Nas 700 cidades brasileiras com maior proporção de evangélicos, a candidata Dilma Rousseff (PT) se saiu tão bem ou até um pouco melhor do que no conjunto do país.
Esse dado reforça a tese dos cientistas políticos que afirmam que a religião não é uma variável importante em eleições no Brasil.
Embora não derrube, ele relativiza a teoria de que Dilma não venceu no primeiro turno porque perdeu parte dos votos religiosos devido a suas posições sobre o aborto.
Se dependesse apenas dessas cidades com maior presença evangélica (30% ou mais da população), a petista já estaria eleita, com uma média de 53% dos votos.
Neste Brasil evangélico, Dilma também se sai bem em outros recortes estatísticos. Em 63% dos municípios, ela igualou ou superou sua média nacional de 47%. Em 71% deles, ela derrotou seus adversários, contra média nacional de cerca de 70%.
Marina Silva (PV), cujo crescimento de última hora foi atribuído por alguns analistas ao voto religioso, na verdade se sai mal no Brasil evangélico. Se dependesse apenas desses municípios, sua votação média teria sido de apenas 11,2%, contra os 19,33% registrados nacionalmente. Ela supera seu próprio desempenho em apenas 11,7% das cidades com mais de 30% de protestantes.
Para José Serra, a votação teria sido de 34,4% (contra 32,61% no Brasil real). Ele se saiu melhor do que sua média nacional em 56% das cidades mais evangélicas.
Para fazer a análise, a Folha usou resultados da eleição divulgados pelo TSE e uma projeção da população evangélica de cada município em 2007 feita pelo Ministério de Apoio com Informação (MAI), uma rede de auxílio a igrejas evangélicas.
ÉRICA FRAGA / HÉLIO SCHWARTSMAN
Folha Online
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