Pr. Neemias Lima
A convite, participei do 1º Fórum de Direitos
Humanos. Teço comentários a partir de um conceito apresentado bem no início dos
debates. Alguns oradores tentaram dar consistência à ideia de que o preconceito
deveria ser banido porque todos somos iguais. Não discordo do conceito, mas
presumo que a materialização não é tão simples assim.
Conceitualmente, somos iguais a partir dos
desdobramentos: 1º - diante de Deus, ninguém é melhor ou pior que o outro; 2º -
a composição química de cada ser é igual, destacando os casos de patologias; 3º
- nenhum ser humano tem domínio sobre a existência de sua vida.
Mas entre o conceito e a prática há uma
distância muito grande e aqui exatamente nasce o preconceito. Aquele fica no
campo das ideias e aquela no campo dos interesses. Estes também não são um
problema em si desde que não sejam escusos. Porém, o maior problema é que os
interesses, em grande parte, são próprios.
Não se tem necessidade de cursar uma
graduação ou ir além para ver que o acesso a tratamento especial de saúde é
privilégio de uns poucos. O mesmo ocorre com a educação de qualidade (aliás, o
calcanhar de Aquiles dos envolvidos com a educação pública é que a maioria de
seus filhos está na rede privada). O próprio sistema capitalista provoca tal
comportamento. É uma corrida desenfreada para buscar o melhor lugar e as
melhores condições, situação que só alcança os que tem recursos para se
prepararem melhor. Por sinal, até mesmo a tão badalada proposta de concursos
para o serviço público passa por essa problemática, pois que igualdade de
direitos se as condições de preparo foram diferenciadas? É notório o maior
aproveitamento de um aluno urbano comparando-se com um de zona rural. E por aí
vai.
Que fazer, então? Desistir? Não. Como sugere Thomas
Edison, “nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer
é tentar mais uma vez”. Até porque, como afirma Thomas Edison, “muitas das
falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão
quando desistem”.
Devemos reconhecer, entretanto, que a
desistência nem sempre é um fracasso, mas uma dor, como assumiu Bob Marley: “Difícil
não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu
desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter
mais condições de sofrer”. Ou como sugere Clarice Lispector, um dilema
indecifrável: “Não sei se quero descansar, por estar realmente cansada ou se
quero descansar para desistir”.
Houve um que não desistiu. Foi até o final.
Ainda que sua coroa tenha sido de espinhos e seu trono trocado por uma cruz.
Ele, que é e veio como divino, também veio como humano, para entender os que
sofrem por sistemas cruéis. E apresentou a regra áurea para qualquer discussão
de direitos humanos: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que
eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas" - Mateus 7.12.
Nele, em Cristo, somos todos iguais. Direitos
humanos só através do divino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário