DIA DA REFORMA PROSTESTANTE
De modo geral, podemos afirmar que são duas as principais contribuições da Reforma Protestante para a civilização ocidental.
Em primeiro lugar, a Reforma abriu as portas para a modernidade.
Os três princípios reformados — da autoridade das Escrituras (em contraste com o dogmatismo confessional), da salvação pela graça (em oposição ao sacramentalismo eclesiástico) e do sacerdócio universal dos crentes (contra a mediação da hierarquia clerical) — transpuseram as fronteiras da tutela da igreja e reforçaram a dimensão do relacionamento pessoal com Deus.
Além disso, o reformador Martinho Lutero defendia o livre exame das Escrituras. E quando perguntavam a ele se não era perigoso permitir que as pessoas lessem livremente as Escrituras, se o livre acesso do povo aos textos bíblicos não implicava no grave risco do surgimento de heresias e da multiplicação de interpretações errôneas, Lutero respondia: “Sim, há esse risco. Mas é melhor o risco de muitas interpretações diferentes, e de algumas até equivocadas, do que todos serem submetidos a uma única interpretação oficial.” Essa postura franqueou a trilha para todos os outros desdobramentos da modernidade, desde o Iluminismo até o conceito de liberdade religiosa.
Convém notar também que a mesma resposta de Lutero, com referência ao livre exame das Escrituras, pode ser aplicada à política e ao sistema democrático. Sempre é melhor a liberdade de pensamento, bem como o livre debate ou a livre expressão de ideias, do que submeter o povo a um estilo autoritário de governo e poder, ainda que se apresente com discursos de combate pela moralidade e defesa da religiosidade.
A segunda contribuição da Reforma foi deixar bem claro que uma coisa é a igreja institucional e outra é o evangelho. Lembremos que Jesus Cristo nunca fundou uma igreja institucional. Tanto que, pela informação dos evangelhos, Ele nem mesmo batizava seus seguidores. Os apóstolos é que batizavam. Então, Jesus Cristo nunca fundou uma igreja institucional. O que Ele fundou foi um conceito de igreja.
As igrejas institucionais que se aproximam desse conceito, e reproduzem os ensinos do evangelho, são igrejas de Jesus. As que se afastam desse conceito, e abandonam os ensinos do evangelho, não o são.
Em outras palavras, é possível encontrar dentro da igreja institucional pessoas que não tenham a menor ideia do que seja o evangelho, como acontecia na igreja medieval. Na cabeça dos reformadores se estabelecia essa nítida separação entre a fé institucionalizada e a autêntica fé na graça divina anunciada pelo evangelho.
Foi por isso que a Reforma aconteceu.
* Carlos César Peff Novaes é pastor da Igreja Batista de Barão da Taquara, no Rio de Janeiro, é Mestre em Teologia e Professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil.
Folha Evangélica
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quarta-feira, 31 de outubro de 2018
Reforma Protestante
Hoje é o dia em que a Reforma Protestante completa 501 anos. O mais lembrado do evento é a figura de Lutero afixando as noventa e cinco teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, e os cinco “solas” (palavra latina que significa somente).
Destaco hoje o “Somente a Escritura”. A Bíblia é destacada como fonte de autoridade para todos os assuntos. O mundo é lido a partir da leitura da Bíblia e não a Escritura é lida a partir do cenário apresentado pelo mundo. Nela, temos o ensino necessário para a salvação do pecado e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.
O acesso à Palavra de Deus, privilégio apenas para um seleto grupo, é popularizado e todos terão oportunidade de examiná-la. Um equívoco que não se pode negar é que a liberdade de exame foi acompanhada pela liberdade de interpretação, o que não era intenção.
Passados 501 anos, ainda há cristão com a seguinte atitude em relação à Palavra do Senhor: “tô contigo e não abro”. Outros, “tô contigo, abro, mas não leio”. E ainda, “tô contigo, abro, leio, mas não pratico”.
Somente a Escritura não deve ser apenas uma declaração histórica, mas uma profissão de fé, pois a Palavra de Deus é viva e eficaz.
