Pr. Neemias Lima
O professor de
História Luiz Antonio Simas, em artigo publicado no Jornal O Globo, culpou os
evangélicos pela ausência de baianas no Carnaval.
Sem poder postar o conteúdo completo sem autorização, e
pedir autorização é um deus nos acuda, pinço alguns pontos de seu artigo*.
Assim ele introduz: “Em
um samba belíssimo, que embalou o carnaval de 1984 da Unidos de Vila Isabel,
Martinho da Vila fala dos sonhos da velha baiana, “que foi passista/brincou em
ala/dizem que foi o grande amor do mestre-sala”.
Tem mais: “Ocorre
hoje, porém, um problema da maior gravidade nas escolas de samba, amplamente
comentado no meio e, infelizmente, pouco repercutido na imprensa: a velha
baiana corre o risco de desaparecer, arrancada das fileiras de sua escola pela
conversão às igrejas evangélicas que, cada vez mais fortes, demonizam o samba,
o carnaval e suas práticas. O problema atinge, sobretudo, as escolas mais
pobres, que contam basicamente com os componentes das próprias comunidades para
fazer o carnaval. São inúmeros os casos de passistas, ritmistas e, sobretudo,
baianas, que abandonaram os desfiles atendendo a determinações de pastores”.
Mais um pouco: “É
evidente que tal prática se inscreve numa disputa pelo mercado da fé, cujo
motor é o combate pelo maior número possível de fiéis”.
Ele é sincero: “É
óbvio, também, que as escolas de samba têm fortes raízes fincadas nas
religiosidades afro-ameríndias, notoriamente na Umbanda e no Candomblé. Sabemos,
por exemplo, que algumas baterias de grandes escolas desenvolveram seus toques
característicos a partir dos ritmos consagrados aos orixás. A guerra aberta às
escolas de samba deve ser compreendida, portanto, em um panorama mais amplo: é
um capítulo da guerra santa travada por fundamentalistas cristãos contra as
práticas culturais e religiosas dos descendentes de africanos no Brasil”.
Finaliza: “...os
fundamentalistas da fé buscam matar exatamente o que, durante muito tempo, deu
a estas pessoas a noção de pertencimento. Não basta, para os arautos do
fanatismo, construir uma nova referencia; é necessário matar o que veio antes,
arrasar a terra, negar o outro, destruir a tradição. Resta botar a boca no
trombone e torcer para que no peito da velha baiana do samba do Martinho,
aquela que cresceu, amou o mestre-sala e envelheceu dentro de sua escola, o
arrepio do surdo de marcação, a harmonia do cavaco e os desenhos dos tamborins
superem as trombetas da intolerância. Afinal de contas, não é pecado sambar e
celebrar a vida”.
Esse
pessoal é interessante. Tem a vida toda para influenciar a pessoa, vem um
pregadorzinho, fala de Jesus, a pessoa livremente decide mudar e eles reclamam.
Até hoje, não vi um pastor amarrar uma pessoa e levá-la pra igreja. Pergunte a
elas o que acontece.
* Veja o artigo
completo em:
http://oglobo.globo.com/opiniao/as-velhas-baianas-somem-da-passarela-7455921
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