Lição 11– Mordomia do trabalho – Honestidade acima de tudo
Texto Bíblico: Gênesis 2.4-19
INTRODUÇÃO
Na mente de muitos crentes ainda permanecem algumas sobras do pensamento que predominava na Idade Média, de que o trabalho físico é castigo do pecado original, e que o ideal para o ser humano é dedicar-se somente aos interesses do espírito. Essa confusão parte de uma visão dicotômica do ser humano, que, por sua vez, baseia-se em uma teologia dualista, que põe em rivalidade inseparável o bem e o mal, este representado pelo corpo, matéria ou pelas trevas, e aquele pelo espírito ou pela luz. Essa não é uma visão evangélica. O que contribui para consolidar tal pensamento, é uma visão mutilada de Gênesis 3.
UMA INCUMBÊNCIA MUITO ESPECIAL
O homem foi colocado na terra com a finalidade de administrá-la, como fiel mordomo. O pecado perverteu a ordem natural, e a terra passou a ser vítima de abuso, por parte do homem. As árvores do jardim, criadas para serem desfrutadas, foram transformadas em esconderijo do fracasso moral. O egoísmo, a preguiça, a ganância, a busca pelo prazer imediato a qualquer custo, mesmo ao custo da destruição da natureza e a ansiedade de possuir como alternativa do ser quebraram a harmonia que deveria haver entre o homem e a terra.
A terra, que fora criada por Deus para ser amplamente desfrutada, passou a ser objeto de depredação sistemática devido ao pecado, tornando-se hostil e sem as condições necessárias para ser habitada. Não foi a maldição de Deus que trouxe espinhos e pragas à terra, porém o pecado humano. A redenção trazida ao homem pelo Verbo Encarnado, ao restituir a Palavra de Deus como centro do governo moral, deve redimir também a terra. A regeneração espiritual do homem pelo Evangelho, se estenderá a toda a criação. É maravilhoso pensar no fato de que o corpo humano, pela regeneração, foi transformado em templo do Espírito Santo, para que, através dele, Deus governe a terra em benefício do próprio homem.
PRESTANDO UM SERVIÇO A DEUS
Antes da queda, o homem já havia recebido a tarefa de trabalhar. O trabalho faz parte do seu caráter, formado à imagem e semelhança do caráter de Deus. “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e guardar” (Gn 2.15). Uma vez que o homem foi colocado na terra para preservá-la e guardá-la, o tempo despendido em trabalho passou a ser despendido em serviço prestado a Deus e, para que o trabalho seja realmente um culto a Deus, é indispensável, entretanto, que ele obedeça aos princípios éticos estabelecidos em Sua Palavra.
E. C. Gardner defende que o trabalho exerce três funções básicas na vida do ser humano: 1) provê as condições necessárias para o sustento da vida; 2) expressa, na prática, o amor ao próximo; 3) permite a realização do eu, mediante o exercício dos próprios poderes de criatividade. Para o mordomo cristão, o trabalho é também uma forma de adorar a Deus pelos recursos que ele pode oferecer, a fim de contribuir para a consolidação e a expansão do Evangelho no mundo inteiro.
VOCACIONADO PARA O TRABALHO
Sem a visão missionária despertada pelo amor, o trabalho é apenas um meio de prover a própria subsistência, talvez o fruto de uma genuína solidariedade humana e, de fato, um meio de realização pessoal, mas perde a sua dimensão transcendente, perde a dimensão mais elevada de sua responsabilidade. O chamado de Deus para uma vida de serviço chama-se vocação. Vocação, no seu sentido popular de aptidão, é a habilidade para determinada atividade, manifestando a opinião de que toda vocação é uma dádiva de Deus e deve ser realizada com essa consciência.
Geraldo era um homem simples, varredor de rua no Rio de Janeiro. Aquela rua era a mais limpa do bairro. Os moradores ficavam admirados com tanto zelo. Um dia, uma senhora perguntou: “Sr. Geraldo, por que é que o senhor varre a nossa rua tão bem varrida? Não fica uma ponta de cigarro na calçada”. Geraldo soltou uma das mãos da carrocinha, tirou o boné num gesto de reverência, e respondeu: “Olha, dona, todos os dias, quando me levanto, eu peço a Deus que me ajude no meu trabalho, porque eu sei como é importante que as ruas da cidade fiquem bem limpas; e a cada dia que começo o meu trabalho aqui, eu pergunto: será que é hoje que Jesus vai voltar? Todo dia eu espero que seja o dia de Jesus voltar. Cada dia eu penso: se o meu Jesus voltar hoje, e passar pela minha rua, eu quero que Ele encontre a minha rua bem limpa para ele passar”.
