio para resgatar os que estavam debaixo da lei (Gl 4.4,5). Sobre esse resgate, podemos afirmar, entre outras possibilidades:
●teve preço de sangue (1Co 6.20; 7.23);
● trouxe libertação ao pecador, sua redenção e condução para fora da condição anterior;
● dá-se na esfera espiritual, em que ocorre “o recebimento do Espírito” (Gl 3.2) e o cumprimento da promessa da parte de Deus (Gl3.14), pela resposta positiva ao apelo da fé (Gl 3.11).
Descreva, com suas palavras, a bênção divina que ocorre na passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, da lei para a graça.
O abandono das obrigações espirituais da lei
Outra importante relação com a liberdade em Cristo é a renúncia da lei em prol da graça.
Paulo usou palavras duras para expressar a perversidade da servidão da lei: “viver como judeus” (Gl 2.14), a “maldição da lei” (Gl 3.13), o “estar reduzido à servidão debaixo dos rudimentos do mundo” (Gl 4.3). Tal influência escravizadora ocorre em dois aspectos:
a) Primeiro, cria vítimas oprimidas e indefesas. Intelecto, sentimento, coração e vontade são influenciados por essa condição pecaminosa. Nesse sentido, o pecador sofre os terríveis resultados decorrentes de seus erros (Jo 8.34).
b) Segundo, os homens não são apenas vítimas desse estado pecaminoso. A servidão do pecado mantém um influência corruptora. Os que acolhem a opção legalista tornam-se, também, algozes. Nessa busca inócua por liberdade mediante a adoção de regras e de rituais (Gl5.1b), eles não apenas sofrem, mas infligem os efeitos do pecado aos demais – o jugo da escravidão.
O que é esse tal “jugo da escravidão” de que Paulo tanto fala? A palavra jugo se refere à canga colocada sobre o lombo do boi, prendendo seus movimentos a um serviço a ser executado. A metáfora é simples: Paulo fala do fardo de viver sob obrigações religiosas e civis impossíveis de guardar em busca da salvação.
O fracasso da lei é absoluto (Rm 8.3a; Sl 14.3). Logo, se a lei não é capaz de solucionar a desordem interior que é causada pelo pecado, não há esperança de justificação para aqueles que esperam na lei (Gl 5.4).
Paulo explica que “o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20b). Portanto, ao constatarmos nossa condição pecaminosa, nada nos resta senão a culpa. Todos que tentam salvar a si mesmos por meio da autojustificação encontram-se separados de Cristo.
Até que sejamos libertados da culpa e declarados inocentes de nossos pecados, pesa sobre nós a expectativa da condenação. No entanto, somos advertidos de que esta liberdade foi possibilitada “pelo escândalo da cruz” (Gl 5.11b), onde Jesus “se deu a si mesmo por nossos pecados” (Gl1.4). Glórias a Deus!
A tragédia desse estado de escravidão espiritual, principalmente, quando é forjado pela influência de falsos mestres, evidencia-se, hoje (2Pe 2.17-19)?
Firmeza contra a apostasia da fé
Paulo afirma, categoricamente, que o cristão precisa de constância na decisão de crer: “permanecei, pois, firmes” (Gl 5.1b). Crer em Cristo é uma condição vitoriosa, espiritualmente (1Jo 5.4), pois sustenta-se na justiça de Deus obtida no sacrifício da cruz.
Entretanto, nem todos que se aproximam da igreja têm a experiência da fé salvadora (2Co 13.5; 2Ts 3.2). Os opositores do evangelho, por exemplo, não a tinham. Além disso, procuravam desvirtuar os crentes da Galácia e conduzi-los à apostasia, que é o repúdio e abandono deliberado da fé que a pessoa professou (ver Hb 3.13).
Em Romanos 11, Paulo usa a figura de uma oliveira para ilustrar a “queda” de Israel. Nessa imagem, os ramos quebrados representam a rejeição de Deus, parcial e temporária, causada pela incredulidade e pela desobediência (Rm 11.22,23). Assim, a queda de Israel tornou possível que a riqueza da salvação alcançasse os gentios. A partir dessa nova realidade, a misericórdia divina manifesta-se sobre todos, judeus e gentios, em Cristo (Rm 11.26,27).
