Pr. João Soares da Fonseca
Zacarias Campello, pai de Anna, foi missionário entre os índios craôs. Em seu livro O Índio é Assim, conta que no início do trabalho, os índios não confiavam nele, julgando-o espião a serviço dos fazendeiros da região. Mas aos poucos Zacarias foi conquistando a simpatia e a confiança deles.
Um dia, o vaqueiro de uma fazenda vizinha foi visitar Zacarias e quase pôs tudo a perder. Dois índios se esconderam bem perto dos "brancos" para escutar a conversa deles. Zacarias disse que os índios, em geral, se comunicavam com os de fora da tribo num português para além de precário. Ao ouvir a conversa fluente de dois "brancos" entre si, os índios geralmente nada entendiam.
O missionário e o vaqueiro conversaram amenidades, nada que devesse sair no jornal. Os índios escondidos, ouvindo tudo e não entendendo nada, saíram dali e alvoroçaram a aldeia, dizendo que o missionário fazia parte de um esquema de exploração das terras e de extermínio dos índios. Zacarias só soube disso quando um dia sua casa foi invadida por eles, ornamentados para a guerra. A história só não teve um desfecho trágico porque felizmente os chefes dos índios tiveram a humildade e a sabedoria de ouvir as explicações de Zacarias, e se convenceram de que tudo não passava de um terrível mal-entendido.
O mal-entendido é a banda podre da comunicação. Acontece quando alguém quer dizer uma coisa, e o seu interlocutor entende outra. A melhor maneira de evitá-lo é imitando os líderes de Israel. Ao ouvir que as tribos de Rúben, Gade e metade de Manassés estavam construindo "um altar de grandes proporções", em vez de irem guerrear contra elas, como queriam as outras tribos que estavam suspeitando de idolatria, os líderes foram conversar. Informados das verdadeiras intenções de seus irmãos, abandonaram o plano da guerra (Josué 22.10-16), e milhares de vidas foram poupadas.
Não deixe que um mal-entendido estrague o seu relacionamento com os outros!
*Pastoral, Domingo, 06 de janeiro de 2013.
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