TRABALHAR COM HONESTIDADE
Sendo qualquer atividade uma vocação divina, deve ser exercida com honestidade.
Honestidade não é uma questão de opinião pessoal; é uma questão de caráter. O caráter justo de Deus, que é implantado no homem pela regeneração por meio do Evangelho. O cristão é perfeito na honestidade do seu trabalho, porque este é o seu caráter, a sua forma de ser, um ser continuamente transformado pela renovação do seu entendimento, conforme Rm 12.2.
Honestidade não é uma questão de conceito de boa imagem; é uma questão de caráter. O cristão não está preocupado com “o que os outros vão dizer”, mas sim, com o que Deus diz em sua Palavra.
Honestidade não é uma questão de cultura; é uma questão de caráter. Do caráter de Deus impresso no cristão, pela regeneração. O Evangelho purifica das culturas humanas, aquilo que elas têm de nocivo ao cristão, para que ele possa desfrutar a vida em sua plenitude. Mentir, defraudar, trair, trapacear, podem ser práticas aceitas, e até elogiadas por uma determinada sociedade, mas essas práticas lesam a alma, deterioram o relacionamento humano, depravam a natureza e causam infelicidade.
Honestidade também não é uma questão de disciplina eclesiástica; é uma questão de caráter. Não é por medo das sanções disciplinares da igreja, que podem significar humilhações e descrédito, até por motivo de vingança, inveja ou partidarismo, mas por causa da sua consciência diante de Deus, que o cristão anda honestamente. A vontade de Deus é o seu motivo. A aprovação de Deus é a sua maior recompensa.
ATITUDES DE UM MORDOMO HONESTO
“Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras” (Tt 2.11-14). Esse texto adverte para a conduta de vida que o cristão, verdadeiro mordomo do Senhor, deve adotar no mundo em que vive: de maneira sensata, isto é, sábia, justa e piedosa.
Sendo assim, o cristão: 1º) Não deve, de maneira alguma, se conformar com a desonestidade, ao contrário, deve lutar para não entranhá-la em seu caráter. 2º) Deve aperfeiçoar o seu comportamento ético, segundo os princípios bíblicos.“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1-2) e “Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” (Ef 4.13). Em suma, crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, bem como, amadurecer, de estatura em estatura, até chegar à estatura de varão que se assemelhe à imagem de Cristo. 3º) Proclamar o Evangelho com a vida, visando transformar o meio em que vive. 4º) Contribuir, usando as armas de justiça, para a implantação de uma sociedade justa.
CONCLUSÃO
O mundo seria diferente se todos os cristãos entendessem, como o varredor Geraldo, que estão trabalhando para Deus, seja qual for o seu trabalho, e que todo o seu trabalho um dia será julgado por Jesus. Os cristãos devem administrar todos os seus bens, todo o seu tempo, todos os seus talentos movido pelo amor, na consciência de que tudo pertence a Deus e deve ser usado para a glória de Deus e para a felicidade do seu próximo e, simultaneamente, viver uma vida honesta. Essa é a consciência de mordomia total que deve motivar, alegrar, enriquecer espiritualmente e dominar a vida de cada crente.
PARA REFLETIR:
• Qual a importância que o trabalho tem para você?
• Você procura adorar a Deus em sua atividade profissional?
• O seu trabalho expressa, na prática, o amor ao próximo?
Leitura diária:
Segunda – Gênesis 2.4-19
Terça – Jeremias 12.1-6
Quarta – Deuteronômio 15.1-10
Quinta – Deuteronômio 15.11-23
Sexta – 1Tessalonicenses 5.1-11
Sábado – 1Tessalonicenses 5.12-28
Domingo – 2Tessalonicenses 3.1-13
Fonte: Revista Palavra e Vida da Convenção Batista Fluminense
Autor da Lição: Pr. Nathanael Pedroza Corsino
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