É importante observar que Paulo não advoga a perda da salvação em Gálatas 5.4. A queda “para fora” da graça é a escolha dos adversários do evangelho pregado por Paulo. Essa opção representa a realidade das pessoas que alienando-se (separando-se) da opção de Deus – a “justificação pela fé” – obedecem aos preceitos da lei (circuncisão e guarda dos mandamentos). Esse “esperar na lei” constitui-se como um viver carnal, alheio à influência do Espírito e à verdade do evangelho (Gl 5.7; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8).
Em Gálatas 5.5, o uso do pronome na primeira pessoa do plural identifica os salvos: “Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé.” Conectados a Deus, pela fé, entre outras possibilidades, abrem-se para os salvos as seguintes situações cotidianas:
● sentem-se libertados da culpa e declarados inocentes (Rm 8.1);
● são guardados e protegidos pelo poder de Deus (1Pe 1.5);
● crescem e amadurecem, suportando as perseguições do mundo, para a glória de Deus (2Ts 1.3,4; Cl 2.7);
● oferecem conforto espiritual uns aos outros (Rm 1.12);
● batalham pela fé que afirmam possuir na incessante, tomando posse da vida eterna (Jd 1.3; 1Tm 6.12). (((CONFIRMAR)))
De que maneira podemos lutar juntos pela fé evangélica (Fp 1.27)?
A adoção espiritual
A mais tenra imagem da liberdade em Cristo é a adoção espiritual.
Paulo utiliza-se do campo jurídico, como no caso da justificação, para descrever a adoção (gr. huiothesia). Era um procedimento comum nas sociedades grega e romana, pelo menos entre as classes superiores, ainda que limitado a cidadãos livres. No caso romano, o adotado tornava-se, praticamente, um escravo, sob a autoridade do pai adotivo. Assim, sua adoção conferia-lhe direitos, mas também tinha uma lista de deveres.
Em Gálatas 4, Paulo apresenta a figura da lei escravizando herdeiros até uma determinada data. Duas situações trariam liberdade: a maioridade ou a morte do pai. A partir do versículo 4, essa figura modifica-se. Alguém que era realmente um escravo (não um menor), torna-se um filho e herdeiro mediante a redenção (Gl 4.5). A referência aos gálatas fica evidente, pois eles haviam sido libertados do pecado da idolatria (Gl 4.8,9) e tornados filhos de Deus, pela fé em Cristo (Gl 3.26).
Em Efésios 5.1, temos declarado o motivo da adoção: o imenso amor de Deus. Assim, no tocante a Deus e à salvação, não há mais hierarquia ou classes de pessoas [ricas e pobres; inteligentes e obtusas, brancas e negras, etc.]. Deus só faz uma exigência: a fé. Por ela, seus filhos “aguardam a esperança da justiça [de Deus]” (Gl5.5b).
O resgate da cruz modifica a condição do pecador. Torna-o um filho e herdeiro de Deus, por adoção. O que esse status e modo de vida representa, no aspecto prático?
Conselhos úteis:
Escravidão. Esse é o status sombrio que cerca a humanidade, sob duas diferentes perspectivas: a servidão do pecado e a da lei.
Adoção. Esse é o status luminoso que cerca a humanidade, sob a perspectiva da liberdade da graça de Deus, em Cristo, que justifica o pecador.
O verdadeiro cristão não anda mais em trevas, mas é luz no Senhor (Ef 5.8). Assim, ele não vive mais escravo da lei do pecado e de sua maldição. Também não vive mais para si mesmo. Foi tornado servo do Rei e tratado como filho e amigo de Deus.
Você já escolheu servir a Deus, pela fé? Você já passou das trevas para a luz? Então siga o conselho de Paulo em 1Tessalonicenses 2.12!
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