Lição 4 - Adoração extravagante, 2
Texto Bíblico: Lucas 7.36-38
A lição de hoje é a continuação da anterior. Releia o texto bíblico que narra o evento-base da reflexão que prosseguiremos.
Trazendo à memória o estudo passado, estamos diante de um gesto de adoração bastante incomum, e já analisamos o primeiro aspecto dele: as lágrimas intensamente vertidas pela mulher chamada pecadora. Aprendemos que foram lágrimas de arrependimento e gratidão e firmamos o compromisso de uma vida cristã com essas virtudes.
Agora, veremos mais dois aspectos dessa adoração extravagante, sempre na perspectiva de relacionarmos princípios bíblicos para o culto cristão.
2. Um ato de coragem
Na opinião das pessoas presentes na casa de Simão, a atitude daquela mulher foi de rebaixamento. Afinal, ela se colocou aos pés de Jesus, em adoração, chorou a ponto de molhar-lhe os pés, e os secou com os cabelos.
Para uma mulher judia, o cabelo tinha grande significado. Era a sua “arma de sedução”, cuidado e guardado, por isso quase não era exposto. Naquela época, nenhuma mulher usava o cabelo solto em público. Ela só o soltava dentro de casa e na presença do marido.
Aquela mulher rompeu com a opinião pública e, num ato de coragem, usou os próprios cabelos para secar os pés do Mestre. Interessante que Simão logo a chamou de “pecadora”, ao invés de dizer “ela era pecadora”, porque Jesus a libertara dessa condição.
É possível que os seus atos tenham dado a Simão a impressão de que talvez ela ainda não estivesse totalmente liberta, que vinha apenas se reprimindo. A incredulidade do anfitrião o fazia julgá-la. Ele teve olhares para a antiga vida da mulher, mas não foi sensível para perceber a sua nova vida, após o contato com Jesus.
A coragem dela foi tamanha, que demonstrou maturidade e entendimento de que reputação é simplesmente aquilo que os outros pensam de nós. A essência do que somos é o nosso caráter.
Por mais que o seu ato tenha sido alvo de críticas, assim como a aceitação de Jesus, no íntimo, a mulher sabia que Ele em nada comprometeu o seu caráter, muito pelo contrário. Quando expressamos amor a Jesus, adorando-o sinceramente, o nosso caráter é edificado.
Aquela mulher arriscou-se, mas não deixou de render a sua adoração a Jesus. Mais do que a preocupação com o que “os outros pensarão de mim”, o cristão precisa se preocupar com “o que Jesus pensará de mim”.
Realmente a adoração dessa mulher foi extravangante, um legítimo ato de coragem. Ela usou o melhor, pois o frasco de óleo perfumado valia, pelo menos, o salário de um ano de um trabalhador. Possivelmente era toda a sua riqueza, pois naquela época era comum as pessoas investirem seu dinheiro em ouro e especiarias. Não eram usuais os depósitos bancários como o fazemos hoje.
A verdade incontestável é que aquela mulher ofereceu o seu melhor a Jesus. Foi um ato tão corajoso e singular que Jesus disse que “em todo o mundo, onde quer que seja pregado o evangelho, também o que ela fez será contado em sua memória” (Marcos 14.9).
É emocionante constatar que a palavra de Jesus não se perdeu com o passar dos anos. Nós, os seus seguidores deste tempo, temos contado este episódio e perpetuado a memória daquela mulher.
3. Amor demonstrado em ação
Quando o fariseu viu o ato extravangante de adoração, pensou com ele mesmo que Jesus não era profeta, porque, se o fosse, saberia que aquela mulher era uma pecadora, uma pessoa de conduta reprovada.
Mas Jesus, numa demonstração do seu poder, respondeu ao pensamento de Simão, fazendo-lhe uma pergunta, cuja resposta certamente o levou a arrepender-se de ter duvidado da divindade de Jesus.
Jesus exaltou as atitudes da criticada mulher que deveriam ser as atitudes de Simão, como anfitrião (Lucas 7.44-47). A mulher tida como repugnante pelo fariseu foi exemplo de amor demonstrado em ação. Simão se achava bom nas palavras, mas Jesus lhe mostrou que era falho nas ações.
