quarta-feira, 15 de junho de 2011

Entrevista - Pr. Émerson Brasiliano Silva

O entrevistado desta semana é o pr. Émerson Brasiliano Silva. É o presidente dos pastores batistas da região litorânea - municípios de Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo, Armação dos Búzios e Cabo Frio. É Bacharel em Teologia pelo STBSB - Campus Cabo Frio, Técnico em Administração, Analista de Suporte SR, Licenciado em Filosofia, Professor de Teologia Sistemática do STMBL. Pastor Batista. Casado, pai de 3 Filhos.

1 - Qual é o papel da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil?
R: Vou responder essa com nosso estatuto: promover um clima de convivência, fraternidade e solidariedade entre os pastores; zelar pelo ministério batista, sob todas as formas e aspectos, a fim de que a investidura no ministério pastoral recaia sobre pessoas realmente vocacionadas, de reconhecido preparo, boa formação teológica e conduta exemplar, conforme previsto no Regimento Interno;  tratar dos interesses dos filiados, junto às entidades particulares e aos poderes públicos, quando necessário;  fazer gestões junto às igrejas, diretamente ou através das Seções, que objetivem a valorização, a capacitação continuada e o sustento de cada pastor; representar o ministério batista na sociedade, junto a outros organismos evangélicos e perante as autoridades governamentais; interpretar e expressar o pensamento do ministério batista sobre os problemas nacionais e da atualidade, à luz dos princípios bíblicos, perante as autoridades e os poderes constituídos, através de meios diversos e adequados; diligenciar junto aos poderes constituídos, na defesa do ministério batista, o cumprimento das garantias, efetivação dos institutos e direitos constitucionais e o pleno exercício da liberdade religiosa, pela efetiva prática dos direitos humanos e pela influência dos valores e princípios cristãos, na cultura, nas leis e na vida brasileira;  promover encontros, simpósios, conferências, congressos e retiros, visando à confraternização dos pastores, à capacitação do ministério e ao posicionamento da OPBB face aos problemas da época; cooperar com as igrejas e com a liderança denominacional batista nos assuntos relacionados com o ministério batista, especialmente exame e consagração de candidatos ao ministério pastoral; colaborar com a CBB para o progresso da Causa e a vitória do Reino de Deus no mundo.
 
2 - Como acontece a identificação de um pastor batista?
R: Bom acontece de duas maneiras, a primeira é uma revolução no processo por parte da Ordem, proposta na última reforma de estatuto; o candidato ao ministério apresenta uma pasta com documentos exigidos para filiação a uma comissão chamada Comissão de Acompanhamento de Filiação e faz uma entrevista com a mesma, que emite um parecer de recomendação favorável ou não à igreja do candidato, estando tudo OK e, sendo aprovado no concílio examinatório, basta que o mesmo apresente a ata de seu Concílio e de sua Consagração que já é membro da ordem.
A outra é quando o mesmo já foi ordenado e solicita através de formulário próprio a sua filiação à ordem, neste caso o mesmo apresenta documentos solicitados e apresenta a assinatura de dois pastores da subseção que são chamados abonadores da sua filiação. O processo é analisado e, se estiver tudo OK, o colega é filiado. Em ambos os casos é emitido uma carteira de Pastor Batista.
Ambos deverão pagar a primeira anuidade.
 
3 - Em sua visão, como está a formação de um pastor batista?
R: Isso depende da instituição em que o candidato faz o seu curso teológico, com a pluralidade de seminários regionais que vem crescendo, graças a deficiência de visão de nosso seminário maior, e também das dificuldades de locomoção e a questão de sustento dos seminaristas, o conteúdo programático dos seminários são bastante distintos e isso causa uma diversidade de visão quanto ao proceder ministerial. Em tese, a formação é sempre boa, mas dependendo da visão do estabelecimento isso pode causar alguns fatores de conflito. Depende de quanto a instituição de ensino teológico está comprometida com a denominação.
 
4 - Socialmente falando, a presença de um pastor batista é relevante para a humanidade?
R. Querendo ou não, as igrejas são formadas por elementos da sociedade, na verdade, somos um grande grupo social e, como líderes, temos que orientar a igreja a proceder conforme os preceitos divinos, dessa forma o Pastor Batista acaba por influenciar certos segmentos da sociedade de forma positiva, trazendo um melhor convívio entre todos. Ainda somos tímidos nessa área, acho que deveríamos mostrar mais para sociedade que existem pastores, que estão realmente comprometidos com o reino de Deus, e que são de caráter e conduta ilibada. Não estou dizendo aqui que pastores de outras denominações não tenham caráter ou condutas ilibadas, estou falando de Pastores Batistas. Precisamos dar a conhecer mais de nós para a sociedade.
 
5 - Politicamente, como deve ser a atuação de um pastor batista?
R. Temos o princípio de separação entre Igreja e Estado o que, na maioria das vezes, é muito mal compreendido entre colegas e membros de nossas igrejas. Somos seres políticos naturalmente e cidadãos como todas as outras pessoas e devemos, sim, contribuir para o bem do povo, o que não devemos é nos envolver em sistemas corruptos que tomam a política da sociedade e nem aceitar favores de políticos mal intencionados que visam usar o povo de Deus como massa de manobra, mas creio, é no púlpito que devemos, sim, orientar nossas ovelhas para que votem conscientemente e compreendam a importância de seu dever cívico, o que não podemos é fazer acordo com políticos e influenciar nossas ovelhas a votos de cabresto.

6 - Como vê a atuação dos evangélicos de modo geral no Brasil?
R: Isso é um assunto complicado, acho que o evangelho de Cristo tem sido muito agredido, por várias denominações, inclusive históricas. A busca pelo aumento de freqüência em cultos e por arrecadação financeira estão tomando o lugar do verdadeiro propósito do evangelho de Cristo. Sem falar que líderes denominacionais estão em busca de assentos governamentais. Alguns visando seu beneficio próprio estão se aliando a governantes corruptos e inescrupulosos. Acho que precisa haver uma mudança de postura, um melhor comportamento ético que, a meu ver, é esperado com anseio pela sociedade, ela olha para os evangélicos buscando um testemunho que possa mudar suas vidas. Acho que atualmente o povo evangélico está em débito com a sociedade no aspecto testemunho, afinal de contas quem vai zelar pelo direito, pela família e pela moral da sociedade? Também tem seu aspecto positivo, embora haja muita confusão sobre aquilo que é bíblico e o que não é, estamos nos movendo para preservar a família e a liberdade de expressão e de consciência cristãs.
 
7 - Considerações finais:
Gostaria de deixar claro que ainda há muito por fazer, mas isso só vai acontecer quando passarmos a olhar a sociedade com os olhos de Cristo e nos compadecermos dela e buscarmos pastoreio para ela. Temos que começar, o tempo de nos mostrarmos a sociedade já passou, temos que  nos tornar conhecidos dela. Ela precisa ver um outro lado do ministério pastoral, a maturidade, a sabedoria, a responsabilidade com as coisas do Reino de Deus e a busca por almas que se encontram em conflito e anseio desesperadamente pelo evangelho que transforma vidas. Creio que quando sairmos do anonimato, de forma responsável, poderemos contribuir para o bom andamento da sociedade e fazendo do mundo um lugar melhor para se viver. Obrigado!

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