Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 26.5.13
Um dia desses, saídos da igreja, Meacir eu paramos numa padaria que fora reformada. Nova frente, vitrinas amplas, ar condicionado, bom espaço, prateleiras circulares ao redor das pilastras e outras horizontais. Muito material: suco, refresco, panetone, lanchonete, congelados. Que legal! Um bom lugar para comprarmos um pãozinho quente na ida para casa. Só que, tendo muita coisa, a padaria não tinha pão. Padaria sem pão.
Um amigo meu, no tempo em que não havia etanol, apenas gasolina e diesel, parou num posto de gasolina, entregou a chave do possante Fusca ao frentista e pediu “Completa!”. O frentista indagou: “O senhor quer gasolina?”. O amigo, que não tinha muito humor, retrucou: “Não, quero banana. Vim comprar banana!”.
Não fui grosseiro assim. Até porque eu não queria gasolina. Mas também não queria energético, revistas de palavras cruzadas, chaveiro de time de futebol ou lâmina de barbear. Queria pão. Como não havia, fui-me embora.
Há igrejas como esta padaria. A pessoa não ouve falar de Jesus, embora a igreja seja dele. Ela louva o louvor, reivindica, declara, aperta o braço do irmão e diz que ele nasceu para ser vencedor (ao comando do dirigente), mas não ouve falar de Jesus, da cruz, da salvação eterna ganha no Calvário. Padaria sem o Pão da Vida.
Padaria sem pão é culto sem Jesus e sem a cruz. É o culto em que a Bíblia não é proclamada em sua inteireza, mas apenas partes isoladas que não mostram seu ensino, e sim o que as pessoas desejam. Padaria sem pão é o culto sem proclamação da soberania de Deus, da sua graça que perdoa nossos pecados quando nos arrependemos, mas apenas apresenta palavras de animação. Padaria sem pão tem o rosto de Lair Ribeiro, não o de Jesus. Os ouvintes não são pecadores que precisam ser confrontados com sua situação real e com a graça de Deus que os aceita, perdoa e restaura. Numa cópia do mundo, eles são vítimas de um mundo mau e de um Maligno que lhes tira as coisas e eles devem vir pedir restituição na igreja. Padaria sem pão é a igreja que vê culpados como coitadinhos. E ao invés de chamá-los ao arrependimento e a depositarem a vida e a fé em Jesus, ministra-lhes terapia de segunda categoria: como se sentir bem em seus pecados, ao invés de deixá-los.
Padaria sem pão tem muita coisa. Mas não tem o essencial. Igreja sem o essencial é assim. Tem o jantarzinho, a pelada sabatina, o joguinho de vôlei, o cineminha evangélico, o carteado entre irmãos, mas não tem a adoração ao Deus Santo, com o temor de Isaías (Is 6.5) e com o sentimento de indignidade de Pedro (“Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” – Lc 5.8). Padaria sem pão tem festa, mas não quebrantamento. Tem alarido, mas não convicção de pecado.
Deus amado, não nos deixe ser padaria sem pão! Que queiramos o Pão da Vida, e não os badulaques da padaria.
Fonte: http://www.isaltino.com.br/
Muito bom texto!!!
ResponderExcluirDói perceber o apoio que tantos líderes (prs) têm diante da fatalidade de deixar as igrejas sem Pão! Dói perceber tudo sendo usado para atrair pessoas, menos o oferecimento do Pão. E sabemos o porquê disso estar acontecendo; pois para oferecer o Pão é preciso dizer como Ele foi feito...e como sofreu... e a razão disso tudo. É preciso dizer da indignidade de cada um, apontar Biblicamente o Pecado...e isso não funciona bem como estratégia de Marketing, não é mesmo? Então, abrem-se por aí, cada vez mais, "padarias sem pão". E para continuar existindo...e dando lucro, as padarias vão inventando maneiras para conseguir lucro. E como dói perceber algumas que ainda resistiam, cedendo e, se deixando levar pela ganância, oferecendo tudo que as outras oferecem, inclusive um pão falsificado que não serve para matar a fome... Triste realidade de tantas cujos líderes se deixaram levar pela ganância e desejo de poder. Nelas, a Escola Bíblica, perdeu a razão, tornando-se um encontro de bate papo. E algumas já estão usando o momento do encontro que deveria ser para adoração a Deus, como uma oportunidade de anunciar projetos políticos, culturais e de negócios... Triste realidade daquelas igrejas que abandonaram a Sã Doutrina...Querem aventura de outros sabores, de outros prazeres que lhes façam suspirar...Negócio e prazer, um encontro dominical que satisfaz a muitos que desconhecem a razão da existência da Igreja!
ResponderExcluirHenri - Membro da ABACLASS.