UMA REFERÊNCIA JORNALÍSTICA EM CABO FRIO
Apresentamos a segunda parte da síntese do trabalho do jornalista Levi de Moura em nossa região, culminando com uma entrevista exclusiva.Quem conhece Levi de Moura se lembrará dos grandes momentos desse grande homem e, quem não o conhece, terá informação preciosa de uma referência moral do jornalismo regional.
Acompanhe.
FORUM DE DEBATES, A EXPLOSÃO POLÍTICA NA RÁDIO AM
Levi de Moura lembra-se do Programa Fórum de Debates como sendo uma explosão política, que fez eco em todo o país, a partir da participação de debatedores políticos locais e de renome, como Prestes e Brizola, além de lideranças polêmicas como Garotinho, César Maia, Darcy Ribeiro, Saturnino Braga, Modesto da Silveira e Godofredo Pinto que debatiam com lideranças locais e estaduais, numa programação literalmente livre e aberta. A luta em defesa da posse da terra, marcada pela violência no campo com a morte do líder rural Sebastião Lan, foi um tema efervescente do Fórum, que culminou com a desapropriação da Fazenda Campos Novos.
O Fórum de Debates também projetou o psiquiatra Ivo Saldanha, proporcionando-lhe a maior votação para deputado estadual e para prefeito, além de ter promovido a discussão política, numa época em que se respirava, ainda, um clima de ditadura e, portanto, de certo temor por parte da população. Durante aproximadamente uma década, o Fórum de Debates foi referência de jornalismo democrático, com repercussão em todo o país e nos anais do Congresso Nacional. Artista de renome e lideranças políticas de passagem por Cabo Frio que não visitassem o programa eram comparados aos turistas que vão a Roma e não vêem o Papa. A audiência era explosiva.
O programa era aos sábados. Começava às 19h e terminava no fechamento da rádio à meio-noite, às vezes com a presença da PM para proteger os equipamentos da emissora quando alguns convidados extrapolavam no calor dos debates. Por precaução, a direção da rádio mandou fixar as cadeiras do estúdio com pregos. Ainda assim, o ex-prefeito Alair Correia quase quebra uma cadeira na cabeça do seu oponente Ivo Saldanha. Graças a intervenção pacífica do ex-deputado cassado Wilson Mendes – já falecido e pai do atual Prefeito Marquinho Mendes - foi evitado o pior.
O Fórum de Debates registrou outro recorde na história da radiodifusão: mesmo fora do horário (considerado nobre para as emissoras de rádio), o programa teve a ousadia de disputar audiência com o gigante Jornal Nacional. O áudio do debate ecoava pela região e quem não perdia o telejornal da Globo, optava pelo radinho de pilhas ao ouvido. Ninguém queria perder os acalorados debates políticos. Era uma febre.
AS CORRESPONDÊNCIAS E A CHEGADA DA TELEVISÃO
Levi de Moura jamais imaginou que deixaria de atuar no eixo Niterói – Rio, onde, além de jornalista, atuava ainda como músico profissional, instrutor e regente de bandas devidament e registrado na OMB. Mas a opção por Cabo Frio fez com que o experiente profissional passasse a atuar em outros órgãos de imprensa locais ou não, ao mesmo tempo em que desenvolvia o projeto de O FLUMINENSE. Durante muitos anos, editou um suplemento semanal que circulava em toda a região e com noticiário de todos os municípios. O Caderno, que detinha o título O ESTADO/O Estado do Rio durante muito tempo foi a coqueluche da região, até que a crise econômica nacional forçou o fechamento da Sucursal.
Experiente e com trânsito em toda a imprensa, Levi de Moura já prestava serviços a outras empresas diante dos primeiros sinais das seguidas crises econômicas no país. Foi então que, por anos a fio, o jornalista assinou coluna em várias publicações regionais, como Peru Molhado, Folha dos Lagos, Jornal de Sábado, Tribuna dos Municípios e o Fato (primeiro diário a quente que revolucionou Cabo Frio), além de trabalhos de correspondências para veículos da chamada grande imprensa. Foram vários anos atuando como correspondente do Jornal O GLOBO, Sistema Globo de Rádio, CBN, extinta Rádio JB AM e produção regional para a Editoria Rio da Rede Globo.
No final de 1989 entrava no ar o TV Lagos, Canal 8, afiliada da Globo, hoje Intertv. Como já mantinha um contrato com a Globo por conta da eleição anterior, e a Sucursal de O FLUMINENSE acabara de ser desativada, o jornalista aceitou novo e pioneiro desafio: inaugurar a chegada da TV à região, onde criou e dirigiu o RJTV, que, explica Levi, possibilitou o surgimento de uma “leva” e nova escola de jornalistas com experiência profissional mais sólida. Era a chegada da TV aberta e comercial a Cabo Frio, embora a TV Búzios já funcionasse, precariamente, através de uma fundação cultural. Mais tarde, a TV Búzios, se transformaria em ECO TV com sede em Cabo Frio , período em que o jornal da emissora esteve sob a direção de Levi de Moura, que também apresentou ali, com raro sucesso, o Programa Comunique-se ao vivo.
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