Enquanto Simão recebeu a repreensão, a mulher recebeu o perdão: “Jesus disse à mulher: os teus pecados estão perdoados (...). A tua fé te salvou; vai em paz” (Lucas 7.48 e 50).
Nada do que fizermos poderá se igualar à grandeza do amor de Deus, resumida (e ampliada) na morte de Jesus na cruz, para propiciar o reencontro entre Criador e criatura. Mas Deus espera que o amemos, muito mais que palavras. O culto aceitável é fruto do amor verdadeiro.
Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (João 14.21). E ainda: “Quem não me ama não obedece às minhas palavras” (João 14.24).
O amor é provado em ações. A mulher pecadora provou o seu amor em ações, assim como Deus fez: “Mas Deus prova o seu amor para conosco ao ter Cristo morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Romanos 5.8).
O exemplo vem de cima, vem do Deus eterno e perfeito. Ele nos amou e provou, amplamente, o seu amor.
Ouvi, certa vez, de um grande pregador, a seguinte ilustração: “Havia na Índia um trem da meia-noite, conhecido como ‘corujão’. Numa dessas viagens da madrugada, adentrou um passageiro falando alto, dando gargalhadas, contando piadas, e as pessoas pediam que falasse mais baixo porque precisavam aproveitar a viagem para descansar. Só que não adiantava; quanto mais as pessoas pediam que fizesse silêncio, mais aquele homem as atormentava. Até que alguém disse: moço, o senhor sabe quem é essa pessoa à sua frente? É Mahatma Gandhi, o libertador da Índia. Diz a ilustração que o homem se espantou e exclamou: é o Dr. Gandhi! Logo abriu a sua bolsa, pegou o seu violino e começou a tocar uma belíssima música. Ao concluir, todos o aplaudiram, menos Gandhi. O homem perguntou: Dr. Gandhi, o senhor não gostou da minha música? Gandhi respondeu: não gostei, porque você não sabe obedecer”.
A simples ilustração nos ajuda a entender que sem obediência, sem ação, o amor fica comprometido, pois se resume a discurso, a oratória, a falação.
A mulher da narrativa de Lucas poderia entrar na casa de Simão e fazer um impecável discurso de amor a Jesus, mas não seria tão contundente quanto a sua ação silenciosa. O amor, princípio fundamental no culto cristão, deve ir além da letra das músicas e ganhar o sentido real das Escrituras: “o amor seja sem fingimento” (Romanos 12.9).
Para pensar e agir
Mexe conosco saber que um episódio tão antigo ainda fala tão alto. Isso nos ensina o valor da adoração. Aquela mulher nos ensinou que para adorar a Deus, verdadeiramente, é preciso compromisso de vida.
Faz lembrar uma fábula muito interessante: Certa vez, a galinha procurou o porco e propôs que oferecem um delicioso café da manhã na floresta. O porco gostou da ideia e começaram a fazer os preparativos para o cardápio da efeméride. Foi quando a galinha sugeriu ao porco: já sei o que podemos preparar! Bacon com ovos! Eu dou os ovos e você o bacon.
A moral é obvia. A galinha daria algo de si e o porco daria a própria vida. A galinha, após o café, continuaria viva, pondo outros ovos. Já o porco...
Cultuar é mais do que envolvimento, é compromisso. Cultuar é celebrar a Deus pela nova vida, pela vida ressuscitada, pelo dom perfeito: “não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2.20).
Leituras Diárias
segunda: Salmos 36 e 37
Terça: Salmos 38 e 39
Quarta: Salmos 40 e 41
Quinta: Salmos 42 e 43
Sexta: Salmos 44 e 45
Sábado: Salmos 46 e 47
Domingo: Salmos 48 e 49
*Lições da Escola Bíblica Dominical das Igrejas Batistas da Convenção Batista Fluminense, da Revista Palavra&Vida, escritas pelo Pr. Elildes Júnio Marcharete Fonseca.
*Esta Revista é enviada gratuitamente às Igrejas Batistas da Convenção Estadual.
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