Minha Esperança - Final
Charles de Gaulle, o francês que, injustamente,
é acusado da autoria da frase “o Brasil não é um país sério, declarou: “O fim
da esperança é o começo da morte”. Ele está certo. Quando se vai a esperança se
aproxima a estrada da morte.
Embora nossa esperança esteja no Senhor, sendo
Ele a fonte, há estradas que pavimentamos com atitudes que nos conduzirão para
nos alimentarmos dela.
A estrada do trabalho árduo. Esperar sem
empreender esforço para alcançar o alvo é insanidade.
A estrada da perseverança. Esperar e desistir
dos ideais e do servir ao próximo é imaturidade.
A estrada da avaliação permanente. Esperar algo
absurdo, tudo bem, mas impossível, é infantilidade. Albert Einstein acreditava
que “se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela”.
Um pensamento judaico intrigante: “É bom ter
esperança, mas é ruim depender dela”.
Uma palavra inspirada confortante: “Bom é ter
esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” - Lamentações 3.26.
Lute pelo Brasil. Ore pelo presidente, pelos
governadores, senadores e deputados eleitos, mas assente sua esperança em Deus.
segunda-feira, 29 de outubro de 2018
Minha Esperança - I
Passado o frisson das eleições no Brasil, cada
um dos brasileiros vai experimentar dia a dia a leitura da realidade que,
espera-se, não tenha sido perdida nos ânimos acirrados e na empolgação da
defesa de seu candidato. Independentemente de ter votado em “A” ou “B”, o pão
para chegar à sua mesa, mercê da bondade de Deus, dependerá de trabalho e suor.
É fato que governos mais justos que combatam a
corrupção pavimentarão essa realidade. Mas não se deve assentar a esperança em
homens, por mais bem-intencionados que sejam.
A poesia “Minha Esperança”, interpretada em
canção pelo Projeto Vida Nova de Irajá, é muito oportuna para este momento:
Minha esperança está no Senhor
Desde agora e para sempre
Minha esperança está no Senhor
Só no Senhor
Eu me entrego na presença do Senhor
O que conhece o começo e o fim
O vendaval diante d’Ele se acalmou
Ele morreu por nós
Por você e por mim
Sua misericórdia vem no amanhecer
Para encontrar aquele que se arrependeu
Traz o perdão, liberta o coração
E quem nele confiar, a paz encontrará
A
minha esperança está no Senhor.
domingo, 28 de outubro de 2018
Três motivações
Votaremos hoje para presidente e, em
vários estados, para governador.
O voto do cristão tem o mesmo
peso/valor do voto do não cristão. Como representante de Cristo, o cristão tem
maior responsabilidade. I Coríntios 10.31, “quer comam, quer bebam, ou façam
qualquer outra coisa (votar está incluído), façam tudo para a glória de Deus”.
Três motivações devem orientar a ação:
1ª - Gratidão por morar num
país democrático. Agradeça
a Deus o fato de poder escolher livremente os governantes de nosso país.
2ª - Confiança na vontade
soberana do Senhor. Descanse no comando absoluto do Senhor. Nossa
atitude de “quietude diante d’Ele é por sabermos que Ele é o Senhor” - Salmo
46.10.
3ª - Consciência livre para
exercer o direito/dever. O voto da pessoa mais pobre tem o mesmo
peso do voto da pessoa mais rica, o da mais culta e da menos culta. Vote
livremente.
A partir de amanhã, tudo voltará ao
normal. Tensões e brigas entre familiares e amigos, espera-se, serão esquecidas.
Triste saber que amizades foram arranhadas, relacionamentos rompidos e
testemunhos desonrosos tornados públicos.
É hora de
arrependimento e súplica ao Senhor para que o nosso país encontre os caminhos
de submissão ao Senhor e de prática de justiça social.
sábado, 27 de outubro de 2018
Ponte de ferro
Ainda na pré-adolescência vendia cocadas
pelas ruas empoeiradas da amada Cardoso Moreira. Segundo minha mãe, eu sugeri a
atividade para ajudar no orçamento da casa, em tempos difíceis. Nas lembranças
dela, disse: “Mãe, a senhora faz cocada tão gostosa, faça para eu vender para
as pessoas”.
