Um dos reais avanços da sociedade brasileira é o modo como trata os excepcionais, agora amplamente chamados de especiais. Este avanço veio sendo lento e sou parte desta história.
Na minha infância, em Vitória, o pastor da minha igreja tinha um filho, já adulto, que era especial. Eu gostava dele, mas mantinha toda a distância possível. Tinha medo.
Em 1970, fui recenseador para o IBGE e descobri numa área rural do Paraná uma família com adolescentes especiais que viviam segregados por causa da vergonha. Achei aquilo tão triste que nunca esqueci aqueles rostos.
No meu aprendizado, li o maravilhoso "Meu anjinho desconhecido", de Dale Evangs Rogers, em que todos tratam seu filho/irmão especial como um anjo enviado por Deus para fortalecer a família.
Um dia destes vi com atenção uma entrevista do jogador Romário, em que respondeu, lembrando os Rogers, a uma pergunta sobre sua vida depois da chegada de sua filha Ivy:
-- Um anjo não cai no colo de cada um. Eu como pai de uma criança especial, posso dizer que todos os pais como eu podemos nos considerar pessoas especiais.
Outro dia, encontro um especial na calçada, com uma corneta na mão. No meio da avenida, uma senhora -- talvez sua mãe -- que atravessava, de bengala e dificuldade, a rua. O rapaz estava ansioso olhando o trânsito, como se quisesse parar os carros e proteger a sua querida.
Meu aprendizado continua. Hoje durante o culto, eu estava assentado no primeiro banco. Então, uma adolescente especial, que a mãe insiste amorosamente em integrar, se aproximou:
-- Oi, pastor.
E me abraçou, sorridente.
Aos nos abraçarmos, ela fez me fez especial também.
Desejo-lhe um BOM DIA.
Israel Belo de Azevedo
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