Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Tempos atrás escrevi a pastoral intitulada “Vender não pode, comprar pode”. Nela disse não entender por que vender drogas é crime, e comprá-las, não. O vendedor é criminoso e o comprador é um doente, um coitado. Sem apologizar drogas (é só ler a pastoral), perguntei se o vendedor não seria um farmacêutico vendendo o remédio necessário.
O psiquiatra e escritor inglês Anthony Daniels deu entrevista à “Veja”, sob o sugestivo título “Eles têm culpa, sim”. Ele critica a vitimização da pessoa que usa drogas. E defende a responsabilização dos viciados. São pessoas que fizeram opções. Ele chama os intelectuais que defendem a vitimização de “desonestos” (eu chamo de ingênuos), e diz algo que eu disse em vários artigos: a influência do Iluminismo e de Rousseau, falando sobre a bondade do homem: o homem é bom, puro, e a sociedade é que o corrompe.
Diz Daniels: “Não sou religioso, mas considero a visão cristã de que o homem nasce com o pecado original mais realista”. Se ele é religioso ou não, não vem ao caso. O que vem ao caso é que o cristianismo é lúcido, coerente e é a única visão de vida completa.
Boa parte do caos da sociedade é que as igrejas pararam de pregar sobre o pecado e chamar as pessoas ao arrependimento. É só bênção! Tudo para atrair as pessoas. Querem fidelizar clientes e não anunciar “todo o conselho de Deus” (At 20.27). Os homens precisam se arrepender de seus pecados. “Arrependei-vos e crede” foi a pregação do Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17), e da igreja primitiva (At 2.38).
Pastores e igrejas que pregam bênçãos ao invés de pregarem o arrependimento dos pecados e a fé em Jesus estão indo contra a Bíblia, prejudicam os pecadores, e iludem-se a si mesmos. Estão mais preocupados consigo, com seus ministérios, inchando-os e tornando-se figurões, que com o destino final dos pecadores. A maior necessidade do ser humano é de ser perdoado por Deus e acertar a vida com ele. “Não há paz para os ímpios”(Is 48.22).
A mesma revista publicou, tempos atrás, entrevista com o pensador Luiz Pondé. Inspirou-me a pastoral “Santos entre taças de vinho”. O filósofo, não cristão, ressaltou o valor da doutrina cristã do pecado e da presença do mal na vida das pessoas. É curioso que não cristãos estejam vendo o que igrejas e pastores não vêem: é preciso advertir as pessoas sobre o pecado e sobre o poder do mal. Quando homens sem Deus têm mais lucidez espiritual que os homens de Deus, estes precisam consertar seus passos.
Chega de coitadismo! O homem é pecador e é responsável por sua vida. E chega de bençoísmo! A mensagem que a igreja deve pregar é a de chamar as pessoas a se reconciliarem com Deus!
*Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 21.8.11
Fonte: http://www.isaltino.com.br
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