Liderança batista de grande respeito e aceitação na estrutura denominacional, Hudson Galdino da Silva (foto) é pastor da Segunda Igreja de Cabo Frio e Secretário Geral da Associação Batista Litorânea Fluminense, com formação de Bacharel em Teologia, Psicanálise Clínica e Mestrado em Teologia.
Atendeu, exclusivamente, nosso blog e falou sobre a Reforma Protestante.
31 de outubro comemora-se a Reforma Protestante. Como é visto o movimento pela Igreja Batista?
A reforma é vista por toda humanidade como um acontecimento importante tanto é que faz parte das enciclopédias como capítulo de destaque. Para os batistas em particular como sendo um "braço" do cristianismo, independentemente de sua origem história, nós entendemos como sendo relevante. Aprendi que a reforma é vista e interpretada de acordo com a conveniência de cada grupo. Para os historiadores seculares eles dão mais atenção aos fatores econômicos, de poder que possivelmente teriam gerado a reforma. Para os católicos foi uma heresia gerada por Martinho Lutero por interesses pessoais, dizem alguns que inclusive um desses interesses seria a sua vontade de casar. Para os protestantes a reforma foi um movimento que procurou redescobrir a pureza do Evangelho.
Uma crítica que se faz é que alguns segmentos protestantes permaneceram com resquícios da proposta católica. Isso é verdade?
Nenhuma reforma consegue ser completa e absoluta até porque os ideais iniciais de um movimento acabam se corrompendo com o tempo. É verdade que existem resquícios da fé católica em muitas Igrejas protestantes, tais como batismo infantil, sacramentos, forma de governo, etc. Mas esses postulados e outros resquícios na verdade não faziam parte do cerne proposto por Lutero e pela reforma como sendo: Só a Graça. Só a fé. Só as Escrituras. Só Cristo. Nesse aspecto não houve resquícios.
Há benefícios da Reforma para a humanidade?
Com certeza que sim e podemos enumerar alguns desses benefícios. Benefício religioso: a liberdade de expressão vindo a possibilidade da pluralidade da fé e não uma fé sob domínio de uma autoridade religiosa.
Contra-Reforma: qual a análise de um pastor?
Todo movimento que contraria algum interesse é claro que tem alguma reação e não poderia ser diferente em relação a reforma. Ficar sem reagir seria algo estranho. Entendendo que foi um movimento legítimo de quem defendia dogmas e que sentiu-se afrontado. A Igreja católica no chamado Concílio de Trento que durou entre 1945 a 1563 ela estabeleceu medidas defensivas e ofensivas para impedir o avanço do movimento principalmente nos países que ainda não tinham sido atingidos pelo " protestantismo".
Na visão de um pastor crítico, os ideais da Reforma estão de pé?
Quando se estuda um pouco mais sobre a reforma não apenas numa perspectiva evangélica sabe-se que muitas coisas contribuíram para a reforma e que não teria sido apenas o interesse religioso. Alguns chegam a dizer que esse teria sido o menor de todas as motivações mas que as motivações maiores foram a política, econômica e outras mais. Mas entendendo que Deus não determina a história mas ele dirige a história e é claro que pode interferir na história, essa é a filosofia de história que creio, razão porque Deus sempre está no comando mesmo quando não conseguimos enxergar essa ação. Não há dúvida de que os ideais da reforma não eram ideais de Lutero, de Calvino ou Zwinglio. Eram os ideais de Deus desde o nascedouro do cristianismo. Esses ideais foram se corrompendo e a reforma trouxe a tona os ideais do Evangelho. Por isso que entendo que os ideais estão firmes e fortes em nossos dias é claro que sempre ameaçados de serem corrompidos.
Considerações finais.
Agradeço a oportunidade de poder trazer alguns comentário sobre esse assunto que amplo e é claro que não se esgotaria numa entrevista e até porque o objetivo nunca é esgotar um assunto. Mas termino dizendo algumas questões que entendo que sejam relevantes e que precisar aplicá-las em nossa vida. 1. Não pode haver intolerância religiosa em hipótese alguma. Isso fere a constituição humana (somos seres livres) e fere a soberania de Deus. Deus que é soberano aceita as escolhas do ser humano. 2. Não pode jamais principalmente na questão religiosa promover guerras e destruir a paz. Sejam elas na amplitude geográfica como vemos em várias partes do mundo como também no aspecto mais restrito e psicológico também. Os debates, sejam políticos, filosóficos e religiosos precisam ser apenas no campo das idéias e com profundo respeito a dignidade humana. Esses três aspectos por incrível que pareça são os que mais dividem a sociedade e os seres humanos. 3. A verdadeira reforma ela não histórica como movimento mas sim individual e constante. Todos precisamos ser transformados a cada dia. Os maiores personagens da reforma que precisam ser apresentados não são os personagens registrados pelos livros, mas a vida de cada um. Eu e você precisamos ser os personagens da história, mesmo que meio anônimos, dessa reforma que precisa estar acontecendo quando advogo valores como a verdade, honestidade, fidelidade, honradez, respeito, etc. Isso é possível quando tenho Jesus Cristo como o verdadeiro reformador de minha vida. Obrigado, Pr. Neemias.
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