Por Pr. Flavio Lima
Eu não sabia que ele tem nome bíblico, mas tem, e consta na genealogia de Jesus e quer dizer “presente de Deus”. Quem diria? Jessé Gomes da Silva Filho o “Zeca Pagodinho”, um carioca de Irajá, onde, também, vivi a minha meninice e juventude. Costumava, como ele, com os amigos, pegar a “Maria Fumaça” e ir até ao pé da serra tomar banho de cachoeira e por esta razão lá foi êle para Tinguá.
O que me impressionou foi vê-lo em seu depoimento no programa da Globo (como domingo tem pouco jornalismo, a não ser o esporte, a gente chega do culto e vai ver o Fantástico, pois o da Record acaba cedo) estreando o quadro “o que vi da vida”, e soltando umas “abobrinhas” cheias de verdades teológicas. Anotei algumas:
A primeira delas: “Médico de pobre é pai de santo, ou, um chinelo quando você sai de linha, nada de psicólogo”. Naquela época esse negócio de psicologia não funcionava com crianças marrentas – umas chineladas ou varadas de guaximba funcionavam muito bem – isso eu aprendí na Bíblia, quanto ao médico e pai de santo... Talvez essa turma, amante da “simonia”, que cria um culto para cada hora ou cada dia da semana possa responder
A segunda: ”Quando você tem mais poder de grana a religião fica um pouco de lado. Quanto mais rico, mais descrente! Se eu estivesse morando em Xerém (Ele mora em um condomínio luxuoso na Barra) certamente que meus filhos estariam indo à igreja, em um culto, em um centro, porque tem que ter uma religião, tem que ter uma fé, tem que ter uma direção boa...uma coisa que te faça acreditar, porque a vida não é isso que você vê...” E aqui vai para o espaço essa propalada idéia de que podemos determinar tudo, até um masserati importado na garagem ou uma super-casa em uma ilhota da baia de Angra, afinal, “bênçãos jorrarão sobre os escolhidos”. Somos “filhos da promessa”. Mas quando a grana chega, tchau igreja ou compromisso com Deus.
A terceira: “E tem mais... eu tenho medo de fantasma... ai um amigo meu me falou : Mas vem cá, você é criado no espiritismo e tem medo de fantasma? Taí uma boa pergunta...” Quanta verdade em uma declaração! Zeca, e muitos outros, estão afundados no mar da lama da superstição.
A quarta: A idéia da morte e do céu para Zeca Pagodinho é uma “santa ignorância”. “Ah eu não queria acreditar era na morte, este é que é o grande problema”. Nessa aí a teologia dele falhou. A idéia de Deus ficou na Sua Bondade apenas e esqueceu-se a Sua Justiça. Zeca pensa que no céu vai ter anjinhos tocando harpas. Que tristeza! Zeca continua: “Nesse caso eu prefiro até descer(ir para o inferno)... peco prá caramba, mas peco só prá mim... também não acredito que o inferno seja tão ruim assim não, o inferninho é legal... um foguinho e tal... acho que umas das coisas mais fáceis da vida é rezar e beber uma cervejinha...quando não estou bebendo estou rezando ou faço as duas coisas ao mesmo tempo...” “Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e são muitos os que entram por ela...”
Acho melhor parar por aqui porque o famoso cantor disse, quase ao fim de suas declarações, de que essa vida de celebridade tem de pagar um prêço muito alto: “Todo o dinheiro que eu ganho a minha família aproveita, eu não, porquê onde eu posso ir? ... nem no Tívoli Park... (um parque armado na Quinta da Boa Vista que competiu com o Shangay nas década de 50/60 e depois foi para a Lagoa Rodrigo de Freitas)... uma coisa que me deixa triste é ficar velho e morrer...” Quanto ao ficar velho, meu amigo Zeca, Salomão dedicou um capítulo inteiro de seu Eclesiastes a este assunto e lá mesmo falou da morte, que quando ela chega o espírito volta à Deus, que o deu.
Enquanto isso... deixa a vida te levar! Mas... acorda!
Contato com o autor: limafavio@hotmail.com
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