sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Falta de baianas no Carnaval é culpa dos evangélicos


Pr. Neemias Lima

            O professor de História Luiz Antonio Simas, em artigo publicado no Jornal O Globo, culpou os evangélicos pela ausência de baianas no Carnaval.
            Sem poder postar o conteúdo completo sem autorização, e pedir autorização é um deus nos acuda, pinço alguns pontos de seu artigo*.

Assim ele introduz: “Em um samba belíssimo, que embalou o carnaval de 1984 da Unidos de Vila Isabel, Martinho da Vila fala dos sonhos da velha baiana, “que foi passista/brincou em ala/dizem que foi o grande amor do mestre-sala”.

Tem mais: “Ocorre hoje, porém, um problema da maior gravidade nas escolas de samba, amplamente comentado no meio e, infelizmente, pouco repercutido na imprensa: a velha baiana corre o risco de desaparecer, arrancada das fileiras de sua escola pela conversão às igrejas evangélicas que, cada vez mais fortes, demonizam o samba, o carnaval e suas práticas. O problema atinge, sobretudo, as escolas mais pobres, que contam basicamente com os componentes das próprias comunidades para fazer o carnaval. São inúmeros os casos de passistas, ritmistas e, sobretudo, baianas, que abandonaram os desfiles atendendo a determinações de pastores”.

Mais um pouco: “É evidente que tal prática se inscreve numa disputa pelo mercado da fé, cujo motor é o combate pelo maior número possível de fiéis”.

Ele é sincero: “É óbvio, também, que as escolas de samba têm fortes raízes fincadas nas religiosidades afro-ameríndias, notoriamente na Umbanda e no Candomblé. Sabemos, por exemplo, que algumas baterias de grandes escolas desenvolveram seus toques característicos a partir dos ritmos consagrados aos orixás. A guerra aberta às escolas de samba deve ser compreendida, portanto, em um panorama mais amplo: é um capítulo da guerra santa travada por fundamentalistas cristãos contra as práticas culturais e religiosas dos descendentes de africanos no Brasil”.

Finaliza: “...os fundamentalistas da fé buscam matar exatamente o que, durante muito tempo, deu a estas pessoas a noção de pertencimento. Não basta, para os arautos do fanatismo, construir uma nova referencia; é necessário matar o que veio antes, arrasar a terra, negar o outro, destruir a tradição. Resta botar a boca no trombone e torcer para que no peito da velha baiana do samba do Martinho, aquela que cresceu, amou o mestre-sala e envelheceu dentro de sua escola, o arrepio do surdo de marcação, a harmonia do cavaco e os desenhos dos tamborins superem as trombetas da intolerância. Afinal de contas, não é pecado sambar e celebrar a vida”.

Esse pessoal é interessante. Tem a vida toda para influenciar a pessoa, vem um pregadorzinho, fala de Jesus, a pessoa livremente decide mudar e eles reclamam. Até hoje, não vi um pastor amarrar uma pessoa e levá-la pra igreja. Pergunte a elas o que acontece.

* Veja o artigo completo em:
http://oglobo.globo.com/opiniao/as-velhas-baianas-somem-da-passarela-7455921

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