Certo
dia, depois de andar aproximadamente dez quilômetros, estava do outro lado do
Rio Muriaé, praticamente em frente à nossa casa. Três eram as possibilidades:
fazer todo o caminho de volta, atravessar a nado ou caminhar uns quinhentos
metros e atravessar uma ponte de ferro e em poucos minutos chegaria à casa.
Optei por esta.
Ao
chegar à ponte e dar os primeiros passos, o espaço entre os vãos me causou
temor e descobri o medo de altura. Mais tarde, aprendi que é acrofobia.
Tive
vontade de me arrastar, mas não tive coragem. A saída foi retornar e fazer todo
o percurso de volta, que fora aumentado com a ida até à ponte.
Há
poucos dias, parei o carro, atravessei de um lado para o outro e ainda fiz um
filme para marcar.
Não desista de seu desafio, mesmo que o vença quarenta anos depois.
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
Caindo em si - X
Cair em si é reconhecer que erramos ao tomar
algumas decisões.
Cair em si é arrepender-nos dos erros e
fracassos sem tentativa de rodeios.
Cair em si é esperar que as consequências da
desobediência se tornem realidade e não tentarmos negociar com Deus.
Cair em si é praticar quando tudo estiver bem
o que decidimos quando tudo estava mal.
Cair em si é assumir que a culpa de nosso
fracasso é tão somente nossa e que em nada o outro contribuiu.
Cair em si é estar disposto a fazer o caminho
de volta com outra atitude.
Cair em si é se humilhar diante daqueles que
ferimos com nossa presunção e ter a humildade de encará-los com o nosso
arrependimento.
Cair em si é reconhecer que precisamos de reorientação
e que o outro é decisivo para esta nova fase.
Cair em si é estar preparado para receber
frieza dos que não entenderam ainda o nosso arrependimento, pois a decepção que
causamos foi grande.
Cair em si é se dispor a pagar o alto preço de nosso
retorno às práticas antigas que revelam nosso relacionamento com o pai.
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
Caindo em si - IX
O
irmão mais velho da parábola, o que ficou em casa, é o tipo certinho. Cumpre os
deveres estabelecidos pela cultura e torna-se exemplo para os demais.
No entanto, seu
verdadeiro caráter só se revela quando vê graça sendo derramada sobre os
outros. Ao receber a notícia que a festa surpresa era motivada pela volta do
irmão, fecha-se em si, no seu orgulho, na sua presunção, no seu egoísmo e
decide não entrar para participar da comemoração.
É injusto com
o pai, que vai ao seu encontro para demovê-lo da decisão, mente ao informar que
nada recebera em toda a vida - a herança fora repartida com ele também, e
vomita sua hipócrita santidade, afirmando nunca ter transgredido um mandamento
do pai.
O pai, o mesmo
pai amoroso com o filho que saiu de casa e voltou, expressa também seu amor a
ele: “Tu sempre estás comigo e tudo o que é meu, é teu”.
Como foi o final do irmão mais velho? Ninguém sabe. A
parábola é encerrada com ele do lado de fora da festa. Quem não se dispõe a
cair em si, além de ficar fora da festa, tem um final que só Deus sabe.
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
Caindo em si - VIII
Ao cair em si e voltar para casa, o filho
arrependido conhece verdadeiramente o caráter do pai. Sua decisão era para se
tornar um trabalhador comum da casa. O pai o coroa com as prerrogativas de
filho: o protege com vestido novo, o eleva com sandálias nos pés e o dignifica
com anel no dedo.
Vestido
novo é símbolo da proteção e da aparência, distinguindo-o dos pobres e escravos
que usavam roupa velha.
Sandálias
nos pés simboliza sua filiação, os escravos andavam descalço, ele era filho. O
anel no dedo é símbolo de autoridade, os monarcas usavam anel para oficializar
documentos.
O
caráter do Pai não muda por causa da desobediência do filho. A teologia que
apresenta o Pai como um ser vingador não me é muito bem-vinda. Ele tem sempre
as mãos estendidas. Ao sofrer e morrer na cruz, seus braços estavam abertos,
simbolizando que deseja abraçar a todos.
O
filho é surpreendido com a misericórdia e graça do pai. Ele não merecia, mas o
pai oferece gratuitamente.
