Na última ida ao Rio, em férias, fui aonde nasci: Rua Pereira Pinto, 122, Tomás Coelho. Era uma vila, com seis casas. A casa em que nasci continua de pé. A casa em que morei com minha avó, Maria Werdan, foi demolida. Minha avó também se foi. Dela, que me criou, não há sequer uma foto. Só recordações. Saudades da meiga vó Maria!
O tempo muda tudo. Construções caem, outras surgem. Pessoas entram e saem da nossa vida. Cenas e lugares também passam. Seria bom se alguns eventos se repetissem. E se nos esquecêssemos de outros! A vida segue firme, não se detém, machuca, alegra, não pede licença e desculpas. Ela é indetível e não dá para pedir tempo. Foi assim em 2012.
As más lembranças são um problema. Dores, quedas, traições de amigos, feridas, etc. Jeremias tinha lembranças que doíam: “Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim” (Lm 3.19-20). Isso doía tanto que ele disse: “Tirou-me a paz” (Lm 3.17). Feridas emocionais não curadas doem muito. Tiram a paz. Deixam dor, medo, desconfiança, até ódio.
Jeremias sentiu a dor: “É por isso que eu choro; as lágrimas inundam os meus olhos. Ninguém está por perto para consolar-me, não há ninguém que restaure o meu espírito” (Lm 3.16). O choro serve como a válvula da panela de pressão emocional, mas não consola. Podemos nos queixar, mas isto não adianta. Jó carregava tanta dor que desabafar ou calar lhe eram inúteis: “Contudo, se falo, a minha dor não se alivia; se me calo, ela não desaparece” (Jó 16.6). Falar ou calar davam no mesmo: no nada.
Na dor, Jeremias descobriu a força necessária. Tinha lembranças ruins, mas havia uma muito boa: “Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do SENHOR é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! Digo a mim mesmo: A minha porção é o SENHOR; portanto, nele porei a minha esperança. O SENHOR é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranquilo pela salvação do SENHOR” (Lm 3.21-26).
Nas más lembranças, o cristão tem uma recordação a embalar sua esperança: a misericórdia do Senhor. Sua abundante graça, seu inesgotável amor, sua imensurável bondade. Se a situação está ruim, se tudo é amargo, há más recordações e o presente é ruim, descanse na misericórdia de Deus. Confie na sua graça. Há esperança, sempre, porque as misericórdias do Senhor “renovam-se cada manhã”. Cada dia Deus tem uma misericórdia nova para você. Ele não dá pão velho aos seus filhos. Descanse nele. Divida seu futuro com ele.
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