segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Vicente Celestino: de “O Ébrio” à “Porta Aberta”



Antônio Vicente Filipe Celestino foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX. Nasceu no Rio, 12/09/1894, e faleceu em São Paulo, 23/08/1968. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo. Na década de 30 começou a demonstrar seus dotes como compositor resultando em clássicas, como “Ébrio”, a mais lembrada até hoje, virou filme. Gravou em 78 RPM 137 discos com 265 músicas, dez compactos e 31 LPs. Era “A Voz Orgulho do Brasil”. Uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros.

“O Ébrio” narra sua dor, sofrimento, falta de norte: “Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer / Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou / Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer / Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou / Só nas tabernas é que encontro meu abrigo / Cada colega de infortúnio é um grande amigo / Que embora tenham como eu seus sofrimentos / Me aconselham e aliviam o meu tormento / Já fui feliz e recebido com nobreza até / Nadava em ouro e tinha alcova de cetim / E a cada passo um grande amigo que depunha fé / E nos parentes... confiava, sim! / E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então / O falso lar que amava e que a chorar deixei / Cada parente, cada amigo, era um ladrão / Me abandonaram e roubaram o que amei / Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar / Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição / Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar / Este ébrio triste e este triste coração / Quero somente que na campa em que eu repousar / Os ébrios loucos como eu venham depositar / Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo / E suas lágrimas de dor ao peito amigo”.
         
Veio “Porta Aberta”, que diferença!: “Vinha por este mundo sem um teto / Dormia as noites num banco tosco de jardim / Sem ter a proteção de um afeto / Todas as portas estavam fechadas para mim... / Mas Deus, que tudo vê e nos consola / Em seu sagrado Templo me acolheu / E, além de me ofertar aquela esmola / Meu destino transformou / Meu sofrimento acabou / E a minha vida renasceu... / Porta aberta / Tendo o emblema de uma cruz / Essa porta não se fecha / Contra ela não há queixa / São os braços de Jesus / Porta aberta / Por Jesus de Nazaré / Desvendou-me o bom caminho / Hoje é meu doce ninho / Novamente deu-me a fé / Porta aberta / Já não vivo mais ao léu / Porta aberta / Ao transpor-te entrei no céu / Porta aberta / Nunca mais hei de esquecer / Que és na terra minha luz / És o bem que me conduz / Desde o berço até morrer!”.
         
Todos enfrentamos problemas, mas quem não tem Jesus se desespera. E o álcool, a droga, um tiro ou outro mal é saída para muitos. Mas há uma porta aberta. É Jesus. Ele disse: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” - João 10.9.

“O Ébrio” em 1936. 1946, “Porta Aberta”. Por exigências legais, cantava as outras, mas, agora, não vivia mais ao léu, ao transpor a porta aberta, entrou no céu. Deus, em seu sagrado templo, o acolheu e seu destino transformou.

Que as portas dos céus se abram para outros corações!

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