Ao cair em si, arrependendo-se do erro, reorientando-se com o pai e pagando o preço, o filho experimentou o amor do pai que nunca percebera.
Caindo em si - VIII
Ao cair em si e voltar para casa, o filho
arrependido conhece verdadeiramente o caráter do pai. Sua decisão era para se
tornar um trabalhador comum da casa. O pai o coroa com as prerrogativas de
filho: o protege com vestido novo, o eleva com sandálias nos pés e o dignifica
com anel no dedo.
Vestido
novo é símbolo da proteção e da aparência, distinguindo-o dos pobres e escravos
que usavam roupa velha.
Sandálias
nos pés simboliza sua filiação, os escravos andavam descalço, ele era filho. O
anel no dedo é símbolo de autoridade, os monarcas usavam anel para oficializar
documentos.
O
caráter do Pai não muda por causa da desobediência do filho. A teologia que
apresenta o Pai como um ser vingador não me é muito bem-vinda. Ele tem sempre
as mãos estendidas. Ao sofrer e morrer na cruz, seus braços estavam abertos,
simbolizando que deseja abraçar a todos.
O
filho é surpreendido com a misericórdia e graça do pai. Ele não merecia, mas o
pai oferece gratuitamente.
Ao cair em si, arrependendo-se do erro, reorientando-se com o pai e pagando o preço, o filho experimentou o amor do pai que nunca percebera.
terça-feira, 23 de outubro de 2018
Caindo em si - VII
Durante muito tempo li a parábola com a
informação de dois filhos presentes, o mais novo e o mais velho, o que saiu e o
que ficou em casa. Recentemente, um pregador ensinou que são três filhos: o
mais novo, o mais velho e o que conta a história, o Filho de Deus.
A
partir de então, desenvolvi a ideia que são quatro filhos: o mais novo, o mais
velho, o Filho de Deus e eu. Também estou na parábola. Você também está. E
temos um pouco do filho mais novo e u, pouco do filho mais velho. Só que surgiu
outro filho. Numa célula nos lares, foi lembrado que o filho mais novo ao
voltar para casa não era o mesmo filho, era uma nova criatura. Faz sentido.
Assim temos: o filho mais novo quando sai de casa, o filho mais velho, o Filho
que conta a história, eu e o filho mais novo quando volta para casa.
Pouco
ou nenhum valor tem se as experiências dolorosas da desobediência não
produzirem em nós uma pessoa melhor. Não é a dor que muda a pessoa, mas sua
atitude diante da dor. Precisamos voltar diferentes, uma nova pessoa.
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
Caindo em si - VI
Assumir a rejeição do mecanismo chamado
projeção e experimentar nova orientação para a vida podem parecer romântico
demais para quem se afundou no lamaçal da desobediência. Então, eis a terceira
sinalização: “Pagar o preço”. E preço alto.
O preço pago
para o retorno à casa do pai foi muito grande. Imagine-o tendo que voltar e,
diante do pai, assumir: “Pai, eu pequei contra ti”. Como encarar o irmão mais
velho que continuava firme no seu lugar de filho? E os amigos que o viram sair
pomposo, rico, e, agora, volta humilhado e pobre, sujo e rasgado? E ele se
dispõe a isso. Entre o desejo apresentado longe de casa e a chegada ao lar nada
mudou, ele, literalmente, verbaliza para o pai o conteúdo imaginado.
Alguns
experimentam a dor da desobediência, até rejeitam a projeção e experimentam
reorientação para a vida, mas não assumem pagar o preço. O arrependimento não
anula as consequências da desobediência. É possível que elas permaneçam por
muito tempo, ainda que perdoado pelo pai.
Cair em si é estar disposto a pagar o preço da volta, do arrependimento.
Caindo em si - V
A primeira sinalização de seu arrependimento
verdadeiro foi rejeitar o mecanismo de defesa chamado projeção. A segunda é uma
nítida reorientação para a vida.
No
meio da crise, arrependido, ele diz: “Vou me levantar e irei ter com meu Pai”.
Aqui, não é o Pai que está em destaque, mas o filho que se lembra do Pai como
referência de vida. Sua desobediência o levou a ficar desnorteado, quer dizer,
sem norte. Agora, ele tem norte. O norte é a casa do Pai.
