Leonardo Boff afirma que tema camufla falta de projetos dos candidatos
No segundo turno, sem os demais candidatos concorrentes a presidência da república, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) partiram previsivelmente para o ataque. O que talvez muitos não esperassem é que a discussão ganhasse um viés religioso e que o aborto virasse tema central em muitos debates. “É lamentável que a religião seja instrumentalizada em favor de um partido político. A igreja deve beneficiar apenas o povo”, acredita o teólogo Leonardo Boff.
Segundo ele, discutir um tema como o aborto nas eleições, que ganha conotação conservadora e moralista na cultura brasileira, é desviar o foco do debate de projetos daqueles que concorrem ao cargo público de maior prestígio no país. Boff explica que um presidente não é capaz de resolver a problemática do aborto porque ele não pode definir nada por meio de um decreto. “É preciso discutir o tema em plebiscito, e não em campanha eleitoral, e aprovar a decisão em várias instâncias. Então, esse debate nas eleições apenas camufla a falta de projetos para apresentar ao eleitorado”, alerta.
Mas a defesa por um posicionamento sobre o aborto pode se tornar ainda mais complicada se representantes de igrejas passam a defender determinado candidato por causa do tema. “Não represento a igreja, não sou padre, apenas teólogo, então tenho mais liberdade para falar sobre o tema, porém, representantes da igreja, de diferentes religiões, precisam ter cautela ao defender determinado partido para que nada seja imposto e que a democracia prevaleça de maneira ética”, afirma.
O teólogo é a favor da eleição da candidata Dilma Rousseff porque acredita na continuidade do atual governo. Ele é um admirador da trajetória do presidente Lula. “O povo estava cansado de votar nas elites e resolveu votar neles mesmos, ao eleger o presidente Lula. Dilma é a continuidade do governo dele”, defende.
Daiane Rosa
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