Lição 5 - Adoração sincera
Texto Bíblico: Mateus 15.21-28
Josué, sucessor de Moisés, pouco antes de morrer, desafiou o povo de Israel ao culto sincero: “Temei o Senhor e cultuai-o com sinceridade e com verdade. (...) Cultuai o Senhor” (Josué 24.14). O termo sinceridade aqui empregado significa “sem mácula, não adulterado”.
Paulo, dirigindo-se aos filipenses, registrou: “E peço isto em oração: que o vosso amor aumente cada vez mais no pleno conhecimento e em todo entendimento, para que aproveis as coisas superiores, a fim de serdes sinceros e irrepreensíveis até o dia de Cristo” (Filipenses 1.9,10). O apóstolo utilizou o vocábulo grego significando, ao pé da letra, “julgado à luz do sol”, ou seja, examinado para se verificar sua autenticidade.
Noutra passagem, Paulo disse: “Porque não somos mercenários da palavra de Deus, como tantos outros; mas falamos em Cristo com sinceridade, da parte de Deus e na sua presença” (2Coríntios 5.17). O termo empregado nesse verso quer dizer “legítimo, genuíno”.
Cornwall apresentou uma interessante informação, que “cai como uma luva” para esclarecer o termo: “A palavra ‘sincero’ provém do termo latino sincerus, formado pela aglutinação de dois outros: sin, “sem”, e caries, “deterioração”. Portando, o significado básico de ‘sincero’ é ‘sem deterioração’.
No passado, os negociantes de metais preciosos costumavam promover sua mercadoria afirmando que ela era ‘sincera’, isto é, ‘sem cera ou enchimento’. Era muito comum os artífices desonestos encobrirem as falhas de um produto aplicando-lhe uma cera da mesma cor, que lhe dava a aparência de acabamento perfeito. Mas se alguém chegasse o artigo ao fogo, a cera derreteria e escorreria, e a falha seria exposta. Quando algum negociante anunciava um produto ‘sincero’ queria dizer que ele não fora retocado com cera”. Deus requer de nós que lhe prestemos um culto sincero, autêntico, genuíno, não adulterado e sem deterioração.
1. Interesse sincero
O interesse de adoração esboçado por Herodes foi mentiroso: “Então Herodes chamou secretamente os magos e procurou saber deles com precisão quando a estrela havia aparecido. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: ide e perguntai cuidadosamente sobre o menino. Quando o achardes, avisai-me, para que eu também vá adorá-lo” (Mateus 2.7,8).
A boca de Herodes falou uma coisa, mas a intenção dele era outra. É nítido que ele não queria adorar Jesus, pelo contrário, ele queria eliminar um possível rival. Herodes disse “adorar”, mas queria mesmo era “destruir”.
O desejo de adoração do rei Herodes não passaria no teste da sinceridade. Sua real intenção era manipular circunstâncias.
Temos de nos cuidar para não repetir o erro de Herodes, salvas as devidas proporções. Não queremos e nem podemos matar o “recém-nascido Rei dos judeus”. A falta de sinceridade, a mentira em nossa adoração pode acontecer de outras formas. O simples fato de estar num culto por obrigação caracteriza uma adoração falsa, porque nada brotará do coração e sim de um ritual mecânico. Uma espécie de “culto de corpo presente e mente e coração ausentes”.
O fato de o ajuntamento solene do povo de Deus acontecer regularmente não significa que será uma repetição sem sentido, pois todo culto é uma novidade. Cada celebração é uma nova oportunidade de encontro, de reflexão, de crescimento, e deve ser vivida como se fosse a última, ou seja, valorizada intensamente.
Pobre Herodes... ele podia enganar a muitos, menos a Deus. Os magos foram avisados em sonho para não regressarem a Herodes e um anjo do Senhor disse a José para fugir com o menino e a mãe para o Egito (Mateus 2.12,13). Esse é o nosso Deus, digno de adoração! Ninguém pode parar o seu agir!
Um bom exercício espiritual é fazer como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.23,24).