Meu
amigo e ovelha Olímpio, comandante de aeronave, me disse que, ao estar no
espaço com falha nos instrumentos de vôo, a saída é ver os pontos devidamente
orientados para um pouso, quase sempre exigindo que se eleve mais para ter
melhor visão.
O
caminho da desobediência, a estrada do afastamento do Pai traz como
consequência a desorientação. A experiência sincera de cair em si abre uma via
expressa de reorientação. E esta está no Pai. “Vou me levantar e irei ter com
meu Pai” foi a decisão do jovem.
Caso a desorientação insista em bater à porta de sua vida, caia em si e volte-se para o Pai.
Caindo em si - IV
O cair em si é muito mais do que uma decepção com a situação enfrentada. É uma atitude de arrependimento verdadeiro. Quando o cair em si é apenas uma tristeza superficial pelas motivações do sofrimento dura pouco. Decisão tomada no meio do temporal tende a ser esquecida hora da bonança.
Com este jovem não foi assim. E três sinalizações confirmam isso. A primeira é sua rejeição ao mecanismo de defesa chamado projeção. Os estudos sobre mecanismos remontam ao final do século XIX e início do século XX, mas sua companhia com o ser humano é desde o Éden.
O jovem rejeita e assume: “Pai, eu pequei contra o céu e perante ti e eu não sou digno de ser chamado teu filho”.
Sua atitude não sugere lançar a culpa sobre os outros. Ele poderia argumentar com o pai: eu saí de casa porque o Senhor sempre deu mais atenção ao meu irmão, fui influenciado por um professor na escola, fui enganado pelos meus amigos e perdi tudo e coisas desse tipo. Não, nada disso. Ele assume: eu pequei.
Cair em si é trilhar a estrada da culpa assumida, sem lançá-la sobre os outros.
Caindo em si - III
Na casa do pai há proteção. Mas não é na casa
de qualquer pai, é na casa de meu Pai.
Aquele
moço, com motivações erradas, desejou abandonar a companhia do pai. E seu
desejo foi concretizado com a decisão de sair de casa. Mas ele não conseguiu
desfazer os laços da paternidade. Nenhuma decisão, nenhuma rebeldia, nenhuma
desobediência, nenhuma atitude é capaz de anular a paternidade.
Ao
ser lançado nas profundezas do sofrimento, o filho se lembra da casa de seu
pai. Ele tem referência.
Aquele
pai estava em sua casa esperando. Aguardava ansiosamente pela volta do filho. Um
pormenor na Parábola é muito sugestivo: seu pai o viu de longe. Não foi o filho
que viu o pai de longe, mas este viu àquele. Isso tem um nome: AMOR.
De
Bertrand
Russell, temos: “Os nossos pais nos amam porque somos seus filhos, é um fato
inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas
ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram
em qualquer outro lugar”.
O nosso Pai - Deus - nos ama porque
ele é AMOR.
Caindo em si - II
No meio daquele turbilhão de problemas,
aquele temporal violento, furacão destruidor, tsunami devastador, o jovem toma
uma decisão: “Vou me levantar e irei para a casa de meu pai”.
Uma
luta, um problema, uma aflição tende a prostrar a pessoa. Ainda que ela tenha
recursos financeiros em reserva, seu organismo apresente todas as taxas boas e
sua casa esteja em ordem, lá dentro, bem no íntimo, no mais recôndito do ser,
há um vazio, uma angústia, uma dor que só a pessoa experimenta. Mesmo
silenciosa, sua alma grita, seu coração sangra e pensamentos passeiam e se
cruzam em sua mente na velocidade da luz. Sua primeira defesa é se prostrar, se
contorcer, procurar uma posição em que a dor seja menor.
Ficar
prostrado não resolve o problema. Mas como levantar, se não se tem forças? É
verdade, é muito difícil. Mas não impossível!
Em
nosso Pequeno Grupo, o irmão Edilson indagou: “Pode-se dizer que este cair em
si dele era provocado pelo Espírito Santo atuando sem sua vida?”. Respondi que
sim.
Tá aí a saída. Sozinho, você não consegue. Peça poder ao Espírito Santo e levante-se para ir ter com o Pai.
