Pr. João Soares da Fonseca
Irmãos Brigados ...
O tempo fechou logo de manhã: os dois irmãozinhos se desentenderam feio. O dia foi passando, e os dois nada de se reconciliarem. O caçula estava irredutível, não admitindo ficar de bem em hipótese alguma.
Era costume naquela casa a mãe orar com os filhos antes de dormir, hábito, aliás, digno de imitação.
Primeiro a mãe orou com o mais velho, depois com o caçula, duro na queda. Percebendo a obstinação daquele pequeno coração e sua pecaminosa relutância em perdoar o irmão, a mãe apelou para um poder mais alto que ela sabia que o menino levava a sério, a Palavra de Deus.
- Meu filho, lembre-se que a Bíblia diz: "Não se ponha o sol sobre a vossa ira..." (Ef 4.26).
Como se já tivesse resposta pronta antes mesmo de a questão ser formulada, o garoto respondeu:
- Mas, mãe, não há nada que eu possa fazer para impedir o sol de se pôr.
A sagacidade desse pequeno pecador se parece muito com a nossa. É assim também que muitos de nós, pecadores crescidos, se comportam diante dos desentendimentos em nosso cotidiano. É o desafio diário da convivência na família, no trabalho, na escola, na igreja... Traz-me à memória uma denúncia de Martin Luther King Jr.: "Nós já aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos".
É claro que não podemos controlar as ações dos outros. Mas podemos vigiar as nossas reações a elas. Não somos responsáveis pelos atos dos outros, mas podemos decidir que atitude adotar diante deles.
Joguemos, pois, no lixo rancores, mágoas, e todo sentimento que não possa se abrigar à sombra da santidade de Deus. Eis um exercício a que devemos nos entregar no fim de cada dia. Dormir com isso atravessado na garganta, ou antes, no coração, é pesadelo na certa.
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