domingo, 13 de setembro de 2020

Pr. Roberto Silvado fala sobre a PANDEMIA


"Quando tudo isto passar, e passará, a igreja pós pandemia será uma igreja presencial-online" 

Ele é pastor da Igreja Batista do Bacacheri em Curitiba, PR, desde 1988, liderando com a comunidade eclesiástica um projeto de relevância e grande alcance espiritual e social numa das mais importantes capitais do Brasil. Foi Vice- presidente Aliança Batista Mundial (2015-2020), é professor da Faculdade Teológica Batista do Paraná (Evangelismo, Crescimento de Igreja e Liderança), é Vice-presidente do Lar Batista Esperança, Curitiba, PR, organização que acolhe menores abandonados. 

É, também, docente internacional do Instituto Haggai, que treina líderes dos países emergentes para a evangelização dos povos. Foi professor visitante do Baptist Missionary Society para lecionar em escolas batistas na Grã-Bretanha (London, Oxford, Cambridge, Birmingham, Cardiff, Bristol) e é representante da Convenção Batista Brasileira na Aliança Batista Mundial. 

Por quatro mandatos, presidiu a Convenção Batista Brasileira. Com formação de Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), atendeu ao chamado de Deus e se preparou especificamente para a tarefa com a seguinte formação: Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Mestre em Divindade e Doutor em Ministério pelo Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort Worth, TX, EUA. 

O entrevistado desta semana vem de Curitiba e é o reconhecido líder batista Luiz Roberto Silva, que é casado com Hedy Silvado (odontóloga/tradutora/intérprete), pai de dois filhos Fernando (casado com Yvia) e Eloísa (casa com Filipe) e avô do Matheus e do David.

Pandemia: Em algum tempo imaginava experimentar algo desse porte? 

Nunca. Vivemos o que outras gerações viveram no passado com as grandes guerras e pandemias. Desde o começo da igreja cristã, ela tem enfrentado desafios semelhantes a este. 

Sua viagem aos Estados Unidos e impossibilidade de voltar. Como viveu essa realidade? 

Foi muito frustrante mudar planos, ser impossibilitado de estar aqui próximo ao povo que sirvo. Graças a Deus não estava em um hotel, mas na casa de meu filho e com meus netos. Conviver dois meses com eles foi um presente. Quem é avô entende o que falo. Mas existe um momento em que a nossa casa, nosso canto faz muita falta. Meu grande receio era voltarmos aos cultos presenciais e eu estar nos EUA.  Felizmente o contato online nos permitiu dar prosseguimento ao ministério ajustando fuso horário. Sou muito grato pela equipe ministerial que temos na Igreja Batista do Bacacheri, que enquanto eu estava fora do país serviram de forma incrível e garantiram que o povo de Deus fosse pastoreado adequadamente. 

O irmão temeu por algo muito pior?

Não. Creio que as informações da mídia, bem filtradas, e o fato de ter três médicos na família me auxiliaram a ter uma percepção da realidade mais adequada. Criamos uma equipe de gestão e prevenção da crise do vírus em nossa igreja que tem nos ajudado até hoje nas tomadas de decisão. Temos pessoas da segurança pública e médicos neste grupo de trabalho. 

Eficientemente ou não, todos tiveram que aprender na marra pastorear, administrar Igreja. Mas como será o pós-pandemia? 

O mundo voltará a ser como era em muitos aspectos, porque continuaremos a ser humanos com as mesmas necessidades e aspirações. Porém ao mesmo tempo o mundo não será mais o mesmo, pois nós fomos modificados de maneiras que ainda não conseguimos perceber. Costumo dizer que "fomos digitalizados pela pandemia." Fomos treinados a nos relacionar pela telinha e descobrimos que é possível conversar, rir e chorar virtualmente. É possível relacionar-se significativamente online. Grandes paradigmas foram quebrados e novos paradigmas construídos. 

Que lições práticas devem ser tiradas dessa experiência? 

Quando tudo isto passar, e passará, a igreja pós pandemia será uma igreja presencial-online. Não mais poderemos olhar para aqueles que vivem a experiência cristã online como párias da igreja cristã. Precisaremos ministrar aos seus corações ajudando-os a crescer na fé. 

O Brasil como um todo falhou em alguma área no trato com a pandemia? 

Certamente falhou como todos os países falharam, todos os governos falharam nos níveis municipais, estaduais e federal. Certamente todas as organizações falharam no trato dos funcionários, igrejas falharam, denominações falharam, ONGs falharam, indivíduos falharam, famílias falharam, pessoas falharam, eu e você falhamos. Como trocar o pneu com o carro andando sem perder pelo menos uma das porcas? Certamente algumas áreas erraram mais que outras, as liderar neste período tem sido muito difícil, pois não existe um "plano de voo", experiências anteriores confiáveis para ser referência. Dependemos da misericórdia de Deus e apenas da misericórdia de Deus, aquela que se renova a cada manhã.

Sua liderança denominacional mundial é reconhecida por todos. Em sua visão, a vida denominacional, e em nosso caso batista, sofrerá grandes mudanças?

Como todas as organizações precisaremos aproveitar este momento para crescer e nos tornarmos relevantes para o mundo novo que emergirá da pandemia. Muito do que fazíamos impresso, presencialmente, será virtual. Assembleia virtual da Convenção Batista Brasileira acontecerá pela primeira vez. Por que não continuar realizando assim? Presencial e online? Convenções estaduais buscando relevância online? Nossos seminários, ao invés de estar fisicamente em três localidades, estarem em todos os estados virtualmente com polos de ensino. Não precisamos mais de grandes áreas físicas e dispendiosas para ensinar as novas gerações de pastores. Precisamos de bons professores, bons mentores locais e estúdios de gravação das aulas. Grande paradigma a ser mudado.

Sua mensagem final:

Desafio a mim e a todos nós batistas para aceitar o novo mundo que emerge da pandemia. Nós sempre valorizamos e amamos missões. Neste novo mundo, mais do que nunca, precisaremos investir financeiramente no mundo virtual, mídias sociais como a maneira de alcançar o Brasil e o mundo que tem um celular na mão e a disposição para ver vídeos, ouvir músicas, ler mensagens. Grande paradigma missionário a ser mudado!

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