Caindo em si - I
Depois de ferir o pai com o pedido antecipado
da herança, sair pelo mundo e, desordenadamente, gastar todos os recursos, o
filho mais novo da parábola, tradicionalmente, chamada de Filho Pródigo,
experimenta necessidades e o sofrimento invade sua vida sem pedir licença.
Além
de não ter recursos para as despesas pessoais, sem companhia de amigos,
humilhado no serviço de cuidar de porcos que, para o judeu, era uma ofensa, a
ausência da casa paterna, com seu aconchego e proteção, toma conta de suas
lembranças e ele experimenta arrependimento. É marcante o registro de Lucas
15.17: “Então, caindo em si...”. No texto da Bíblia A Mensagem registra desta
forma: “Isso o fez cair na realidade”.
As
aflições trazem em si um resultado pedagógico: a pessoa experimenta claramente
a sua realidade. Realidade da limitação, da insignificância, da impotência.
Vida tranquila tende a projetar a pessoa, tornando-a presunçosa, enquanto
problemas oportunizam cair em si.
Por que esperar uma luta para experimentar a verdadeira realidade? Você precisa agora “cair em si?”.
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Um pós 1º turno negativo
Passado o primeiro turno das
eleições, os evangélicos saem com mais perda do que ganho. É possível que sinalizarão
a votação expressiva de vários evangélicos e, quem sabe, até do aumento da
famosa e achincalhada “bancada evangélica” na Câmara e no Senado. Mas não falo
nessa perspectiva.
Falo da proliferação e
compartilhamento em massa de fake news de todos os lados. É triste receber
mensagens falsas de cristãos com grande experiência cristã. Fake News é um nome
pomposo, politicamente correto, para mentira. E mentira é do diabo.
Falo de exageros para defender o
candidato de sua preferência. Ver cristãos com o polegar e o indicador
apontados para frente, sinalizando o desejo de matar, ainda que de brincadeira,
nesse contexto, é deplorável. Foi divulgado que em determinado culto dezenas de
fiéis posaram para uma foto com tal postura.
Falo de cristãos que assumiram o dom
da profecia como no Velho Testamento e anunciaram com entusiasmo o candidato e
partido de Deus, como se Deus tivesse candidato e partido preferidos, num
discurso que ouço desde minha juventude.
Falo de cristãos que ofenderam sem
piedade pessoas, proclamaram a mensagem da honestidade contra políticos
corruptos em nível nacional, mas sempre andaram de mãos dadas com os corruptos
de sua cidade e, alguns, se beneficiando disso.
Que teria a dizer os não cristãos
que presenciaram isso tudo? Que avaliação faria Deus de seus filhos amados?
“Quer comam, quer bebam, ou façam qualquer
outra coisa - inclui eleições no Brasil - façam tudo para a glória de Deus” - I
Coríntios 10.31.
terça-feira, 2 de outubro de 2018
Vencendo as batalhas da vida - I
“No mundo, terão aflições, mas tenham bom
ânimo, eu venci o mundo” - parte final de João 16.33.
Estas são palavras de Jesus que
fazem parte de seus últimos momentos com os discípulos. Didaticamente falando,
estava encerrando seu último sermão a eles e o conteúdo, em síntese, é: vocês
não ficarão sozinhos, enviarei o Espírito Santo, que estará em vocês para
sempre.
A parte inicial do verso registra
assim: “Tenho lhes dito estas coisas para que em mim tenham paz”.
É possível ter paz em Jesus no meio
da tempestade. É possível ter equilíbrio em Jesus ao enfrentar uma turbulência.
É possível ter direção em Jesus na experiência de um mundo desgovernado. É
possível descansar em Jesus num mundo agitado e impiedoso. É possível ter
segurança em Jesus no epicentro do terremoto da insegurança.
Em todas as quartas-feiras de
outubro, acontecerá em nossa Igreja, às 19h 29min, a série Vencendo as batalhas
da Vida. O endereço é: Rua Omar Fontoura, 117 - Braga - em frente ao Centro de
Marcação de Consultas. O primeiro foco será “Vencendo a batalha da Ansiedade”,
com a Psicóloga Raquel Lima.
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