Em Ottawa, no Canadá, há um bairro de classe média, junto ao centro, chamado Glebe. O Glebe é famoso porque assim que a neve se derrete toda e a primavera chega deslumbrante, todas as ruas do bairro se transformam num grande mercado. Cada frente de casa vira uma barraca de feira. Cada calçada um bazar. É um acontecimento: sai na tevê, no rádio, no jornal... Pára tudo e mobiliza todo mundo. Achar uma vaga para estacionar é um martírio; fica parecendo o Centro do Rio. A razão da fama é que, sendo um bairro de classe média um pouco mais elevada, se isso faz sentido, os produtos têm certa qualidade, e os preços são teoricamente acessíveis.
Em 2005, porém, os preços não justificavam tanta procura. "Caro demais", foi como uma jovem canadense conosco classificou as etiquetas. Tanto, que só comprei um simples relógio de parede por 2 dólares. Peggy comprou algumas plantas para o seu jardim, coisa de dois ou 3 dólares.
Passando, porém, por uma calçada, um artigo à venda me chamou a atenção: um troféu. Isso mesmo: um troféu empoeirado estava à venda. Grande, bonito, custava só três dólares. De imediato, dois pensamentos me ocorreram. Um, em relaçao ao passado; outro, em relaçao ao futuro.
O primeiro: quem foi o vitorioso proprietário desse troféu? Que terá feito para o conseguir? Que tipo de vitória foi? A quantos prazeres teria renunciado para obter a vitória almejada? Ninguém quer saber.
O outro pensamento indaga pelo futuro: quem vai comprar um troféu? Troféus comprados têm algum valor? Então você compra um troféu em liquidação, põe na sala, e diz o quê para as pessoas que perguntarem? Aliás, alguém pergunta de onde vêm os troféus? De novo, ninguém quer saber.
As conquistas do corpo, da mente, do dinheiro, são justamente assim: temporárias. Só um troféu, porém, durará para sempre: aquele que o Senhor nos dará na eternidade. "Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa [troféu] da vida", disse Jesus (Ap 2.10).
Pr. João Soares da Fonseca
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