2. Disposição sincera
É curioso observar que muitos dos que adoraram a Jesus nos evangelhos não eram judeus. O primeiro emprego do termo “adoração” no Novo Testamento refere-se aos magos do Oriente. O grande discurso de Jesus sobre adoração foi dirigido à mulher samaritana. Um chefe romano adorou a Jesus pedindo que ressuscitasse a sua filha. Gregos também vieram adorá-lo. Um nobre de Cafarnaum foi outro que o adorou.
A explicação joanina é convincente: “Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do desejo da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.11-13).
É claro que há também exemplos de adoradores do povo de Jesus, mas é interessante que o primeiro mencionado por Mateus foi um leproso (Mateus 8.2). João menciona um cego (João 9.38). Os primeiros a se prostrar foram os que mais reconheciam suas carências e aflições.
O texto-base do nosso estudo apresenta o episódio da mulher cananeia. Mateus nos conta que depois de um confronto com os escribas e fariseus, “Jesus seguiu para a região de Tiro e Sidom. Uma mulher cananeia, vindo daquelas redondezas, pôs-se a gritar: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mateus 15.21,22).
Diante de um pedido tão veemente, é intrigante que Jesus nada respondeu à mulher, identificada por Marcos como sendo grega, de origem siro-fenícia (Marcos 7.26). Ela persistiu, e continuou seguindo Jesus, insistindo no seu pedido.
Os discípulos se aproximaram e rogaram a Jesus que mandasse a mulher embora, porque estava aos gritos atrás deles. Imagino que os discípulos já estivessem irritados com ela.
O apelo da cananeia apresentava um argumento que não se aplicava a ela. Sendo grega, ela não tinha o direito de reivindicar o favor de Jesus como Filho de Davi. Alguns comentaristas sugerem que a mulher estava alegando ser filha de Israel, quando não o era, e que possivelmente teria visto Jesus ser assim chamado por outros, atendendo seus pleitos. Logo, ela quis aproveitar uma fórmula que deu certo com outros.
É mais fácil ir até Jesus com fórmulas prontas, mas Ele busca pessoas que queiram segui-lo, que queiram caminhar com Ele; isso significa relacionamento.
Quem procura por Jesus com um relacionamento inexistente, certamente receberá o silêncio como resposta, mesmo que utilizem fórmulas corretas.
Um coração com disposição errada não será respondido. Hebreus 10.22 é uma boa dica: “Aproximemo-nos com coração sincero, com a plena certeza da fé, com o coração purificado da má consciência e tendo o corpo lavado com água limpa”. Adorador que não é sincero merece o silêncio de Jesus.
Jesus foi categórico e esclarecedor na sua resposta aos discípulos: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 15.24). Ele não estava sendo insensível, sua ação foi para o bem daquela mulher, retirando a sua máscara, levando-a a um nível mais profundo de relacionamento com Deus.
No instante em que aquela mulher demonstrou sinceridade em sua adoração, prostrando-se e adorando com disposição correta, Jesus a respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito a ti como queres” (Mateus 15.28).
Para pensar e agir
Aquele que deseja uma resposta positiva de Jesus precisa ser sincero na adoração. O ensinamento é claro: “Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem no Espírito e em verdade” (João 4.24).
A encarnação de Cristo, ou seja, a sua vinda ao mundo tomando a forma humana, nos possibilitou a comunhão imediata com Deus. O Filho, que é a perfeita manifestação de Deus, colocou ao nosso alcance a capacidade de adorá-lo em espírito e em verdade.
Vale a pena parar e refletir: qual a real motivação da nossa adoração? Temos sido sinceros? Passamos no teste da exposição à luz?
O desejo de Deus, explícito na Palavra, é que sejamos achados fiéis e verdadeiros adoradores.
Leituras Diárias
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Domingo: Salmos 62 e 63
*Lições da Escola Bíblica Dominical das Igrejas Batistas da Convenção Batista Fluminense, da Revista Palavra&Vida, escritas pelo Pr. Elildes Júnio Marcharete Fonseca.
*Esta Revista é enviada gratuitamente às Igrejas Batistas da Convenção Estadual.
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